Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da construção do Aeroporto do Rio Grande do Norte conjuntamente com uma área de livre comércio.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Defesa da construção do Aeroporto do Rio Grande do Norte conjuntamente com uma área de livre comércio.
Aparteantes
José Jorge, Leonel Pavan, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 23/02/2006 - Página 6172
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, ATENÇÃO, GOVERNO FEDERAL, EMPRESA BRASILEIRA DE INFRAESTRUTURA AEROPORTUARIA (INFRAERO), CONSTRUÇÃO, AEROPORTO, MUNICIPIO, SÃO GONÇALO DO AMARANTE (RN), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), SIMULTANEIDADE, CRIAÇÃO, AREA DE LIVRE COMERCIO, COMERCIO EXTERIOR, INCENTIVO FISCAL, EXPORTAÇÃO, PREVISÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Antero Paes de Barros, a minha presença na tribuna, hoje pela manhã, é para defender um aeroporto que se pretende construir no Rio Grande do Norte. Aqui, já se falou de muitos aeroportos construídos no passado e que estão sendo inaugurados, como os de Pernambuco e do Piauí, mas quero falar de um aeroporto do futuro.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Permite-me V. Exª apenas uma correção?

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Pois não.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Na realidade, o Presidente Lula foi lá ontem, mas o aeroporto foi inaugurado há dois anos. V. Exª, aliás, pousa direto, no seu caminho, no aeroporto de Recife. Ele foi inaugurado há dois anos e o Presidente foi lá, ontem, fazer campanha eleitoral. Muito obrigado.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Agradeço ao Senador José Jorge e digo que o nosso aeroporto precisa ainda ser construído e não deverá perder, Sr. Presidente, a oportunidade de sê-lo, mas isso deve ser feito de forma associada, como dizia, ontem, o Deputado Ney Lopes, do Rio Grande do Norte, a uma área de livre comércio, que vai gerar empregos, ampliar o comércio estadual e os serviços, enfim, vai-se constituir, para o Rio Grande do Norte, na redenção econômica e social, já que o nosso Estado não ganhou a refinaria de petróleo, que ficou em Pernambuco, terra do Senador José Jorge.

O Deputado Ney Lopes diz que já existem em nosso País, funcionando e em licitação, mais de 50 regimes alfandegários sob a forma de aeroporto seco, também conhecido como aeroporto indústria e como aeroporto cidade. No caso do nosso aeroporto de São Gonçalo do Amarante, cuja terraplenagem já ocorreu, seria apenas mais um que proporcionaria livre comércio com a Europa, África e Ásia, por meio do estímulo ao frete aéreo, economicamente justificado pelos aviões de grande porte, com capacidade de carga dez vezes maior que a dos atuais, e menor preço para exportação do que os navios, considerando a rotatividade dos negócios.

Sr. Presidente, fazer primeiro somente a estação de passageiros pode ser muito bom para ganhar dinheiro com os investidores que venham de fora, porém prejudica e entrega o Rio Grande do Norte, realmente, a uma situação que não é a ideal.

Quero aproveitar este breve pronunciamento para dizer que o aeroporto de São Gonçalo do Amarante seria privilegiado pela posição geográfica que Natal possui. Devemos tirar partido disso, portanto, pois a área de livre comércio é um espaço geográfico permanente.

No caso anterior, de aeroporto seco e de aeroporto indústria, tratam-se de concessões ou permissões temporárias, abrangendo área dos Municípios da grande Natal, onde poderão ser instaladas indústrias e haverá prestação de serviços de toda a natureza. Nessa área, existirão indústrias para completar a produção. A área de livre comércio teria um grande muro circundando-a e regime especial de incentivos fiscais para exportação. A lei prevê proteção à indústria nacional competitiva, pois seria irracional trazer competidores para brasileiros que produzem certos produtos com eficiência.

Quero, Sr. Presidente, juntar-me a todas as forças vivas do Rio Grande do Norte e a todas as associações de classes, dos empresários e dos trabalhadores, aos Deputados Federais, e trazer aqui a minha solidariedade ao Deputado Ney Lopes nessa luta para que se construa o aeroporto e, ao mesmo tempo, também se institua a zona livre do comércio.

