Discurso durante a 13ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da derrubada do veto presidencial a projeto que trata da reestruturação das dívidas dos agricultores. Considerações sobre a Medida Provisória 285, de 2006.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA AGRICOLA. :
  • Defesa da derrubada do veto presidencial a projeto que trata da reestruturação das dívidas dos agricultores. Considerações sobre a Medida Provisória 285, de 2006.
Aparteantes
Arthur Virgílio.
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2006 - Página 7480
Assunto
Outros > HOMENAGEM. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, HOMENAGEM, MULHER, POVO, OPORTUNIDADE, DIA INTERNACIONAL.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PERDA, VINCULAÇÃO, ORIGEM, POPULAÇÃO CARENTE, REGIÃO NORDESTE, EXERCICIO, GOVERNO, FAVORECIMENTO, BANCOS, EMPOBRECIMENTO, CAMPO.
  • PROTESTO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), PREJUIZO, AGRICULTOR, NEGOCIAÇÃO, DIVIDA AGRARIA.
  • CONCLAMAÇÃO, CONGRESSISTA, DERRUBADA, VETO (VET), PROPOSIÇÃO, FAVORECIMENTO, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA, PRODUTOR.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Heloísa Helena, que preside esta sessão, Senadoras e Senadores, brasileiras e brasileiros que aqui estão e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, hoje, este Plenário homenageava as mulheres importantes. E quis Deus estar Heloísa Helena presidindo esta sessão.

Mas, Senador Gilvam Borges, Senador Arthur Virgílio, penso que erramos, pois homenageamos pessoas importantes. E eu, encantado sou pela Heloísa Helena de antes, a enfermeirinha anônima, a mãe, a camponesa, a professorinha, a aposentada, desencantada, a presidiária deste País injusto. Penso que aquela enfermeirinha a quem nunca se faz uma homenagem, só na hora da desgraça e da dor. Essa é a homenagem não à Senadora, a quem respeito e merece os aplausos, mas àquela mulher que luta como a mãe de V. Exª, com dificuldades.

Presidente Lula, eu não entendo. Eu acreditei, eu votei, eu trabalhei muito, mas foi pequeno o meu trabalho diante a decepção que tive. Senador Paim, agradeça a Deus V. Exª não esquecer as origens.

Senador Arthur Virgílio, muito me lembra Heloísa Helena um conto: existia um rei e, de repente, apareceu um Ministro, o mais importante conselheiro do rei, mas existe a inveja e a mágoa. Ele, com fidelidade, com o seu coração, se dedicava ao rei. Mas ele tinha um hábito, Senadora Heloísa Helena, de desaparecer por meses. E os invejosos diziam: “Olha, ele desaparece, majestade, para tramar contra o rei, para desviar o ouro do rei”. E o rei, que tinha tanta confiança nele, mandou segui-lo.

Senador Paulo Paim, o Conselheiro Dória entrou numa fazenda velha, acabada. Senador Gilvam, ele se vestia e andava naquela fazendola com roupas velhas de homem do campo. Levaram o relatório para o rei, que, perplexo, pediu a ele uma explicação. Ele disse que, de quando em quando, repetia isso para saber da própria origem, para não se envaidecer, não ficar tresloucado ante as realezas, as mordomias e as modernidades, como as do Aerolula. Apenas voltava àquela fazendola de seus pais que lutavam no campo e que se vestia com as vestimentas que usava quando era do campo para não se envaidecer, para lembrar da origem dele.

Ô Lula, envaideceste mesmo, perdeste a cabeça e ficaste tonto. Lula...

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - V. Exª me permite um aparte, Senador Mão Santa?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Gilvam Borges, está em tempo. A verdade dói, mas pode fazer acordar.

Senador Paim, admiro muito V. Exª e admirei muito o livro de V. Exª. Não o invejo - porque Deus me poupou -, mas admiro V. Exª. Eu gostaria de ser um poeta. Minha mãe o foi. Não tenho esse dom. Vi V. Exª descrever sua família e sua mãe.

