Discurso durante a 17ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Anúncio de que o Aeroporto Internacional de Parnaíba receberá, no próximo dia 20, seu primeiro vôo internacional, partindo de Roma. Seca que vem assolando a região Nordeste do País.

Autor
Alberto Silva (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Alberto Tavares Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES. CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Anúncio de que o Aeroporto Internacional de Parnaíba receberá, no próximo dia 20, seu primeiro vôo internacional, partindo de Roma. Seca que vem assolando a região Nordeste do País.
Publicação
Publicação no DSF de 07/02/2006 - Página 3235
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES. CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, CONSTRUÇÃO, AEROPORTO INTERNACIONAL, MUNICIPIO, PARNAIBA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), REGISTRO, INAUGURAÇÃO, VOO, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, ITALIA.
  • ANUNCIO, REUNIÃO, PREFEITO, MUNICIPIOS, ESTADO DO PIAUI (PI), DEBATE, PROVIDENCIA, REDUÇÃO, EFEITO, SECA, REGIÃO.
  • SUGESTÃO, LIGAÇÃO, AGUA, AÇUDE, REGIÃO SEMI ARIDA, REGIÃO NORDESTE, OBJETIVO, MELHORIA, ABASTECIMENTO DE AGUA, REGIÃO.
  • DEFESA, UTILIZAÇÃO, RECURSOS, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), AUXILIO, VITIMA, CALAMIDADE PUBLICA, SECA, REGIÃO NORDESTE, COMENTARIO, IMPORTANCIA, TRANSPORTE, AGUA POTAVEL, POPULAÇÃO.

            O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna hoje para tratar de dois assuntos. O primeiro é uma comunicação.

            Há mais de 30 anos, eu dirigia a Empresa de Eletricidade do Governo do Ceará, quando, em uma reunião havida logo depois daquelas reuniões da Sudene, estávamos eu, o Governador Virgílio Távora, o Ministro Reis Velloso, da nossa querida Parnaíba, Senador Mão Santa, e mais o Brigadeiro Sobral, que, naquele tempo, dirigia o DAC - não existia a Infraero -, e ali, numa conversa, lembramo-nos de que havia, fazia muitos anos, por iniciativa da Associação Comercial de Parnaíba, um campo de aviação. Era uma enorme área que a Associação Comercial havia separado para ligar Parnaíba também por via aérea.

            Naquela época, conversando com o Ministro Velloso, eu disse: Ministro, não estaria na hora de transformarmos aquele campo de aviação da nossa infância - você também foi um companheiro de colégio, em Parnaíba - em um aeroporto? Por que não fazermos um aeroporto para o futuro? O Ministro Velloso declarou-se favorável. O Brigadeiro Sobral, do DAC, que era oriundo de Floriano, disse: “Não há dúvida. Tenho uma empresa de engenharia que trabalha na Amazônia, a Comara. Posso colocá-la à sua disposição, Sr. Ministro, para estudar o aeroporto de Parnaíba e fazer todas as instalações necessárias.” O Ministro Velloso combinou com o Brigadeiro. Fiquei encarregado - já havia sido prefeito de Parnaíba -, naquela ocasião, de acompanhar os engenheiros da Comara e entender-me com eles. A empresa, imediatamente, por ordem do Brigadeiro, montou um canteiro de obras em Parnaíba e começou a fazer um estudo de como seria o aeroporto daquela cidade.

            Lembro-me bem de que disse: já que vamos fazer um aeroporto, vamos fazer logo a melhor pista para o futuro, porque não sabemos que tipos de avião virão. Naquela época, caro companheiro Mão Santa, ainda nem existia o Caravelle. Os maiores aviões eram os DC4, DC6. Então, eu disse ao pessoal da Comara: vamos preparar essa pista para o futuro. Disseram: claro, basta que se faça uma base de tal forma compactada, que, qualquer que seja o tipo de aeronave no futuro, essa pista vai servir.

