Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Garantia de que a oposição lembrará e exigirá a apuração de fatos ligados ao governo e de que não haverá "memória seletiva" na campanha à Presidência da República deste ano.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Garantia de que a oposição lembrará e exigirá a apuração de fatos ligados ao governo e de que não haverá "memória seletiva" na campanha à Presidência da República deste ano.
Publicação
Publicação no DSF de 23/02/2006 - Página 6158
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • DETALHAMENTO, IMPUNIDADE, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL, NECESSIDADE, ESCLARECIMENTOS, POPULAÇÃO, ANUNCIO, OPOSIÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, REELEIÇÃO.
  • NECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ESPECIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, FUNDOS, PENSÕES, VINCULAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governo usa a tática de dizer, aos quatro ventos, que a questão do Sr. Marcos Valério é uma herança do passado. O Senador Pedro Simon foi pontual quando disse: “Sim, está certo, mas o atual Governo soube e gostou, assumiu”.

Aliás, o Governo não tem autoridade para falar sobre essa matéria, porque importou também o modelo do Sr. Duda Mendonça. Como é que Duda Mendonça se credenciou? Pela vitória que deu ao Maluf. E, naquele tempo, diziam que eram óleo e vinho, que jamais se juntariam. E, depois, muito pouco tempo depois, o Sr. Duda Mendonça foi o grande conselheiro da República, inclusive brindando com vinhos caros as conquistas que obtiveram em praça pública.

Eu muito pouco falo da questão do Sr. Marcos Valério, porque acho que ele foi usado. Ele é um laranja. O Sr. Marcos Valério, hoje, tem sido perversamente usado pelo Partido, porque não lhe serve mais. Mas esse Marcos Valério que os Líderes usam como símbolo foi o Marcos Valério que, em nome de Waldomiro Diniz e de Delúbio Soares, bateu à porta dos empresários cumprindo missão.

Um governo sério, um governo honesto e de bons propósitos jamais teria permitido, ao primeiro boato, que um cidadão com um passado aqui reconhecido pelos Líderes do Governo como condenável fosse usado exatamente para aliciar os empresários brasileiros e convencê-los de que a melhor maneira que tinham para sobreviver e para terem suas conquistas alcançadas seria por seu intermédio.

Senadora Heloísa Helena, quando se centram no nome de Waldomiro é para que a Nação esqueça o Sílvio Pereira e sua Land Rover, é para que esqueça aquele show no Porcão, sobre o qual ainda hoje a Nação brasileira não foi devidamente satisfeita nas explicações.

Senador Luiz Pontes, saúdo a sua volta e digo ao Governo que precisa explicar o episódio da cueca e a atuação do Sr. Kennedy no Banco do Nordeste do Brasil, onde nada era liberado sem passar pelo seu crivo. A questão da propina da cueca, estranhamente, está esquecida aqui nesta tribuna e nas Comissões de Inquérito. É preciso que aquela questão seja passada a limpo. Cueca suja não honra governo que prega moralidade aqui e pratica sujeira acolá!

Lamento que este mesmo Governo use as pessoas para fazer a defesa do indefensável nesta tribuna. É lamentável que não se tenha dito ainda que a empresa envolvida na questão da cueca foi a mesma que capitaneou o financiamento da reforma do Palácio da Alvorada.

Se o Governo estiver pensando que vai para essa campanha eleitoral, Sr. Presidente, com memória seletiva, está muito enganado. Temos de passar a limpo o passado e o presente, para nos precavermos com relação ao futuro, mas isso tem de ser feito de maneira ampla, geral e irrestrita. Não é só lembrar do que quer e se esquecer do que não quer.

Façam justiça ao Valério, que foi colega de vocês, confidente, financiador e abastecedor de recursos!

Ontem, uns comemoravam no hotel mais luxuoso de Brasília a decapitação de companheiros, tomando uísque selo azul com guaraná - coisa, aliás, de mau gosto.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL. Fora do microfone.) - Mau gosto é nas outras coisas!

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Coisa de mau gosto!

Não, nessa campanha, memória seletiva não vale! Vamos ter de apurar as coisas como elas são. O que é que o Governo faz, Senador Jefferson Péres?

O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA. Fazendo soar a campainha.) - Solicito que V. Exª conclua, Senador Heráclito Fortes.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Anuncia que, na CPI, se se mexer naquela caixa de surpresas, lá por trás, haverá outra coisa que mexe no Governo passado. Vamos mexer em tudo, da CRT até os dias atuais.

Quem é que tem dúvida hoje no País de que os fundos de pensão são os grandes abastecedores dessa corrupção que campeia? E quem é que tem dúvida de que esse esquema é exatamente comandado pelo atual Governo? O atual Governo, aliás, assumiu e se apropriou desse esquema já no Governo passado.

Portanto, creio que não se deve usar o Sr. Valério como símbolo do mal. De repente, ele se irrita e conta o resto da história, que até agora não contou, o que seria muito bom para o País. Mas a ingratidão daqueles que foram servidos por ele...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA) - Senador Heráclito, estou prorrogando seu tempo por mais um minuto, para que V. Exª possa concluir.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Estou concluindo, Sr. Presidente.

Aqueles que se serviram dele, de seus acessos, que receberam suas camisetas, seus outdoors, não têm o direito de estar por aqui pregando moralidade. A campanha nem começou.

Senadora Heloísa Helena, o Presidente Lula está, hoje, em meu Estado do Piauí, reconhecendo o Aeroporto de Parnaíba. Sabe de quando é o Aeroporto Internacional de Parnaíba? Do Governo Reis Veloso. E, hoje, ele está lá reconhecendo-o, inaugurando o reconhecimento, naturalmente em cartório: “Reconheço, a partir desta data...”. É uma brincadeira! Sobre esse assunto, aliás, vou falar ainda hoje, se tiver oportunidade.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, encerro esta minha primeira intervenção, dizendo que os que gostam de citar músicas, canções, que se lembrem de Billy Blanco: “O que dá para rir dá para chorar, é só questão de peso e de medida, questão de hora e de lugar”.

Finalizando, quero fazer aqui mais um registro da eficiência da TV Senado. Acabei de receber um telefonema de Fernando de Noronha, da minha filha Heloísa, que está lá nos assistindo. Aproveite! Eu, aqui, estou trabalhando.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/02/2006 - Página 6158