Pronunciamento de Valmir Amaral em 07/03/2006
Discurso durante a 11ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registro do dia 7 de março, como data comemorativa dos Fuzileiros Navais.
- Autor
- Valmir Amaral (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
- Nome completo: Valmir Antônio Amaral
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Registro do dia 7 de março, como data comemorativa dos Fuzileiros Navais.
- Publicação
- Publicação no DSF de 08/03/2006 - Página 7158
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, DIA NACIONAL, FUZILEIRO NAVAL, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, MARINHA, SEGURANÇA NACIONAL, PAZ.
O SR. VALMIR AMARAL (PTB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Sete de Março é a data comemorativa dos fuzileiros navais, bravos integrantes dos contingentes anfíbios da Marinha do Brasil. No mar ou em terra, o fuzileiro naval, em sua labuta diária, zela pela defesa da Pátria, pelo seu engrandecimento, pela incolumidade do solo brasileiro, patrimônio generoso de cada filha e de cada filho desta terra.
Srªs e Srs. Senadores, o intrépido combatente anfíbio da nossa Marinha, o fuzileiro naval é um dos tantos heróis anônimos da Pátria, de um Brasil que, para a nossa alegria, pode contar com civis e militares ciosos da construção, em seu dia-a-dia, de uma nação melhor, porque mais justa, mais solidária, mais humana e mais pacífica.
Nossa vocação ao pacifismo tem raízes na História, e esse nosso compromisso é tão sério que foi albergado em nossa Carta Magna, que estatui, em seu Artigo 4º, que República Federativa do Brasil rege-se, nas suas relações internacionais, pelos princípios da não-intervenção, da igualdade entre os Estados, pela defesa da paz e pela solução pacífica dos conflitos.
Essa vocação histórica para o pacifismo, para a solução diplomática e racional, porque negociada, das questões políticas e de soberania; essa vocação brasileira para o convívio respeitoso e interdependente com os demais Estados da América e do mundo não nos desobriga de cuidar do nosso direito à autodefesa, pela garantia do estrito respeito às fronteiras, em um mundo complexo e instável.
É também nosso dever zelar pelo respeito ao território brasileiro, imenso repositório de riquezas naturais, seja no solo, ou no subsolo, seja em nossa costa, seja nas profundezas do Oceano Atlântico.
Srªs e Srs. Senadores, os fuzileiros navais da Marinha do Brasil têm cumprido, com desvelo e patriotismo, esse papel histórico de preservação do nosso patrimônio e da nossa segurança.
A despeito do nosso inegável pacifismo, constituinte das relações que travamos com nossos vizinhos, estou certo de que nem os fuzileiros navais, nem as mais altas patentes das forças armadas olvidam o célebre aforismo latino: si vis pacem para bellum, ou seja: se queres a paz, prepara-te para a guerra.
Os fuzileiros navais, cônscios do seu dever, preparam-se diuturnamente para o combate que, se depender do ânimo nacional, jamais virá, muito embora a História do Brasil no Século XIX - nomeadamente, a guerra que travamos, a contragosto, com a República do Paraguai - seja a prova, mais contundente, de que a intensa dinâmica das relações internacionais muitas vezes nos impõe resultados que, absolutamente, não almejamos.
Srªs e Srs. Senadores, permitam-me agora inverter o brocardo latino, na melhor lição de Mahatma Gandhi, inesquecível líder religioso indiano, que, em sua vida, pregou o oposto: se queres a paz, trabalhe por ela: pela sua construção, para que deite raízes no solo fértil do coração humano, de modo a permitir que fraternidade prospere entre os viventes do Planeta Terra.
A Marinha do Brasil, para muito além da vigília intermitente, em proteção ao nosso mar territorial, tem-se empenhado pela pacificação de Estados convulsionados, auxiliando os mais sofridos, as populações estrangeiras, tantas vezes desgraçadas por guerras de guerrilha ou por ruinosos conflitos externos.
Assim foi na República Dominicana, na América Central, e na lusófona Angola, Estado africano que aprendemos a admirar e que, para a nossa alegria, soube dar fim a décadas de guerra civil.
Em todas as missões de paz, muitas vezes sob a bandeira das Nações Unidas, como no conturbado Haiti dos nossos dias, o fuzileiro naval, rebento altivo e corajoso da Pátria Brasileira, orgulha-se por não fugir à luta, em obsequioso respeito à letra e ao espírito do Hino Nacional. Graças ao seu empenho, milhares de vidas têm sido salvas, atualmente, no território haitiano.
Srªs e Srs. Senadores, neste dia 07 de março de 2006, quero, de todo coração, endereçar o meu mais sincero reconhecimento aos fuzileiros navais brasileiros. Desejo, igualmente, homenagear a Marinha do Brasil, protetora da nossa riquíssima Amazônia Azul, nos litorais do Oceano Atlântico.
Em visita à página da Armada na Internet, deparei-me com a lapidar definição de Raquel de Queiroz, que eu faço questão de repetir, neste singelo discurso: “Quando se houverem acabado os soldados do mundo - quando reinar a paz absoluta - que fiquem pelo menos os fuzileiros, como exemplo de tudo de belo e fascinante que eles foram”.
Hei de concordar, minhas Senhoras e meus Senhores, com a saudosa romancista cearense, primeira ocupante da Academia Brasileira de Letras.
Parabéns aos fuzileiros navais, que encarnam, há 198 anos, muito do belo e do fascinante que há em nossas Forças Armadas: que o sol lhes seja brando; que a brisa lhes seja leve, e que o Atlântico lhes seja pacífico.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.