            Assim, nasceu a pista do aeroporto de Parnaíba, com essas recomendações. Tenho a honra, graças a Deus, de ter podido influir nessa decisão. Não fizemos uma pistazinha qualquer, não. Fizemos uma pista de 2,1 mil metros de comprimento, preparada para o futuro. E o que aconteceu? Além da pista, foi feita a estação de passageiros, que V. Exª conhece. Foram feitas iguais. Aquela estação de passageiros de Parnaíba tem o mesmo desenho, o mesmo projeto do antigo Aeroporto Santos Dumont. O primeiro prédio é igualzinho ao prédio de Parnaíba.

            Pois bem, passaram-se os anos, V. Exª e eu estivemos no governo, e ultimamente, quando o nosso ex-companheiro aqui, Carlos Wilson, assumiu a Infraero, eu lhe fiz um pedido pessoal: já que você vai para a Infraero e o Piauí é o único Estado que não tem algo assim que possa atrair o turismo, por que não transformar o aeroporto de Parnaíba em aeroporto internacional? Ele disse: vamos cuidar disso. E realmente cuidou, V. Exª sabe.

            Foi só passar o aeroporto de Parnaíba, que estava sob os cuidados do Estado - V. Exª mesmo fez várias obras lá, e eu também -, para a Infraero, que tomou todas as providências para transformá-lo num aeroporto internacional.

            Senador Mão Santa, senhoras e senhores, parnaibanos que estão me escutando, no dia 20, vai descer o primeiro avião fretado de Roma para Parnaíba, um 767. Olhem bem que não foi feito nenhum reparo na pista, a não ser superficialmente. A base daquela pista é capaz de agüentar um DC-10 ou um 767, com o que nem sonhávamos há trinta anos, quando eu e os engenheiros da Comara decidimos que a pista teria de ter essa garantia de peso sobre ela. Fico feliz de saber que vai descer o primeiro avião internacional na cidade de Parnaíba, que vai deixar lá alguns passageiros e depois vai decolar para Fortaleza e Recife, e no dia 27 volta, para buscar os turistas.

            É hora de nós todos, piauienses, agradecermos ao Presidente da Infraero, o nosso companheiro Carlos Wilson, porque ele tomou essa iniciativa, lembrando que o Ministro João Paulo dos Reis Velloso e eu, graças ao bom Deus, que estava junto dele, quando era presidente da empresa de eletricidade do Ceará, com a ajuda do próprio Governador Virgílio Távora, fizemos o Aeroporto de Parnaíba como está hoje, e, graças a Deus, agora começa uma nova era para o Piauí com vôos fretados, com um aeroporto internacional do porte daquele que está lá, em Parnaíba, construído há mais de 30 anos.

            Essa era a comunicação que eu gostaria de fazer, agradecendo a quem de direito, como aqui mencionei.

            Agora, lembro um pouco, com o tempo que me resta, a seca. Lemos nos jornais que a seca está tomando conta outra vez de várias regiões do Nordeste. E o Piauí vai ter também uma reunião dos prefeitos - convidaram-me até para ir - para saber que providências tomar para diminuir os efeitos da calamidade e fazer com que aquela gente sofra menos, já que sofre tanto, e o que fazer. Então, é hora. Se há de se fazer uma sugestão, faço-a agora ao Presidente Lula.

            No passado - essas secas sempre existiram -, quando elas começaram no Império do Brasil, o Imperador Pedro II declarou: “Gastarei e venderei a última jóia da minha Coroa para não assistir a mais brasileiros do Nordeste morrerem de fome por causa da seca”. Realmente o Império fez um açude, um belo açude, todo revestido de pedra, bonita barragem, na cidade de Quixadá, no Ceará, que tem mais de 100 anos. Daí para cá, inúmeros açudes foram criados, porque se pensou: se há seca, vamos juntar a água que cai na estação de chuvas; e tem açude mesmo. Creio que o Ceará tem mais água acumulada em açudes do que um dos lagos do rio São Francisco e também os outros Estados. O que fazer? Esses açudes estão localizados em alguns pontos do Estado do Ceará, nos outros Estados do Nordeste e também no Piauí. O que seria conveniente fazer para o futuro?