Concedo o aparte ao Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Garibaldi, V. Exª, sem dúvida, é um dos maiores valores políticos do Nordeste, a quem parabenizo, assim como parabenizo um outro grande líder nordestino, o Senador Ney Lopes, que dirige o Parlatino.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - É Deputado.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Deputado Ney Lopes. Mas pode vir a ser Senador - sei lá se eu estou ungido por Deus. Mas, S. Exª preside o Parlatino; um brasileiro. Mas quero falar sobre aeroportos. Senador Sibá Machado, de verdade, em verdade, eu vos digo: V. Exª, orgulhosamente, deveria sair gritando, daí: “Eu sou um homem do Piauí!” O Piauí tem um “p”, como o PT, mas um “p” da verdade, da dignidade, da honra. Mas falemos de aeroportos. A bem da verdade, temos que esclarecer, V. Exª sabe disso. Senadora Heloísa Helena, minha mãe, escritora de visão, em 1964, eu fazia Medicina, no Ceará, e a ouvia dizer para o meu pai, Joaz Rabelo de Souza: “Joaz, este menino não pode ser médico sem conhecer o Rio de Janeiro”. Em 1964, saí de Parnaíba, ocasião em que conheci Natal, naquele pinga-pinga da Cruzeiro, em um avião McDonald Douglas. Não sei se V. Exª viajou neles, um MD com um big motor. Conheci Fortaleza; a sua cidade, Natal, João Pessoa, Recife, Salvador. Em 1964 já havia esse aeroporto. Senadora Heloísa Helena, em 1974 - eu já médico -, o Dirceu Arcoverde, que foi Senador e tombou nesta tribuna, Governador à época, inaugurou em Teresina um aeroporto padrão, aqueles do governo revolucionário. Todos os governadores investiram nisso. Agora, Sua Excelência, o Presidente da República - ô, Senador Sibá Machado, envergonhe-se disso! - vai lá para dizer que passará a ser um aeroporto internacional. Como? Se não há lá, sequer um avião nacional. Foi o único governo que fez isso na história da Parnaíba, porque, em 1964, eu saí de lá para o Rio de Janeiro. Não há mais linha nacional lá, mas o Presidente diz que vai ser um aeroporto internacional. Isso é uma farsa! E a farsa é tão grandiosa, é tão vergonhosa, ô Senador Sibá Machado, é mais fácil “tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade”. Ontem, o Presidente Lula foi dormir em Luís Correia, no nosso litoral. E o Prefeito, Antônio José Lima, mostrando o repúdio de todos os Prefeitos, se ausentou. Por quê? Porque o PT garfou o dinheiro dos Prefeitos. De acordo com a Constituição, eles deveriam receber 21,5% da receita, mas baixaram para 14%. Senadora Heloísa Helena, votamos um aumento de 1%, mas nunca chegou aos Prefeitos. O Prefeito se ausentou, foi-se embora para Fortaleza, mostrando seu repúdio. Sua Excelência foi ainda a um campus avançado, chamado Reis Veloso, a um hospital, entregar uma ambulância, que nós, Prefeitos, criamos - e aí está Heráclito Fortes. Então, essa é a verdade que queremos. Nós gostaríamos que o Presidente fosse ao Piauí concluir o Porto Luís Correia, colocar o trem de Alberto Silva, a via férrea, para funcionar, o metrô. Heráclito Fortes, sabem por que eu o respeito? Olha, fui Governador do Piauí; Heráclito Fortes era Prefeito de Teresina, e eu Prefeito de Parnaíba. Criamos, juntos, ele, o SOS Ambulância, e eu o Pronto-Ambulância, em Parnaíba. O Lula foi dar uma ambulância... Portanto, queria que ele fosse ao Piauí, Heráclito Fortes, para terminar a ponte, que é uma vergonha. Olha, eu tinha inveja do Heráclito porque ele criou uma ponte em cem dias. E Deus me permitiu, não para competir, mas para dar ânimo ao Piauí, com a engenharia do Piauí, com operários do Piauí, fizemos uma, para empatar, em noventa dias. Foi isso. Essas visitas são uma farsa. A Senadora Heloísa Helena já colocou ordem na Casa, porque a ordem começa com liberdade e igualdade. Portanto, todos nós temos direito de nos manifestarmos. Mas o que gostaria é que o Presidente fosse levar pelo menos a verdade e não estivesse enganando o País.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Concedo o aparte ao Senador Leonel Pavan.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Prometo não me alongar neste aparte como fez o Senador Mão Santa. Em primeiro lugar, quero cumprimentá-lo pelo pronunciamento que faz desta tribuna, para ratificar que o Presidente Lula está, sim, reinaugurando obras em Pernambuco, como nos disse o Senador José Jorge há pouco. O Presidente Lula esteve em Navegantes, Santa Catarina, e levou uma comitiva de todo o Brasil - seguranças, carros de Brasília, helicópteros, seu avião e outros mais -, gastando uma fortuna para anunciar que haveria uma reforma no Aeroporto de Navegantes. Até hoje, lá, há goteiras quando chove demais; sequer o ar-condicionado foi instalado no Aeroporto de Navegantes. O dinheiro que ele gastou para se locomover até Navegantes para anunciar a reforma do aeroporto daria para construir dois daqueles que lá estão. Lamentavelmente, hoje, o Presidente Lula percorre o Brasil apenas para fazer campanha eleitoral, reinaugurando obras ou tentando mostrar à população que quer fazer alguma coisa em benefício de algo que não estamos conseguindo ver. É um Governo que está realmente aéreo. Lamentavelmente, é assim que estamos vendo o Governo Federal.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Senador Mão Santa, Senador Leonel Pavan, agradeço os apartes de V. Exªs, mas quero lembrar que, no Rio Grande do Norte, este é segundo aeroporto; já existe um de passageiros, construído há três anos. Para V. Exªs terem uma idéia do que é o turismo no Rio Grande do Norte, esse aeroporto já está com a sua capacidade superada. O aeroporto, tendo em vista o fato de o Estado receber hoje mais de um milhão de pessoas - e não só pela via aérea, que é o meio de transporte mais usado, mas por todos os outros meios -, já tem sua capacidade saturada. Esse aeroporto de que estou falando destina-se mais a cargas e bagagens, pela posição estratégica do Estado, pela proximidade com a Europa, com a África. Será um investimento, Sr. Presidente, da Infraero - e certamente empresas privadas vão se associar a ele - da ordem de R$700 milhões.

Sr. Presidente, trata-se de um grande investimento, razão por que venho apelar para a sensibilidade da Infraero, para a sensibilidade do Governo Federal, para a sensibilidade dos Parlamentares no sentido de que possamos ter projetos estruturantes como esse na nossa região, o Nordeste.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/02/2006 - Página 6172