Discurso durante a 41ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas aos investimentos feitos pelo Governo Lula.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas aos investimentos feitos pelo Governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 14/02/2006 - Página 4627
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, ESTATISTICA, GOVERNO FEDERAL, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, ANALISE, SITUAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), EXCESSO, PROMESSA, AUSENCIA, REALIZAÇÃO.
  • COMENTARIO, PROBLEMA, AERONAVE, AQUISIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, NECESSIDADE, ESCLARECIMENTOS.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Senador Antonio Carlos Magalhães tem o couro ou a carapaça mais grossa do que a minha. O que ele diz está dito; vira lei, vira regra. Eu, um pequeno ocupante do baixo clero, preciso ter cuidado com o que atribuem a mim.

Eu quero dizer ao Senador Antonio Carlos que a única proposta que fiz foi ao Senador Tião Viana, para registrar o recorde anunciado por um Ministro de Estado como um grande feito do Presidente da República, na Argélia. E, evidentemente, os jornais do final de semana noticiaram e, ontem, a Folha de S.Paulo me perguntou, e respondi dizendo que não se pode elogiar, porque, logo em seguida, nesse final de semana, o Presidente da República já apareceu fazendo brindes com um borbulhante champanhe em terra africana.

Mas não é sobre isso que quero falar, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores. Até a estatística desse Governo é confusa: os que estavam rindo no começo estão chorando, estão reclamando. E vejam que injustiça esse Governo faz com Tião Viana! Ninguém defende mais o Governo. É essa estrela solitária aqui de defesa do Governo. E pensei que S. Exª estivesse altamente satisfeito com os números anunciados pelo Senador Antonio Carlos Magalhães em relação ao Acre. Mas nem isso é verdade. Que Governo ruim! Pensava, em alguns momentos, que o Governo era um péssimo pai e um excelente padrasto. Mas nem isso consegue ser.

Senador Tasso Jereissati, o dinheiro desse Governo, a ajuda desse Governo, é como a linha do horizonte: você sabe que existe e vê, mas nunca alcança. Esse dinheirão todo contabilizado para o Estado do Piauí, está todo mundo esperando. São quatro barragens, são três usinas, mina da Vale do Rio Doce sendo explorada, gasoduto, viaduto, “PTduto”, mas tudo na base do “vou fazer”. O dinheiro do Governo - e o Senador Alberto Silva, que é da base, sabe disso melhor do que ninguém - é como a distância para o caboclo: é bem aí. Vá buscar esse dinheiro, vá conseguir!

O Governador está sobressaindo com algumas estradas que tem feito, porque são repasses da Cide. Mas, Senador Tasso, o Governo, para mostrar que está ajudando os Estados, contabiliza repasse oficial, repasse constitucional, contabiliza tudo. E no Estado do Piauí fui até agredido por um funcionário de quinto escalão do Governo porque disse que atualmente não temos lá nenhuma obra de impacto. A obra de impacto foi aquela anunciada pelo Ministro Márcio Thomaz Bastos: uma cadeia de segurança máxima! Depois, o Governador anunciou que ia fazer um centro de convenções para imitar o que está sendo feito no Ceará e cujo projeto era do arquiteto Ruy Ohtake, filho da consagrada pintora Tomie Ohtake. Ficou na conversa.

O Senador Alberto Silva, que é o homem das usinas, das barragens e de hidrelétricas, sabe. O Governador prometeu quantas, Senador? Quatro. Onde é que estão essas barragens? Não sei, sinceramente, Senador Antonio Carlos Magalhães, onde se baseia essa matéria da Folha de S.Paulo, mas seria bom que fosse verdadeira.

Eu queria ver realmente o sorriso do Senador Tião Viana, sorriso sincero. Esse homem que certa vez comparei ao Lima, aquele jogador do Santos de antigamente, que jogava em todas as posições menos no gol, substituía a tudo e a todos. É a posição dele aqui defendendo o Governo: chuta o escanteio e vai para a área fazer o gol. Eu achava da maior justiça que fosse verdade e também da maior justiça que o meu Estado, o Piauí, estivesse recebendo recursos, porque é o único Estado do Nordeste que tem um Governador do PT.

Senador Alberto Silva, a esperança é a última que morre. Vamos dar um crédito de confiança ao seu Governador. O Governador está tão desesperado com questão de recursos federais, Senador Tourinho, que agora, de maneira antiética, tomou uma emenda destinada à cidade de Teresina, para revitalização do centro, e destinou-a ao metrô - evidentemente, com o apoio forte das empreiteiras, que hoje têm grande força sobre o Orçamento da União.

Quero, Sr. Presidente, agradecer V. Exª por esta oportunidade. Eu não disse nada daquilo com relação ao Presidente, Senador Antonio Carlos Magalhães. Ele tem todo o direito de fazer o que quer. Essa polêmica toda foi por conta do avião.

Neste Governo, até quando se compra avião há polêmica. Por que polêmica, Senador Tasso? Porque foi pago adiantadamente. Não existe no mundo quem compre avião e pague antecipadamente. O avião tem problemas técnicos, tanto é que já foi convocado aqui um militar para prestar esclarecimentos sobre esses problemas. Costa e Silva comprou avião, Juscelino comprou avião...

O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. PFL - PB. Fazendo soar a campainha.) - Senador Heráclito, para concluir. Tenho certeza que o Senador Antonio Carlos Magalhães já está convencido.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - ... todos os Presidentes da República compraram avião, e não teve problema. E olha que nem a UDN encontrou defeito no avião do Juscelino! Pois a respeito do avião que comprou o Presidente Lula dizem alguns que, para o avião alcançar grandes rotas, é preciso que todos os tripulantes e todos os passageiros fiquem no fundo do avião para poder melhorar a sua performance, para o avião ter mais um pouco de autonomia.

Essas coisas não podem acontecer, Sr. Presidente. Isso é uma brincadeira! Acho, porém, que, de brincadeira, este País não pode viver. Cabem esclarecimentos sobre esse assunto.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/02/2006 - Página 4627