Discurso durante a 15ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro das comemorações, no dia de hoje, da Batalha do Jenipapo.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. HOMENAGEM.:
  • Registro das comemorações, no dia de hoje, da Batalha do Jenipapo.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/2006 - Página 7723
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. HOMENAGEM.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, SUPERIORIDADE, CARGA, TRIBUTOS, PREJUIZO, POPULAÇÃO.
  • COMENTARIO, HISTORIA, CONFLITO, ESTADO DO PIAUI (PI), TENTATIVA, INDEPENDENCIA, DOMINIO, GOVERNO IMPERIAL, PAIS ESTRANGEIRO, PORTUGAL.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ANUNCIO, SOLICITAÇÃO, INVESTIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, REPUDIO, CONTINUAÇÃO, HISTORIA, BRASIL, DEPENDENCIA ECONOMICA, GOVERNO ESTRANGEIRO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado; Senador Sibá Machado, que teve a honra e o privilégio de nascer no Piauí, embora represente com grandeza o importante Estado do Acre, que tem na Presidência, neste momento, Tião Viana, um dos seus representantes; Senador Tião Viana, 13 de março de 2006. Senador Flávio Arns, esta talvez seja a mais importante data do Brasil. Os poderosos escrevem a História, o Governo. Senador Arthur Virgílio, o 13 de março foi contra os poderosos e contra o Governo. Senador Flávio Arns, este Brasil grandioso, descoberto pelos portugueses, tentava sua independência. Ninguém pode esquecer a história de Minas Gerais: “Libertas quae sera tamem”, Joaquim Xavier, o Tiradentes. E aquilo tudo, a história se repete, era porque o Brasil vivia explorado por impostos. Os portugueses, Senador Sibá, cobravam um quinto do ouro que daqui se tirava. E reagimos no dia da cobrança, que seria o dia da derrama. Houve o sacrifício de Tiradentes.

Atentai bem, Antonio Carlos Magalhães, era um quinto. A Globo, do amigo de V. Exª, Roberto Marinho, fez até uma minissérie: O Quinto dos Infernos. Era o imposto para o português. E agora, Antonio Carlos, não é um quinto, é uma banda, é a metade. Naquele tempo, o mineiro se levantou, e era um quinto. Lembram-se da minissérie O Quinto dos Infernos? Agora, é uma banda, é a metade dos infernos do PT.

Senador Antonio Carlos Magalhães, é sabido que são 76 impostos, que aumentaram aceleradamente neste Governo. Então, são 40%, e 40% de doze são cinco meses. Mas não fica aí, caro Antonio Carlos. Temos os juros dos bancos. Ninguém pode viver sem banco. E somos vítimas do mais alto imposto.

Então, você que está aí e quem está trabalhando, homem e mulher: neste País, dos doze meses trabalhados, seis são para o Governo. Cinco meses são para os 76 impostos, e mais um para as transações bancárias. Todo mundo é vítima das máquinas dos bancos. Portanto, são seis meses, e o Governo não nos devolve.

Norberto Bobbio, Senador vitalício da Itália, disse que o mínimo que se tem de exigir de um governo é a segurança. Que segurança? Agorinha, o Senador José Sarney falou de um Deputado quase esquartejado. O mínimo que um Governo tem de oferecer e que o povo tem de exigir é a segurança. A vida, a liberdade e a propriedade. Ninguém vai entrar na saúde, precária, que é privada. Um sistema de saúde que paga R$2,50 ao médico para fazer uma consulta... Ô, Tião Viana, agradeça a Deus por V. Exª estar sentado aí, numa boa, na Presidência do Senado. Se exercesse a Medicina, V. Exª que é um médico bom e qualificado, concursado, teria que dar duas mil consultas de clínica para ganhar R$5.000,00! Em 20 dias, são 100 consultas por dia.

Senador Antonio Carlos Magalhães, um médico dar 100 consultas por dia para ganhar R$5.000,00! Isso é piada. Este é o Governo da ignorância audaciosa. Isso é simples matemática.

Amir Lando, duas mil consultas tem que dar um clínico por mês. São cem por dia porque tem sábado e domingo.

