O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Com revisão do orador) - Srª Presidente, li hoje na coluna respeitada, muito bem-informada, da colunista Sonia Racy, de O Estado de S. Paulo, Direto da Fonte, uma notícia que me inquieta. O título é: “Palocci decidiu coordenar a campanha de Lula”.

Em primeiro lugar - V. Exª como minha companheira de partido sabe disso -, eu sou daqueles, na Oposição, que evitaram atropelar o Ministro Palocci, por causa de preocupações com o andamento da economia brasileira. Eu me manifestei o tempo inteiro, dando todo os prazos que o Ministro requeria para que não houvesse tumultos nos mercados. Daí eu me sentir cobrantino em relação à atitude que o Ministro possa vir a tomar. Toda a ideologia, todo o conjunto de idéias que me levou a, segundo críticos meus, a poupar o Ministro Palocci foi a preocupação com a economia. Como é que ele sai agora para coordenar uma campanha? Eu não quero acreditar que seja verdadeira essa notícia. Não quero acreditar mesmo! Não posso. Recuso-me a acreditar que seja verdadeira. O Ministro não pode sair. Fica em seu lugar uma figura excelente, tecnicamente muito mais bem equipada que o Ministro Palocci, Murilo Portugal*. Diziam que se Palocci fosse demitido, Murilo Portugal não saberia como lidar com o PT porque ele Portugal não tinha prestígio dentro do PT. Então Murilo Portugal não é a pessoa adequada para substituir Palocci, embora tecnicamente tenha maior capacidade. Isso é o que nos diziam antes.

            Eu acedi a esses argumentos e procurei moderar o comportamento das oposições, entrando em desacordo com companheiros da Oposição, do PFL, e companheiros da Oposição, do nosso partido, do PSDB. Eu tinha apoio de alguns e não tinha de outros para a posição que estava tomando. Então, de repente, Murilo Portugal pode ser nomeado sim, já não existe nenhum problema no relacionamento dele com o PT. E, de repente, Palocci larga a majestade do cargo de Ministro da Fazenda, cercado inclusive de boa vontade de setores da Oposição, nos quais me incluo, para virar cabo eleitoral de luxo do Presidente? Realmente o Ministro precisa se pronunciar. A meu ver, taxativamente, são duas coisas que não combinam: dirigir a economia brasileira e ser cabo eleitoral. Não quero o Ministro pregando cartaz pendurado em poste. Se é para ficar, vai ficar dirigindo a economia brasileira, enquanto tiver condições para ficar lá. Se tiver que sair que saia por alguns dos motivos graves que têm sido tão discutidos na CPI dos Bingos, mas não para virar cabo eleitoral, repito.

Portanto, eu que leio diariamente a coluna de Sonia Racy, inclusive há uma pasta no meu gabinete para o que ela escreve, sempre a vi bem informada. Desta vez estou torcendo para ela ter dado uma “barrigada”, porque seria decepcionante, é uma decepção que vai se acumulando após a outra. Sinto-me credor disso, porque dei ao Ministro o que ele pediu para ficar na economia, gerenciando-a, não para virar cabo eleitoral. Imagino que, amanhã, já vou ler Sônia Racy com o Ministro Palocci dizendo, taxativamente, que não é cabo eleitoral de ninguém, que vai ficar na economia - imagino que será isso. Mas, de qualquer jeito, estou com a pulga atrás da orelha, porque sempre as notas que ela dá terminam se confirmando, pessoa criteriosa que ela se revela no exercício da sua profissão.

Obrigada, Srª Presidente.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, I, § 2º do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Palocci decidiu coordenar a campanha de Lula” (O Estado de S. Paulo)