Discurso durante a 17ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da matéria "Partido desviou 400.000 de dinheiro público para pagar dívida de empresa privada", publicada pela revista Veja desta semana. Artigo do jornalista Fernando Rodrigues, publicado no Folha de S.Paulo, sobre a lista de Furnas.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Registro da matéria "Partido desviou 400.000 de dinheiro público para pagar dívida de empresa privada", publicada pela revista Veja desta semana. Artigo do jornalista Fernando Rodrigues, publicado no Folha de S.Paulo, sobre a lista de Furnas.
Aparteantes
José Jorge.
Publicação
Publicação no DSF de 07/02/2006 - Página 3200
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, CORRUPÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DESVIO, RECURSOS, FUNDO PARTIDARIO.
  • COMENTARIO, LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, FALSIDADE, COPIA, DOCUMENTO, FURNAS CENTRAIS ELETRICAS S/A (FURNAS), RELAÇÃO, NOME, POLITICO, RECEBIMENTO, PROPINA.
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, JORNAL, ESTADO DE MINAS, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), PERIODICO, EPOCA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DESMENTIDO, FRAUDE, DOCUMENTO, FURNAS CENTRAIS ELETRICAS S/A (FURNAS), SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DEFESA, PUNIÇÃO, RESPONSAVEL, TENTATIVA, DIFAMAÇÃO, EXPECTATIVA, PROVIDENCIA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ).

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, diferentemente do que tem acontecido no Governo, com o Governo, no PT e com o PT, gosto das coisas muito claras. A revista Veja, por exemplo, traz nesta semana mais uma matéria - cada dia vai ficando mais banal, ninguém liga mais.

A última do PT

Partido desviou 400 000 de dinheiro público para pagar dívida de empresa privada.

            Aqui diz que três petistas, João Machado Borges Neto, Rui Falcão e José Américo Dias, os dois últimos auxiliares de Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo - Rui Falcão, como Secretário de Governo, - pegaram dinheiro do contribuinte que estava no Fundo Partidário e receberam 400 mil para quitar empréstimo de uma empresa deles. A partir de um débito que um ex-funcionário da editora gerou para eles. O Sr. Paulo Mauro Soldano entrou na Justiça com uma reclamação trabalhista, alegando que havia sido caloteado por essa gente.

            Então, dinheiro público vira agora uma forma de o PT pagar empréstimos de empresas privadas.

            Como, na verdade, o comportamento é diferente, volto à tal lista de Furnas. Não tem por que não falar. Não tem por que silenciar. Não tem por que fingir que não vi. Meu filho de 14 anos é muito irônico. Então, eu disse-lhe: meu filho, onde está aquele DVD que ficamos de ver, a última pessoa que o viu foi você. Onde está o DVD, que havia sumido da minha casa? Ele respondeu: “Papai, estou que nem o Presidente Lula, não vi, não sei, não conheço”. Enfim, não sabe de nada. Mas, eu sei.

            O jornalista Fernando Rodrigues, conhecido pela sua acidez, embora cordial e educado no trato pessoal, no dia 4 último, publicou artigo na Folha de S.Paulo que é simplesmente arrasador, em relação a essa fraude que é a lista de Furnas.

            Diz ele:

...é cheio de erros factuais, tem inconsistências técnicas (mesmo para uma fotocópia) e só poderá ter a sua veracidade avaliada um dia se o original aparecer - o que hoje é uma aposta incerta.”

            Mais adiante, diz Fernando Rodrigues:

São supostamente fotocópias de uma fotocópia que havia sido tirada e autenticada em cartório, no Rio de Janeiro, a partir de um documento original. Está à disposição na Internet desde o final do ano passado, em sites de pessoas que são simpatizantes do PT.

            Continua Fernando Rodrigues, mais adiante:

Dimas já emitiu nota e nega o conteúdo e a autoria do documento - sua assinatura está no papel, com a autenticação “por semelhança” obtida em cartório. Embora o papel seja de 2002, a autenticação que consta para a assinatura do ex-diretor de Furnas foi obtida num cartório do Rio só em 5 de agosto do ano passado.