Senador Tião Viana, V. Exª é que deveria estar no Ministério e não o seu partido vendendo para o Lula. Vou pedir o impeachment do Lula por estupro da democracia. Se eu levar uma menina para o motel, eu vou ser processado. E o Código Civil está aí, e ele quer levar o PMDB para apoiá-lo, na marra, comprando. Isso é estupro à democracia. Ninguém quer.

Houve uma convenção, e querem candidato próprio, houve uma reunião, e atentai que a sua ignorância audaciosa é demais. Isto é estupro da democracia: forçar acabar com a prévia.

Senador Antonio Carlos, a democracia é do povo e foi o povo que a construiu. Liberdade, igualdade e fraternidade. D. João VI disse: “antes que algum aventureiro coloque a coroa, filho, coloque-a”. Era Simón Bolívar que queria entrar e acabar. Aquele grito da França iria chegar aqui. Aí, ele passou: o filho ficava com o sul e ele ficava com o norte. Bahia, Maranhão. Mandou seu filho e afilhado. É por isso estou falando, Senador Antonio Carlos Magalhães. E quis Deus um baiano estar aí, porque não abrimos nem para baiano. Rui Barbosa está lá. Mas temos Evandro Lins e Silva, igual a Rui Barbosa. Foi ele que, na ditadura, libertou todos contra os canhões. Que presidência do Supremo Tribunal Federal? Atentai bem, Ministro! Não precisa buscar fora. Evandro Lins e Silva iguala. É o Piauí.

Então, o dia de hoje, Senador Antonio Carlos, é o dia da Batalha de Genipapo. O Norte do Brasil iria ficar com Portugal. E nós o recebemos na minha cidade. Por isso sou assim, sou descendente dos Tremembés, o índio do Delta. Gritamos a independência, independente de Pedro II. E ele saiu da capital para sufocar o movimento.

O Maranhão invadiu minha cidade com três navios, aliado a Portugal. Nós é que somos do Piauí. E o rico Simplício Dias da Silva foi para o Ceará, Viçosa e Granja, e o esperou de volta. O povo de Oeiras tomou o Palácio; nós o tomamos dos portugueses em 24 de janeiro. Em 19 de outubro de 1922, foi o Movimento de Parnaíba. E a Câmara, com dignidade maior do que esse Senado, que não tem coragem de fazer um veto - que a Constituição nos permite - proclamou a independência, e botou Fidié para fora. Ele veio, e o pegamos de volta, em Campo Maior, em 13 de março, com alguns cearenses. Nós o levamos para o Maranhão, para Caxias.

Estava a nascer Gonçalves Dias. Inspirado nisso, criou a Canção dos Tamoios.

Não chores, meu filho;

Não chores, que a vida

É luta renhida:

Viver é lutar;

A vida é combate,

Que os fracos abate

Que os fortes, os bravos

Só pode exaltar.

Forte e bravo foi o piauiense. Nasceu lá em Caxias. Os portugueses foram para lá. O Maranhão era de Portugal. Nós, não. Então, foi no dia 13 de março.

A Bahia também fez, mas foi em julho. Foi depois, mas fez. Continuaram dando veracidade aos portugueses. Queriam fazer do País um pavilhão. O Norte era deles. E lá continuaram o movimento baiano em dois de julho. Essa foi a história. Então, esse é o dia, Senador Sibá.

Alberto Silva, no governo revolucionário, fez um monumento no local. As mulheres piauienses venderam suas jóias para comprar foice, martelo, espingarda e combater o exército de Fidié. Fidié era um homem de moral, um homem digno, um português. Reconheceu e foi. Está em sua biografia, Senador Antonio Carlos Magalhães, que em sua aposentadoria pediu o soldo da batalha. Eles ganharam e nós perdemos. Mas ele não pôde voltar a Oeiras, ao palácio do Governo, porque o povo de Oeiras tinha tomado o Palácio do Governo em 24 de janeiro. Então, ele cobrou. Eu li. Ele voltou, foi diretor do Colégio Militar e na aposentadoria ... Nós perdemos, mas afugentamos e tiramos. Não podíamos. O Piauí tem coragem demais, mas esse Brasil é gigante de antes. Indo ao Maranhão, invadiu a minha cidade com três navios. Essa, Senador Amir Lando, tem que ser conhecida. E o Presidente Castelo Branco reconheceu, Senador Antonio Carlos Magalhães, essa batalha. E hoje é o Exército que comemora. Ela é bem mais bonita.

