O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou na verdade tecendo alguns comentários e solicitando à Mesa do Senado que insira nos Anais da Casa matéria do Jornal O Globo, do último sábado, abordando o tema da expansão da educação na Amazônia Ocidental, mais precisamente no Governo do Acre.

Uma parceria institucional envolvendo a Fundação Roberto Marinho e o Governo do Estado, desde 2001, foi implantada e redundou numa incorporação de mais de 200% da expansão de alunos no ensino médio do Estado. Só alunos que estavam basicamente abandonando a atividade escolar do ensino médio, ou alunos que não tinham mais como horizonte de vida o seu crescimento na atividade educacional, um horizonte de vida que estava sendo preterido. Na verdade, foram motivados a uma reincorporação e superaram de maneira extraordinária essa barreira que lhes era imposta, por meio de uma parceria belíssima entre a Fundação Roberto Marinho e o Governo do Estado.

O Governo do Estado do Acre foi mostrado de maneira muito positiva, muito auspiciosa por essa matéria no Jornal O Globo, que conta a evolução histórica da educação dos ensinos médio e superior no Estado, de maneira mais específica nos últimos anos.

Em 1998, aproximadamente 45% dos Municípios do Estado do Acre não possuíam o ensino médio, tinham apenas o ensino fundamental. Hoje, há ensino médio em 100% dos Municípios do Estado, e 100% dos Municípios do Estado têm curso superior. Está assegurado aos alunos que o vestibular já será feito nas próximas semanas.

Trata-se de um processo que eu consigo até chamar de “revolução na área de educação”, na Amazônia Ocidental, porque nos orgulha muito sermos o primeiro Estado do Brasil a assegurar curso universitário para 100% das suas populações municipais. Poucos Estados, poucas unidades federadas na América do Sul, na América Latina, têm conseguido esse êxito. No Brasil, seguramente, o Acre é o primeiro Estado a se afirmar dessa forma.

O que me chama a atenção é a realidade que encontramos, por exemplo, em 1998, nas peregrinações, nas caravanas que fazia pelo coração do Estado, pelos rios, pelas áreas rurais, pelos seringais, o Governador Jorge Viana. Lembro-me muito bem de um fato histórico colocado nessa matéria que pedi que seja inserida nos Anais do Senado, sobre uma moça de nome Izete Gomes, de 14 anos, de uma comunidade rural isolada que foi colonizada por religiosos italianos na década de sessenta. Essa moça estava muito orgulhosa de dizer para o Governador que tirava sempre nota máxima nas suas provas, nas suas avaliações. E ele perguntou “Em que série você está?” Ela disse “Ah, estou repetindo a 4ª série pela terceira vez.” Ele disse “Como? Você tem as melhores notas e está repetindo pela terceira vez?” Ela informou “Não, é porque aqui nós só temos até a 4ª série.”

Hoje, todos lá dispõem do ensino médio. Nas áreas rurais, todos os professores acessaram a qualificação universitária na área de Pedagogia ou Letras, numa parceria da Universidade Federal do Acre com o Governo Estadual do Acre. Agora temos curso universitário estendido a todos os alunos. A Fundação Roberto Marinho pôde acompanhar esse trabalho, orgulhando-nos muito com a parceria que fez com o Projeto Poronga, que é uma luz que fica na cabeça do seringueiro para iluminar sua caminhada numa atividade econômica que dê subsistência e vida digna à sua família, colhendo látex da seringueira para viver.

Com esse projeto, aumentou em 200% a presença de jovens no ensino médio. Universalizamos o ensino médio em todo o Estado do Acre; agora, concretizamos o ensino universitário. Atualmente, há em municípios isolados do Acre cursos universitários como Economia, Letras, Pedagogia, Biologia, História e Geografia, algo que de fato nos traz uma esperança enorme no amanhã daquelas populações.