            Então, o documento é supostamente de 2000 com autenticação apenas de 2005.

            Ainda diz Fernando Rodrigues:

As fotocópias disponíveis na Internet são derivadas parcialmente de uma iniciativa do professor aposentado Luiz Fernando Carceroni, 58, de Minas Gerais. Ele é filiado ao PT desde 1980, quando ajudou a fundar a seção mineira da sigla.

            Isso está me cheirando a dossiê Caymann, com PT pelo meio, com Parlamentares do PT pelo meio! Isso aqui vai acabar dando Comissão de Ética e cassação de gente sem caráter!

            Fernando Rodrigues continua:

Segundo o petista, que vive em Belo Horizonte, o deputado Rogério Correia” - outro petista - “teria recebido a fotocópia de Nilton Monteiro, um lobista que seria o detentor do suposto documento original. Monteiro não admite em público ter esse papel em seu poder.

Rogério Correia, 47, segundo vice-presidente da Assembléia mineira, confirma a história. “Vi o original em novembro. O Nilton me mostrou”, diz. Qual era a cor da suposta assinatura de Djalma Toledo no original? “Difícil lembrar”, responde o Deputado.

Ao ver o papel dito original, foi possível notar se a assinatura estava escrita a caneta, deixando marcas no papel, ou se poderia ter sido impressa eletronicamente? “Não posso afirmar nada sobre isso também. Seria necessário periciar”, responde Correia. Onde está o original?

            Aí responde o fofoqueiro lá do PT:

O Nilton diz que não tem mais. Diz que deu para um advogado que já morreu”.

            Quer dizer, o original não aparece porque o advogado morreu, lobista pelo meio... uma nojeira! Uma nojeira verdadeira!

            Depois, diz ainda Fernando Rodrigues:

Nesta semana, começou a circular na Internet uma versão da primeira página da “lista de Furnas”, diferente da que vinha sendo divulgada. O nome de um dos políticos foi substituído. Em seu lugar, aparece escrito “Tio Patinhas”.

            Em sendo feito por essa gente, deveriam escrever “Curinga”, aquele do Batman, o personagem de história de revista em quadrinhos.

            Diz Fernando Rodrigues com muita sabedoria, com muito equilíbrio, mostrando a sua maturidade, a maturidade que atingiu:

Com os recursos disponíveis em informática, é possível alterar totalmente os papéis e imprimir novas cópias. Como são fotocópias, não há como provar qual foi o primeiro a ser montado.

Mesmo que exista um original que tenha dado origem à autenticidade das fotocópias - até porque um cartório no Rio atestou nesta semana ser verdadeiro o selo que está na cópia -, nada impede que o original também tenha sido montado.

            Mais adiante diz Fernando Rodrigues:

Como o original não está disponível, não é possível dizer se a assinatura ali impressa é fruto de uma montagem, ou se foi mesmo produzida pela mão de Toledo.

            Uma coisa terrível:

O Corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), está na “lista de Furnas”. Nega ter recebido dinheiro do suposto esquema.

            Ele é colocado lá pelos fraudadores como Deputado de Pernambuco e ele é Deputado do Piauí.

            Muito bem. Peço que os constem dos Anais essas peças que honram o jornalismo, do jornalista Fernando Rodrigues.

            Cito também o jornal Estado de Minas. Jornalista que conhece bem a questão mineira sabe lá quem é chantagista, sabe quem é honesto. Os jornalistas de lá sabem quem presta e quem não presta.

            O SR. José Jorge (PFL - PE) - V. Exª permite um aparte?

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM) - Sem dúvida.

            O Sr. José Jorge (PFL-PE) - Senador Arthur Virgílio, também gostaria de me solidarizar com V. Exª. Na verdade, essa lista está eivada de erros, inclusive usa expressões que na época nem se usava.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - É verdade.

