A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou inscrita, posteriormente, para tratar de um tema que eu iniciei - espero conseguir fazê-lo todos os dias - relacionado ao salário mínimo, ao impacto no setor privado, no setor público, na Previdência, na dinamização econômica. Considero muito importante que esse debate seja feito. Estou tendo a oportunidade de participar da comissão que estuda esse tema e temos apresentado algumas contribuições relacionadas ao assunto.

Porém, eu não poderia deixar de fazer uma brevíssima consideração sobre a matéria publicada hoje no jornal O Estado de S. Paulo. Primeiro, não tenho dúvidas de como essa jornalista...Até porque, Sr. Presidente, não estou entre os que gostam de bajulação com gente grande e poderosa. Nunca gostei desse negócio. Todos que me conhecem sabem. Há quem me considere um poço de ternura, há quem me considere um caldeirão de óleo fervente. Tudo bem! Quando me meto em confusão, só gosto de me meter com gente grande. Eu até brincava, um dia desses, com o Senador Wellington Salgado, dizendo que, se um dia eu quisesse me meter em uma briga física, aqui no plenário, escolheria duas pessoas: ou o Senador Wellington Salgado, que é muito grande, ou o Arthur Virgílio, que é faixa preta em jiu-jitsu.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP. Fora do microfone.) - Há também pugilista.

A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL) - Justamente. E o Senador Suplicy, que é pugilista. Porque, se eu fosse me meter em uma confusão...

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Fora do microfone.) - Sou pugilista também.

A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL) - Também o Senador Magno Malta. Já há várias pessoas aqui! E eu com a Senadora Patrícia!

Então, sou desse tipinho de gente. Alguém pode dizer que sou um tipinho de gente, tenho muitos defeitos, sou sectária, radicalóide, está tudo muito bem, podem me bater. Agora, quando gosto de entrar em uma briga, só escolho gente grande, porque, senão, não vale a pena. Escolher gente pequena para bater é muito fácil.

É por isso que estou impressionada com esse debate. Estou impressionada como é que pode haver uma grande conspiração. Não estou falando dos direitos individuais, porque devem ser respeitados os direitos individuais e o sigilo das pessoas. Não tenho sigilo bancário nem fiscal nem telefônico, porque encaminhamos documento nesse sentido, ainda no ano passado, para o Ministério Público, para a Procuradoria da República. Vários Parlamentares resolveram, antes de iniciar os trabalhos na CPI, já não ter sigilo bancário, nem fiscal, nem telefônico, porque temos que dizer: “podem vir quentes, que estamos fervendo”. Até aí, tudo bem!

Agora, estou impressionada com essa tese da conspiração. Estou impressionada, porque foi muita gente que conspirou, em algum lugar, para atingir o Ministro Palocci, um Ministro que muitos setores da Oposição aqui do Senado tratam assim, na palma da mão; os setores do Governo, nem se fala! São capazes de fazer uma cirurgia de prostatectomia sem tocar a região anatômica. Então, não sei de quem é essa conspiração. Senador Alberto Silva, isso não é uma qualquer coisa qualquer! Estou dizendo isso, porque tenho analisado o caso. Tem o motorista, o caseiro, o cozinheiro, a promotora de eventos e outras meninas, filhas da classe trabalhadora, que eram utilizadas nas orgias com dinheiro público roubado - essas que muita gente aqui qualifica com os termos mais chulos que há, inclusive, certamente, alguns dos contratantes ou usuários de seus serviços -, tem o delegado, o empresário... É muita gente. Dizem: “Mas isso é porque eram umas meninas dessas aí afora, que vendem o corpo por um prato de comida” ou que “era uma promotorazinha de eventos”. É o que alguns dizem. É o cozinheiro, é o caseiro, é o delegado, é não sei quem.

Realmente, estou buscando subsídios, apelando para que alguém me convença de que esta tese não é verdadeira. O pior é isso. A cada novo dia, os fatos que são apresentados, os fatos de que tenho conhecimento só mostram a relação de uma “república de corrupção”, não só a “república de Ribeirão Preto”, com todo o respeito aos moradores dignos da cidade de Ribeirão Preto, cada dia mostra fatos novos que apontam para a configuração, a constatação da mesma tese. Então, todo dia fico aqui esperando, Senador Almeida Lima, torcendo para que alguém consiga provar o contrário, até porque o Ministro Palocci é uma pessoa com quem nunca tive um problema pessoal, nunca. O Ministro Palocci sempre foi aquilo: sempre foi da direita do PT, sempre defendeu essas teses que considero neoliberais, que são as teses do Governo Fernando Henrique, do PSDB, do PFL, sempre defendeu essas teses, nunca foi capaz de um único gesto de indelicadeza - impossível, pois não é o jeito dele -, mas estou realmente esperando que alguém apresente um fato na CPMI, no plenário do Senado, demonstrando claramente que não há verdade em relação a todas essas denúncias que envolvem o Governo Lula e agora, como está nos jornais, mais especificamente, o Ministro Palocci, porque a cada dia que passa tenho mais certeza e convicção... Não conversei com o caseiro ou com o motorista. Acompanhei o depoimento do motorista, do delegado e de vários outros apenas na CPMI, mas conversei com outros, cozinheiros, pessoas simples, igualmente utilizadas no jogo sórdido e sujo. Porém, fico esperando que alguém diga algo em contrário. Não é possível apenas se dizer que é “denuncismo”. Alguém precisa, de alguma forma, apresentar um fato...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL) - ... que desqualifique as denúncias que vêm sendo apresentadas até agora, pois há, claramente, uma conexão, em todos esses fatos, convenhamos, entre o protecionismo de meios importantes de comunicação e também de setores importantes da Oposição aqui, no Congresso Nacional.

São as breves considerações que faço e mantenho minha inscrição, Sr. Presidente.

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