Lula, acorde, tenha amor no coração, veja suas origens. Vossa Excelência cometeu muitos erros. Sabe qual foi o erro mais grave, Gilvam Borges? Faleceram dois irmãos do Lula, Senador Arthur Virgílio, e ele não foi a nenhum dos dois enterros, mandou representantes. Lula, vamos perdendo, perdendo as raízes. Dória voltava para relembrar as dificuldades e as lutas do pai dele.

Quando entrou Vossa Excelência colocou o povão ali. Ô Lula, bom governante é aquele que, quando sai, é aplaudido pelo povão. Reúna, Lula. Eu vi em fotografia, pois não estava aqui. E o campo? Disseram que Vossa Excelência vendeu o seu campo. Também não gostei, não sei. Vossa Excelência recriminava certos atos de seu pai. Lula, Vossa Excelência deixa o campo e o campo está aqui.

Senador Arthur Virgílio, esta Casa tem um sentido. Surgiu, Senador Gilvam Borges, com Moisés, que foi ungido por Deus. “Moisés, sua missão é libertar meu povo”. Moisés, ungido por Deus, não quis saber se o faraó era forte, se tinha exército, Mar Vermelho. Cumpriu as ordens. Moisés recebeu as leis de Deus, e o povo não quis cumpri-las. A nossa Constituição, Lula, é a lei dos homens. Moisés quis abandonar as lei de Deus e quebrou as tábuas. O povo desembestou-se rumando aos bezerros de ouro, como os seus estão desembestados diante do ouro, do valerioduto, da corrupção e da vergonha. Disse a Moisés, o ungido: “Busque os mais velhos, os mais experimentados, que estes o ajudarão a carregar o fardo.” Aí surgiu a idéia de Senado, melhorado na Grécia, na Itália e aqui melhorado por Rui Barbosa e por nós que estamos aqui. Então, o Senado é para isso, vulgarmente, diz-se, os pais da Pátria. E é para ser isso mesmo.

Ô Heloísa Helena, Arthur, lembra-se de nós quatro, e o Paim, um vice, permitindo abrirmos isso, Heloísa Helena liderando o PT, e reuniões sextas-feiras e segundas-feiras.

Então, o Senado é isso. Eu bati e disse: nenhum núcleo duro e burro chegarão aqui. É, parecia o apocalipse, esse menino do Piauí. Nenhum! E olha aí. Olha aí, Gilvam Borges! Onde está o núcleo duro? Depois eu mesmo bati aqui e disse: Zé Maligno! Ele era poderoso, sou um homem do Piauí. Naquele tempo, Heloísa Helena, hein, nós nos enfurecemos menos do que vamos nos enfurecer com essa medida provisória. Era a malsinada que tirava dos velhinhos aposentados os direitos trabalhistas. Paim sofreu, sonhou em minimizar a medida provisória. Mas essa é pior, a que vem aí. Senador Arthur Virgílio, busque força e inspiração no seu pai. Essa bandidagem... Esse Presidente da Câmara, esse Presidente do Senado, esse Presidente da República e o da Justiça...

Olhem, há lei! Se não tivermos forças, Arthur Virgílio! A lei está na Constituição! Derrubar um veto do Lula, ignorância das leis, esquecido da sua pobreza, pai e mãe dos banqueiros!

Ó, Senador Gilvam Borges, atentai bem! Foi Deus que te mandou aqui para ouvir. Você está na Oposição, luta, não deve a ninguém, sua consciência, sua luta...

Paulo Paim, Arthur Virgílio, três anos a CAE ficou estudando a renegociação da dívida dos homens do campo, onde o Lula nasceu, nas dificuldades da pobreza, que são muito piores, Lula, do que quando você foi para São Paulo! Naquele tempo, havia Presidente que prestava; agora, não temos! É, Arthur Virgílio. Então a CAE entra pela noite, com homens experimentados! Eu estou lá, mas reconheço nos outros as competências, as experiências. São ex-Prefeitos, ex-Governadores, ex-Ministros, professores. Renegociamos dívidas. O homem do campo não paga, Gilvam Borges, porque não pode mesmo. O homem do campo tem vergonha, é honrado. Esta é que é mulher: a camponesa. Estudamos, vasculhamos, aprovamos. Ó Arthur Virgílio, sabe quantos não votaram favoravelmente a isso no Senado? Só quatro. E por obediência ao Governo. Timidamente, ficaram ali. Eu estava lá em cima a observar. E veta. Arthur Virgílio, com este negócio aqui, Presidente do Senado, Presidente da Câmara, Presidente da Justiça e da República, estamos levando este País para o momento mais difícil. Aí está! Roubam até o Exército, como o Arthur Virgílio disse. Preso! Sem terra!