            O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Era essa tal expressão de contabilidade, “recursos não-contabilizados”, que foi inventada por Delúbio. Essa lista, teoricamente, seria uma lista anterior ao Sr. Delúbio, ou às denúncias do Sr. Delúbio. Essa é uma maneira de fazer uma manobra diversionista para realmente tirar as CPIs, tirar a mídia, tirar a Oposição do trabalho de descobrir aquilo que está comprovadamente errado. Então, não devemos dar atenção a essa lista, assim como a mídia praticamente não está dando atenção a ela. Devemos investigar, como tudo, mas já sabendo que é uma lista falsa, feita para tirar benefícios políticos.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Agradeço a V. Exª.

            Acrescento ao seu aparte artigo de hoje do Sr. Batista Chagas de Almeida, do jornal Estado de Minas, dizendo: o que eles tentam é “puxar todo mundo para a vala comum da corrupção, tendo ou não culpa no cartório. É uma operação de guerra que passa da teoria à prática no próprio Palácio do Planalto”.

            Vai virando senso comum. É Dossiê Cayman, só que com gente do Palácio dentro. E continua:

E o mais grave é que partiu do Palácio do Planalto a determinação para a Polícia Federal investigar, correr atrás, caçar a qualquer custo o original da tal lista.

            Ai já é o Presidente Lula, desesperado, com essa mania dele, histérica, de reeleição.

            No jornal o Correio Braziliense de hoje - e peço que tudo vá para os Anais, Srª Presidente -, Nilton Monteiro, diz assim: “Processo de estelionato, falsificação, perfil de um falsário. E aí traça o currículo do rapaz.

            Depois, temos a revista Época também dizendo que há vários indícios de que a lista seja uma falsificação.

            Muito bem, Senador José Jorge, no papel aparece a expressão “recursos não-contabilizados”, o pessoal falava “caixa dois” antes. Essa expressão é o Delúbio, cheio de habeas corpus; habeas corpus de um lado, habeas corpus de outro, sentado em habeas corpus, um outro na cabeça, com o maior medo de falar a verdade, mafioso, que não queria entregar as pessoas verdadeiramente culpadas por esses problemas todos. E lá estava o bochechudo cheio de habeas corpus. Ele é que inventou isso. Então, o Sr. Delúbio devia estar no meio ou gente próxima dele ou gente acima dele. Não sei bem.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Tenho mais cinco minutos, Srª Presidente. Tenho mais cinco minutos, este um minuto e mais cinco.

            Quero louvar aqui a jornalista Tereza Cruvinel porque, contrariando alguns outros jornalistas, uns poucos, ela hoje não fala, depois não falou no assunto e quando falou no assunto falou para condenar a seriedade da lista, dizer que não acreditava na lista.

            Louvo também o jornalista Irimar Franco, que foi o primeiro a noticiar essa tal lista, mas depois não tocou mais no assunto. Não tocou porque ele não acredita mesmo na veracidade da lista. Talvez fizesse melhor se desmentisse, dizendo assim: olha, realmente me passaram gato por lebre.

            Quero pedir que vá para os Anais ainda “Política do Lixo”, de Antônio Machado, um jornalista econômico do melhor nível do Correio Braziliense, que diz mais - este é um aviso aos navegantes:

Suposta “lista de Furnas”, com doações de empresas a políticos, pode virar-se contra quem quer beneficiar.

            Aí diz uma coisa com que concordo. Ela não registra uma única alma do PT e digo que eu não acredito em lista de corrupção hoje em dia que não tenha PT no meio. O PT já estava eleito, a voracidade era goeluda, era uma bocarra, uma fome pantagruélica por dinheiro público. Como é que o Sr. Dimas, se ele é interesseiro, se ele quer ficar em Furnas, se ele ficou em Furnas, se o Lula já estava eleito, como é então que não tem ninguém do PT nessa tal lista?

            Mas, muito bem! Eu quero registrar ainda que o Sr. Veloso Lucas nem candidato foi. Aqui no Correio Braziliense consta um outro cidadão que nem candidato foi. Colocaram nomes de pessoas já com o cargo que o sujeito supostamente ocuparia hoje e na época não. Era uma coisa e a colocaram com o nome de outra.