            Hoje se falou aqui que o Lula ia pedir investimentos dos ingleses. Oh, Lula, essa dívida começou com os ingleses. Senador Antonio Carlos Magalhães, quando se deu essa independência, aí a Inglaterra disse que só reconhecia o Brasil se parte da dívida do português fosse o nosso início da dívida. O Lula não sabe das coisas. E depois os ingleses nos meteram em outra fria: a guerra do Paraguai, Senador Antonio Carlos, a mais vergonhosa ignomínia. Eu canto...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...Genipapo com as condições adversas. O piauiense botou o português para fora, mas a Guerra do Paraguai... o Paraguai tinha uma indústria têxtil, confecção de tecidos, estava se industrializando, e os ingleses não queriam permitir, porque a política econômica, vamos dizer, é muito mais perversa do que até a nossa. A nossa tem o ideal de melhorar a vida, a qualidade de vida, um mundo melhor. E eles deram dinheiro para nós, vergonhosamente, para o Uruguai e para a Argentina para destroçarmos o irmão, o Paraguai, para vivermos fregueses da Inglaterra.

Lula, atentai bem! Vossa Excelência está perdendo a História do mundo. O exemplo está ali, na Índia, Senador Amir Lando. Em 1947 é que ela se tornou independente, Senador Sibá Machado. Neru viu isso e, de repente, eles dominam a tecnologia de comunicação. Porque facilitam, se o povo trabalhar.

Aqui é o País onde tenho é pena de empresário. Ó, Senador Tião Viana, está muito bom para o Lula, está muito bom para a Marisa, muito melhor para o Lulinha, mas para o empresário está duro! Quem é que tem coragem de ser empresário neste País?

            V. Exª tem que agradecer a Deus, V. Exª está na boa, Senador Tião Viana. De médico escapou, de dar duas mil consultas para ganhar R$5.000,00. Atentai bem! Trabalhar, 76 impostos; uns Delegados do Trabalho que só prendem gente que trabalha, mas os bandidos estão todos soltos, os ladrões estão todos soltos, estão perambulando aí.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ... Senador Antero Paes de Barros, eu não vou naquela CPI...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Mais um minuto, e solicito que V. Exª conclua, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois é, antes da úlcera. Porque outro dia eu fui, e perguntaram: “Mas, Mão Santa, eu não o vejo nas CPIs”. Eu digo: não vou, não. Não vou porque tenho uma gastrite e dá úlcera. Por quê? Outro dia vi um descarado lá, eles falam em cinco milhões, dez milhões, como a gente fala em cinco reais, dez reais. Um chegou e disse: “E esse cheque?”. “Não me lembro. De quanto é? Quatrocentos mil eu não olho, não. Eu dei aí, para um correligionário. Eu só olho acima de R$500 mil”. Então, são essas coisas.

            Mas nós somos a guerra e a luta, expulsamos os portugueses, porque muitos deles, mandados para as nossas capitanias hereditárias, moralmente, não eram pessoas boas. Por isso, nós, piauienses, somos diferentes e, por isso, um Senador do Piauí está exigindo isso. Essa guerra foi contra a derrama, foi contra o imposto, e o imposto está aumentando...

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Peço a V. Exª que conclua, Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ... foi contra a corrupção dos portugueses.

As minhas últimas palavras são para dizer que mandamos para o Piauí um homem, para dar esse exemplo de virtude, de coragem e de dignidade. E lhe daria um exemplo. Sei que este Brasil tem uma história, mas nenhuma se compara à do Piauí. Do período revolucionário - temos aqui o testemunho de Antonio Carlos -, lembremos Petrônio Portella, que disse, contra os canhões, quando fecharam o Parlamento: “É o dia mais triste da minha vida!” João Paulo dos Reis Velloso esteve dez anos à luz do desenvolvimento, sem nenhuma indignidade, imoralidade ou corrupção. Virtude do Piauí. Carlos Castello Branco foi o mais puro e corajoso dos jornalistas.

Essa é a homenagem do Senador Mão Santa à bela história do Piauí e o agradecimento a Deus por ter nascido naquele Estado, terra querida, filha do sol do Equador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/03/2006 - Página 7723