A Bandeira, Ordem e Progresso, já era. Agora é desordem e regresso. Essa é a verdade. Eu pensei, ô Gilvam Borges, que eles iam mudar isso para uma bandeira vermelha, mas eles foram só no branco: desordem e regresso! Aí, vão editar uma medida provisória pior, malsinada.

Paulo Paim, tire esse grupelho que aí está. Isso é normal. O PSDB nasceu do PMDB. A mulher Heloísa Helena já desgarrou e criou um Partido de solidariedade e liberdade. Faça como Cristo, que pegou o chicote e expulsou os vendilhões do templo. Ponha esses malandros dos banqueiros para fora do seu Partido e eles que vão criar o PB, Partido dos Banqueiros.

Fizemos uma medida provisória, e ele vai vetar?! Ô Senador Renan, Calheiros, onde está? Ô comunistinha Presidente da Câmara, venha cá! O que estou pedindo é a lei, a justiça. Não está nessa conquista que se pode derrubar o veto, Senador Arthur Virgílio, do Presidente. Ou não somos homens? Ou não somos mulheres?

Mulheres, por que não derrubamos? Não vamos admitir que Lula, pai dos banqueiros e mãe dos banqueiros do Brasil e do mundo... Está aí, Arthur Virgílio, ele que defenda. Em três anos ele já pagou mais aos banqueiros do que o Fernando Henrique Cardoso em oito. Então ele é pai e mãe dos banqueiros. Paim, mande ele sair do PT e criar o partido dos banqueiros.

E agora vem, Gilvam: nº 285, seis de março. Que dia negro!

E esse vice-Presidente? Olha! Eu até tinha esperança. Mas também, Heloísa Helena, pegaram para ele assinar isso aqui. O Lula, com vergonha, vai lá passear com a Rainha - não usou a casaca porque o Arthur Virgílio já tinha o discurso: o ladrão de casaca - e deixa para José de Alencar Gomes da Silva assinar. Da Silva... Joaquim da Silva Xavier. Isso não parece mais com coisa do Silveira Gomes da Silva... Assinar! Atentai bem... Os pobrezinhos! Ô Gilvam Borges, V. Exª, com a consciência, com a independência, atentai bem. Medida provisória: primeiro, aquilo tudo que nós fizemos não vale nada. Cadê os pais da Pátria? O conselho de Deus a Moisés? E o pior, Paim, é que o Lula não leu nem aquelas leis de Moisés... Avalie a Constituição. Queria pelo menos a quarta, que diz: Não roubarás. Eu ficaria satisfeito.

Nós colocamos para 20 anos, eles já diminuíram para 6. Eles são dos banqueiros mesmo. Lula, paz e amor uma ova! Você é pai e mãe dos banqueiros! Diminuiu para seis anos! Ô Heloísa Helena, eles não estão pagando por quê, os homens da fazenda e do campo? Pelas dificuldades, o semi-árido não tem dinheiro, porque honra tem! Honra esse pessoal do campo tem. Oh, pessoal de vergonha! Nós conhecemos o campo, trabalham mulher e homem. Eles não estão pagando porque não têm dinheiro. Não tem mais carência, Arthur Virgílio! Se os homens não estão pagando, dinheiro não têm, o pai e a mãe do banqueiro bota esse outro otário para assinar, para ser o novo Silveira das Minas. Joaquim Silveira, assinando, sem carência. Se eles já estão lascados, o que vai adiantar? No dia em que for aprovado, o banco já está cobrando os seis anos. Se ele não tiver uma carência para vir a produção, para aumentar, ele não vai...