            Em outras palavras, temos que começar a traçar diferenças para não cair nessa vala comum de que é todo mundo igual mesmo, de que está todo mundo ali, ou seja, essa história do não viu, não soube, não fez, não é com a gente, não.

            Voltei ao assunto e volto ainda hoje se for preciso e voltarei ao assunto mil vezes, até que isso se desmoralize completamente, porque o que quero já não é ficar provando a mentira dessa lista; não quero seguir provando a fraude em relação a essa lista. Quero prender os fraudadores, quero punir os fraudadores se eles tiverem cúmplices Parlamentares, quero cassar o mandato dos Parlamentares que possam ter dos seus gabinetes - e parece que isso houve - expedido essa lista para fazer uma tentativa de difamação de adversários seus.

            É por isso que eu estou voltando ao assunto. Volto ao assunto como quem acredita piamente que há alternativas: ou essa lista seria verdadeira - e seria uma monstruosidade verdadeira, à altura da república delubiana que Lula implantou no País -, ou essa lista é monstruosamente falsa e nós não vamos nos dar por satisfeitos de, meramente, desmoralizarmos a lista. Nós vamos querer a punição de todos aqueles que se portaram de maneira delinqüente. Delinqüente tem que ser punido! Delinqüente tem que ser posto na cadeia, e se o delinqüente é Parlamentar, tem que ser processado e cassado no Conselho de Ética. Não dá para se conviver com isso! Não vamos aceitar o Plano Cohen, que serviu para Getúlio Vargas implantar uma ditadura no País. Não vamos aceitar um novo Dossiê Cayman! Nós queremos a verdade, pura e simplesmente.

            Estou estranhando o silêncio do Ministro Márcio Thomaz Bastos. O Ministro Thomaz Bastos até agora não falou nada. Ele não vai fazer da Polícia Federal uma polícia política. Não vai virar Tonton Macoutes do Presidente Lula a Polícia Federal, que é feita para proteger o Estado brasileiro. Não é polícia tipo Tonton Macoutes para proteger os dois ditadores, o velho, Papa Doc, e seu filho Baby Doc, do Haiti de antes. Não é! Não é polícia política a Polícia Federal do Presidente Lula. Este é um regime democrático e nós não toleraremos isso.

            Estou aguardando o pronunciamento altaneiro do Sr. Márcio Thomaz Bastos. Que ele saiba que nós estamos de olho em tudo que se refira às atividades da Polícia Federal, em tudo que se refira às ordens passada à Polícia Federal. Não instalarão neste País um regime policialesco e não tentarão convencer, pela teoria - para usar uma linguagem que deve ser bem a linguagem do Palácio - do “ninguém prestamos” - não sou eu que estou dizendo. Não vão convencer a sociedade de que não vale a pena se fazer investidas em mudanças, porque pura e simplesmente ninguém mereceria, ninguém teria merecimento.

            Volto à tribuna mais tarde como Líder, e penso em voltar tratando desse assunto mais, porque até para mostrar que, enquanto os outros fingem, o Presidente Lula põe chapéu, planta bananeira para não responder às acusações de corrupção que sofre o seu Governo.

            Venho aqui para dizer que tenho insistência em ver esse caso esclarecido mesmo. Essa já é uma grande diferença para todo mundo que acha que tudo é farinha do mesmo saco. Não é não! São farinhas de sacos bem diferentes, e uma sem o joio. Queremos deixar isso muito claro.

            Era o que eu tinha a dizer, Srª Presidente.

            O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Senador Arthur Virgílio, também gostaria de me solidarizar com V. Exª. Na verdade, essa lista está eivada de erros, inclusive usa expressões que na época nem se usava.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - É verdade.