Seguramente, o horizonte da formação intelectual vai ser outro, o horizonte de construir cidadania vai ser outro. Então, para nós, que temos como marca da atividade política no chamado Estado da Florestania na Amazônia brasileira proporcionar a educação em níveis avançados para toda a população, isso é algo que de fato nos orgulha e eleva muito a nossa auto-estima.

Essas duas matérias, uma intitulada “Educação no Acre já colhe bons resultados” e a outra, “Aventura de ensinar no coração da Amazônia”, fazem parte de um memorial, de uma história que um dia vai ser considerada como parte de uma revolução silenciosa na Amazônia ocidental, no Governo da Floresta, lá no nosso querido, longínquo e simples Estado do Acre.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Senador, permite-me V. Exª um aparte?

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Ouço, com muita alegria, o aparte do nobre Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Ouço V. Exª falando do seu Estado, tão bem governado pelo seu querido irmão, um jovem político, com iniciativa, disposição e dignidade. Embora seja do Sudeste brasileiro, tenho uma enorme paixão pela Amazônia, onde vivi vários anos da minha vida, caminhando pela terra do nosso Presidente e de V. Exª, e enche-nos de orgulho sentir, de perto, que hoje o Brasil começa a olhar claramente para a Amazônia. Hoje li um artigo, Senador, que praticamente casa com esse entusiasmo, com essa emoção de V. Exª. Pela primeira vez, sentimos que a Amazônia é nossa.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Agradeço muito a V. Exª, que tantas viagens fez à Amazônia brasileira e que tanto testemunhou as dificuldades históricas daquele processo de colonização duro, de um processo de expansão agrícola, dos litígios na atividade rural, da reforma agrária que se apresentava na Amazônia com tanta complexidade. Hoje há uma luz dizendo que os vinte milhões de amazônidas podem construir bem o seu destino, têm suas vocações muito bem definidas, sua visão estratégica muito bem elaborada e podem consolidar, sem dúvida alguma, um novo amanhã para os indicadores sociais do Brasil.

Quando verifico, Senador Tuma, os indicadores do Estado do Acre e vejo que foi o sexto Estado a mais gerar emprego, em termos proporcionais, entre 2001 e 2005, segundo dados do Caged, encho-me de esperança no amanhã. Quando vejo, nesse Estado que tem cem anos - lembro que, de cada quarenta migrantes nordestinos que iam para lá nos colonizar, no final do Século XIX, dezesseis morriam de doenças hemorrágicas no primeiro ano -, em que hoje todas cidades, todos os Municípios têm ensino universitário, fico cheio de esperança no amanhã da Amazônia, no amanhã do Brasil. 

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Espero ir com V. Exª para comer o nosso carneiro.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Muito obrigado. V. Exª comeu, sim, um carneiro maravilhoso no meu Estado, nas visitas amigas que fez.

Sr. Presidente, encerro com a sua tolerância, ouvindo também o aparte do nosso querido amigo de Roraima, Senador Augusto Botelho.

O Sr. Augusto Botelho (PDT - RR) - Senador Tião Viana, não poderia deixar de elogiar V. Exª e o seu Estado, nesta oportunidade, por chegar com a universidade a todos os Municípios. Sei que o meu Estado, o do Senador Papaléo Paes e o seu estavam em condições semelhantes, mas V. Exª deu um passo à frente. Havia um plano nacional para que todos os professores de ensino médio tivessem curso superior até 2006 ou 2007. O Brasil não conseguiu atingir essa meta, mas tenho certeza de que o Acre - Roraima também vai disputar - será o primeiro a ter isso.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - O Acre já consolidou 100% de acesso ao ensino universitário para os professores rurais e urbanos.

O Sr. Augusto Botelho (PDT - RR) - Então, é provável que o seu Estado seja o primeiro a ter todos os professores com nível superior. Mas fique esperto, porque Roraima está andando atrás de V. Exª.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Agradeço a V. Exª.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Era o que eu tinha a dizer.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. TIÃO VIANA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“A aventura de ensinar no coração da Amazônia;

“Educação no Acre já colhe bons resultados”.