Brasileiras e brasileiros, este é o País mais imoral. Olavo Bilac: “Criança, não verá nunca um País como este”. Bilac! Agora, Bilac diria: “Olhai a ambição dos banqueiros, alimentados por Lula”. Nunca se ganhou tanto! Os juros, nós votamos de 1,5%, por menor, 3% e 5%... Aqui começa logo por 6%... Isso é o atestado de que o Lula é o pai e a mãe dos banqueiros.

Senador Paim, eu conheço o campo. Sou urbano, minha família é urbana. Fui Prefeitinho, fui Deputado, fui Governador. O campo está empobrecido! Lula, uma água mineral, dessa que V. Exª está tomando com uma cachacinha, diluindo-a com uma Perrier dessa ou com whisky, ou depois do vinho, aquele vinho caro... Paim, é R$6,50. Um litro de leite é R$0,75; no Nordeste, é até R$0,50. Então, essa é a vaquinha desmoralizada, desvalorizada, a vaquinha que segura o homem no campo, a família e a produção.

            Napoleão, o verdadeiro, o francês - com todo respeito ao Senador que passou aqui - disse assim, Arthur Virgílio: a maior desgraça de um homem é exercer um cargo para o qual não está preparado. É aí, Lula. Gilvam, Napoleão, o francês, disse isso.

Lembremos a grandeza de Rui Barbosa e vamos derrubar o veto do Presidente, embora o Presidente do Senado e o Presidente da Câmara não queiram. Nós somos iguais. Isso é passageiro, uma circunstância, nós temos é que derrubar o veto e fazer valer aquilo. Não derrubar o veto é darmos atestado da nossa insignificância e do desrespeito ao homem do campo.

            Gilvam Borges, os fazendeiros não vão pagar e vão ser executados por leilão: o carro de boi, a fazenda, os móveis precários vão para o leilão. O banco faz isso. Paim - tantos e tantos anos! -, olhai a humilhação de estar no leilão a casa do fazendeiro, a caminha, a mesa. Atentai bem, é uma vergonha!

Isto é o que venho pedir a esta Casa: vamos ter um instante de grandeza, coragem e independência. Esses Poderes têm de entender que têm de ser iguais, contrapoderes, ser o equilíbrio. Não é para se acachapar, humilhar-se ao Poder Executivo. É esse é o nosso entendimento.

Então, vamos fazer o grande dia deste Senado, derrubando o veto do Presidente da República, que se ajoelha e serve aos ricos, aos poderosos e aos banqueiros - não aos bancários. Os bancários todos estão quase como os homens do campo.

Senadora Heloísa Helena, no começo, entrei com Deus, termino com Deus e vamos continuar com Deus. Ô Lula, peça aí para lhe contarem, porque você não vai ler mesmo D. Quixote de La Mancha.

Arthur, D. Quixote disse: Sancho Pança, você me acompanhou na luta em defesa dos oprimidos, dos fracos, dos nossos sonhos, eu vou lhe dar uma ilha para você governar. E Sancho Pança - até gordinho e barbadinho como Lula, só não tinha um aerolula, tinha um jumentinho em que ele andava - disse: mas eu não posso. Aí, D. Quixote disse: mas eu vi que você é temente a Deus e isso é uma sabedoria. E deu a Ilha de Barataria* para ele governar.

Heloísa Helena, por isso é que um bispo disse que Lula não é católico, não é temente a Deus. Ele é caótico e está levando o homem do campo ao caos.