            O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Era essa tal expressão de contabilidade, “recursos não-contabilizados”, que foi inventada por Delúbio. Essa lista, teoricamente, seria uma lista anterior ao Sr. Delúbio, ou às denúncias do Sr. Delúbio. Essa é uma maneira de fazer uma manobra diversionista para realmente tirar as CPIs, tirar a mídia, tirar a Oposição do trabalho de descobrir aquilo que está comprovadamente errado. Então, não devemos dar atenção a essa lista, assim como a mídia praticamente não está dando atenção a ela. Devemos investigar, como tudo, mas já sabendo que é uma lista falsa, feita para tirar benefícios políticos.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Agradeço a V. Exª.

            Acrescento ao seu aparte artigo de hoje do Sr. Baptista Chagas de Almeida, do jornal Estado de Minas, dizendo: “Puxar todo mundo para a vala comum da corrupção, tendo ou não culpa no cartório, é uma operação de guerra que passa da teoria à prática no próprio Palácio do Planalto”.

            Vai virando senso comum. É Dossiê Cayman, só que com gente do Palácio dentro. E continua o jornalista: “E o mais grave é que partiu do Palácio do Planalto a determinação para a Polícia Federal investigar, correr atrás, caçar a qualquer custo o original da tal lista” - ai já é o Presidente Lula desesperado, com essa mania dele, histérica, de reeleição.

            No jornal Correio Braziliense de hoje - e peço que tudo vá para os Anais, Srª Presidente -, há um retrato de Nilton Monteiro com a seguinte legenda: “Nilton Monteiro: Processos de estelionato e falsificação”. Abaixo da figura, matéria do Correio Braziliense intitulada: “Perfil de um falsário”. E aí se traça o currículo do rapaz.

            Depois, temos a revista Época, também dizendo que “há vários indícios de que a lista seja uma falsificação”.

            Muito bem, Senador José Jorge, no papel aparece a expressão “recursos não-contabilizados”, o pessoal falava “caixa dois” antes. Essa expressão é o Delúbio, cheio de habeas corpus; habeas corpus de um lado, habeas corpus de outro, sentado em cima de habeas corpus, um outro na cabeça, com o maior medo de falar a verdade, mafioso, que não queria entregar as pessoas verdadeiramente culpadas por esses problemas todos. E lá estava o bochechudo cheio de habeas corpus. Ele é que inventou isso. Então, o Sr. Delúbio devia estar no meio, ou gente próxima dele, ou gente acima dele. Não sei bem.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Tenho mais cinco minutos, Srª Presidente? (Pausa.) Tenho seis minutos.

            Então, quero louvar aqui a jornalista Tereza Cruvinel, porque, contrariando alguns outros jornalistas, uns poucos, ela depois não falou no assunto, e, quando falou no assunto, falou para condenar a seriedade da lista, para dizer que não acreditava na lista.

            Louvo também o jornalista Irimar Franco, que foi o primeiro a noticiar essa tal lista, mas depois não tocou mais no assunto. Então, se não tocou mais no assunto, é porque ele não acredita mesmo na veracidade da lista. Talvez fizesse melhor se desmentisse, dizendo assim: “Olha, realmente me passaram gato por lebre”.

            Quero pedir que vá para os Anais ainda “Política do Lixo”, de Antônio Machado, jornalista econômico do melhor nível do Correio Braziliense, que diz mais - este é um aviso aos navegantes: “Suposta ‘lista de Furnas’, com doações de empresas a políticos, pode virar-se contra quem quer beneficiar”. Aí diz uma coisa com que concordo: “Ela não registra uma única alma do PT” - e eu digo que eu não acredito em lista de corrupção hoje em dia que não tenha PT no meio. O PT já estava eleito, a voracidade era “goeluda”, era uma bocarra, uma fome pantagruélica por dinheiros públicos. Como é que o Sr. Dimas, se ele é interesseiro, se ele quer ficar em Furnas, se ele ficou em Furnas, se o Lula já estava eleito, como é então que não tem ninguém do PT nessa tal lista?