            Em caráter definitivo, é trazer a água do rio São Francisco? Não sou contra, mas acho que não; faço coro não apenas com aqueles companheiros daquela região, como da Bahia, Senador Antonio Carlos Magalhães, aqui presente, e vários outros, que acham que não deve haver essa transposição. Razões existem dos dois lados. Apenas diria o seguinte, pela ordem natural das coisas e pela lógica da engenharia que preside meu raciocínio: antes de levar o rio São Francisco para lá...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Permita-me, Sr. Presidente, e me dê algo de tempo mais, para eu tentar colocar este raciocínio.

            Se há tanta água acumulada em todos os Estados nordestinos, por que não interligar essas águas com adutoras, com canais passando pelos pontos mais críticos da região semi-árida, atendendo ao maior número possível de pessoas que moram nessas áreas?

            Repito um exemplo de que já falei aqui uma vez: no Estado do Ceará, por exemplo, o rio Jaguaribe passa quase na fronteira do Ceará com a Paraíba; está distante da região mais seca do Ceará em mais de 300 quilômetros. Então, não adianta pegar água do rio São Francisco e levar para o rio Jaguaribe, pois não se atende, de maneira alguma, a necessidade do semi-árido cearense, que conheço como a palma da minha mão. Então, esse é o exemplo. Nós poderíamos começar.

            E aí vai um apelo: Presidente Lula, na hora da calamidade é que surgem os comandantes; V. Exª é o Presidente da República, tem uma oportunidade. Antes da transposição, Presidente, apanhe um bocado desse dinheiro e faça a interligação das bacias e leve água a todos, porque é muito mais barato. Não digo que não faça a transposição.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Permita-me, Sr. Presidente, pois encerro já. Não é que eu seja contra a transposição; num determinado momento, vamos dizer que sim. Quando todas as bacias dos açudes estiverem interligadas, para complementar e garantir a evaporação, aí, sim, que venha a água do rio São Francisco. No entanto, para o rio São Francisco poder ceder água ao Nordeste, é preciso tirar um pouco do rio Tocantins; vamos ligar o rio Tocantins ao rio São Francisco e, aí sim, poderemos tirar água do rio São Francisco para levar para o Nordeste.

            Creio que o Senador Antonio Carlos confere o que digo aqui. O São Francisco não tem água bastante; eu já vi o rio São Francisco no caixão duas vezes.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Concluo, Sr. Presidente.

            Presidente Lula, para o futuro, a interligação. Para o momento, creio que, em relação a todos aqueles que fizeram as suas roças e perderam, faça o que fiz quando eu era governador. Não entrei no programa de frentes de emergência. Eu propus que o Banco do Brasil emprestasse a 200 mil lavradores do Piauí, que estavam sofrendo as conseqüências da seca - não era dinheiro dado e, sim, emprestado -, meio salário mínimo por mês enquanto durasse a seca, para trabalharem nas suas roças. Assim, quando chovesse, teriam a roça pronta.

            Poderíamos fazer isso agora. Naquele tempo, foi empréstimo, e eles pagaram tudo. Agora, Sr. Presidente, permita-me que assim o diga: temos o Pronaf, e é muito dinheiro; em vez de aplicar apenas da maneira como está aplicando, aproveite a calamidade e utilize o Pronaf para os lavradores fazerem as suas roças. Não vão para uma frente de emergência, mas, sim, para a roça.

            E a água, Senhor Presidente? Não deixe os carros-pipas pegarem água em qualquer barranco, água suja e que não convém. Os carros-pipas devem ser comandados pelo Exército e deve haver um filtro em cada carro-pipa, para que a população não beba água estagnada, água imprópria.

            Essa é uma sugestão que espero que aconteça.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/02/2006 - Página 3235