            Concedo um aparte ao Senador Arthur Virgílio, cujo pai enfrentou os canhões da ditadura, e ele está enfrentando a malignidade, o cupim da democracia, que é a corrupção.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Muito obrigado, Senador Mão Santa. Na verdade, esse aparte tem mais razão de ser em determinada hora do seu pronunciamento, quando V. Exª se referia às origens. Há um poema de Fernando Pessoa* que gosto muito de citar, algo tipo “o rio que banha a minha cidade é o rio mais bonito do mundo, precisamente porque é o rio que banha a minha cidade”. V. Exª tem razão. Quem esquece suas origens, quem se encanta com as carruagens, vira uma cinderela política, vira abóbora. Com certeza, a partir de uma determinada meia-noite, vira abóbora. Ontem foi um dia de alienação brutal, o Presidente falando com Parreira sobre Ronaldo. Nenhuma preocupação com Ronaldo. Ele tinha preocupação em aparecer nos jornais televisivos brasileiros como alguém que se preocupa com aquilo que o povo gosta, enfim. E a guerra civil no Rio de Janeiro correndo solta, inclusive envolvendo diretamente o Exército nacional, que entrou, no impulso, nesse episódio, sem que houvesse uma ordem de baixo para cima que o autorizasse a fazer isso. Ou seja, não sei como o Exército vai sair disso. Sei que, se houvesse governo, ele não teria entrado desse jeito. Poderia ser uma deliberação do Presidente da República que o Exército iria fazer segurança para acabar com essa chaga do tráfico de drogas, mas não alguém do Exército dizendo: olha, nós vamos fazer, porque assaltaram o nosso quartel. Senador, não dá para tomar uma decisão desse porte nesse clima de impulso. Mas V. Exª, depois, avançou. E eu concluo o meu aparte, Senador Mão Santa, dizendo que, com a sua vasta cultura, V. Exª foi à obra imortal de Miguel de Cervantes, e chegou a Dom Quixote de La Mancha e a Sancho Pança. Na verdade, o Presidente Lula não é mais nem um nem outro. Ele nem tem o senso de realidade, sobretudo não tem a lealdade de Sancho Pança e deixou de ter os sonhos de Dom Quixote há muito tempo. Ele não é nem um nem outro, não caberia na obra imortal de Cervantes. Ele joga de acordo com as oportunidades. Terminou virando mesmo - para falar a linguagem de futebol que ele aprecia tanto - um artilheiro do oportunismo. Não se preocupa com nada de duradouro, ou seja, guerra civil. Morreu um adolescente, não se ouviu uma palavra do Palácio do Planalto. Nada, nada! Não se sabe de uma providência que ele tenha tomado para tirar o Exército dessa crise enorme em que se enfiou, em função do desgoverno que reina aí, do estado de anomia a que está submetido o País. E, ele, preocupado com Ronaldo, que não precisa dele para coisa alguma. Ronaldo vai, certamente, saber perder os seus quilos, treinar e ajudar o Brasil a ganhar o hexacampeonato mundial. Mas não é essa a minha preocupação. O Brasil pode ganhar e pode não ganhar. Não vai mudar em nada a vida dos brasileiros se o Brasil ganhar ou não ganhar. Não vivemos de Copa do Mundo. Nós vivemos de paz, de trabalho, de emprego, de decência, de ética, vivemos disso tudo. No entanto, o Presidente achou que a grande providência do dia era ligar ao Parreira e ficar com aquela conversa fiada, chateando o pobre do rapaz que trabalha, que não tem tempo a perder com opinião de leigo, com bobagens em seus ouvidos, quando o que se esperava do Presidente era a preocupação sincera com a questão da segurança. Mas isso não importa. Quem está morrendo agora é gente do povo, um povo que ele já esqueceu há muito tempo, porque ele já não acha que o rio mais bonito do mundo é o rio que banha a sua cidade. Ele virou o homem das carruagens e desse luxo que ilude, mas não aquece a alma. Obrigado, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senadora Heloísa Helena, já que o Arthur Virgilio buscou novamente o Sancho Pança, lembro-me da bengalada - bendita bengalada! - no José Dirceu, inspirada também no Tristão.

Mas eu queria ser justo com Sancho Pança, que foi um grande governador da Barataria. Ele era temente a Deus, tinha sabedoria, foi humilde. E Dom Quixote ensinou: arruma uma mulherzinha ajeitada, a sua Adalgisinha, direitinho; não beba demais, não coma demais, vista-se com decoro, seja honesto, tenha boas companhias. E o Sancho Pança foi até bom. Depois de aconselhar, voltou Dom Quixote de La Mancha. E eu quero dar este conselho ao Brasil. Arthur Virgilio, ele disse: Sancho Pança, eu quero dar o último ensinamento: só não tem jeito para a morte.

Então, quero dizer ao Brasil: só não tem jeito para a morte. Vamos tirar este PT do Governo para levar o povo à prosperidade e à felicidade.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2006 - Página 7480