            Mas muito bem! Eu quero registrar ainda que o Sr. Veloso Lucas nem candidato foi. Aqui, no Correio Braziliense, consta um outro cidadão que nem candidato foi. Colocaram nomes de pessoas já com o cargo que o sujeito supostamente ocuparia hoje, e na época não era. Era uma coisa e colocaram com o nome de outra.

            Em outras palavras, temos que começar a traçar diferenças para não cair nessa vala comum de que é todo mundo igual mesmo, de que está todo mundo ali, ou seja, essa história do “não viu, não soube, não fez, não é com a gente não”.

            Voltei ao assunto e volto ao assunto ainda hoje, se for preciso, e voltarei ao assunto mil vezes, até se desmoralizar completamente, porque o que eu quero não é mais ficar provando a mentira dessa lista; não quero mais ficar provando a fraude em relação a essa lista. Eu quero prender os fraudadores. Eu quero punir os fraudadores se eles tiverem cúmplices Parlamentares. Eu quero cassar o mandato dos Parlamentares que possam ter dos seus gabinetes - e parece que isso houve - expedido essa lista para fazer uma tentativa de difamação de adversários seus!

            É por isso que eu estou voltando ao assunto. Volto ao assunto como quem acredita piamente que há duas opções: ou essa lista seria verdadeira - e seria uma monstruosidade verdadeira, à altura da república delubiana que Lula implantou no País -, ou essa lista é monstruosamente falsa, e nós não vamos nos dar por satisfeitos de meramente desmoralizarmos a lista: nós vamos querer a punição de todos aqueles que se portaram de maneira delinqüente. Delinqüente tem que ser punido! Delinqüente tem que ser posto na cadeia, e, se o delinqüente é Parlamentar, tem que ser processado e cassado no Conselho de Ética!

            Não dá para se conviver com isso! Não vamos aceitar o Plano Cohen, que serviu para Getúlio Vargas implantar uma ditadura no País. Não vamos aceitar um novo Dossiê Cayman! Nós queremos a verdade, pura e simplesmente.

            Estou estranhando o silêncio do Ministro Márcio Thomaz Bastos. O Ministro Thomaz Bastos até agora não falou nada. Ele não vai fazer da Polícia Federal uma polícia política! Não vai virar Tonton Macoutes do Presidente Lula a Polícia Federal, que é feita para proteger o Estado brasileiro! Não é polícia tipo Tonton Macoutes para proteger os dois ditadores, o velho, Papa Doc, e seu filho Baby Doc, do Haiti de antes. Não é! Não é polícia política a Polícia Federal do Presidente Lula. Este é um regime democrático, e nós não toleraremos isso!

            Estou aguardando o pronunciamento altaneiro do Sr. Márcio Thomaz Bastos. Que ele saiba que nós estamos de olho em tudo que se refira às atividades da Polícia Federal, em tudo que se refira às ordens passadas à Polícia Federal. Não instalarão neste País um regime policialesco e não tentarão convencer a sociedade - para usar uma linguagem que deve ser bem a linguagem do Palácio - pela teoria do “ninguém prestamos”, entre aspas, porque não sou eu que estou dizendo. Não vão convencer a sociedade de que não vale a pena se fazer investidas em mudanças, porque pura e simplesmente ninguém mereceria, ninguém teria merecimento.

            Voltarei à tribuna mais tarde como Líder, para tratar mais deste assunto, para mostrar que, enquanto outros fingem, o Presidente Lula põe chapéu, planta bananeira para não responder às acusações de corrupção que sofre o seu Governo.

            Venho aqui para dizer que tenho insistência em ver esse caso esclarecido mesmo. Essa já é uma grande diferença para todo mundo que acha que tudo é farinha do mesmo saco. Não é não! São farinhas de sacos bem diferentes, e uma sem o joio. Queremos deixar isso muito claro.

            Era o que tinha a dizer, Srª Presidente.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Política do lixo”

“’Lista de Furnas’ tem erros e inconsistência”

“Estratégia de alto risco”

“Perfil de um falsário”

“Campanha”

“A última do PT”

“Subiu o volume baixou o nível”

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/02/2006 - Página 3200