Pronunciamento de Antero Paes de Barros em 21/03/2006
Questão de Ordem durante a 21ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários à nota da coluna do jornalista Ancelmo Gois, a respeito de uma eventual solicitação por parte da Senadora Ideli Salvatti ao Presidente Renan Calheiros para que lhe cedesse as fitas do circuito interno de TV da Casa para saber se o caseiro Francenildo Costa andou visitando algum colega da Oposição.
- Autor
- Antero Paes de Barros (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MT)
- Nome completo: Antero Paes de Barros Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Questão de Ordem
- Resumo por assunto
-
REGIMENTO INTERNO.
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- Comentários à nota da coluna do jornalista Ancelmo Gois, a respeito de uma eventual solicitação por parte da Senadora Ideli Salvatti ao Presidente Renan Calheiros para que lhe cedesse as fitas do circuito interno de TV da Casa para saber se o caseiro Francenildo Costa andou visitando algum colega da Oposição.
- Publicação
- Publicação no DSF de 22/03/2006 - Página 8910
- Assunto
- Outros > REGIMENTO INTERNO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
-
- INTERPELAÇÃO, PRESIDENTE, SENADO, CONFIRMAÇÃO, SOLICITAÇÃO, IDELI SALVATTI, SENADOR, CESSÃO, FITA MAGNETICA, CIRCUITO, TELEVISÃO, VISITA, EMPREGADO DOMESTICO, CONGRESSISTA, BANCADA, OPOSIÇÃO.
- CONTESTAÇÃO, VIOLAÇÃO, DESRESPEITO, MANDATO PARLAMENTAR.
- SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE, SENADO, GARANTIA, AUTONOMIA, MANDATO PARLAMENTAR, ORADOR.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan Calheiros, estou pedindo pela ordem e fiz questão absoluta de levantar esta questão de ordem no instante em que V. Exª estivesse na Presidência do Senado.
Considero muito grave a questão de ordem que vou levantar, e vou explicar calmamente por que. A notícia de hoje da coluna Ancelmo Gois, “’Big Brother’ petista”, diz o seguinte: “A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) pediu a Renan Calheiros, presidente do Senado, as fitas do circuito interno de TV da Casa para saber se o caseiro Francenildo Costa andou visitando algum colega da oposição”.
A pergunta um é se esse pedido foi realmente feito a V. Exª, porque, Sr. Presidente, não posso aceitar esta violência que se pratica hoje contra o Estado Democrático brasileiro: invadem as contas do caseiro e querem agora fazer violência. Eu sou um cidadão que defendo que política é coisa pública. Não tenho o menor problema de ter a minha vida investigada, filmada, gravada 24 horas por dia. Mas não posso aceitar a violência contra o mandato de um Senador da República. E estou tomando essa iniciativa como sendo uma decisão contra mim. E é uma decisão até de quem não presta muita atenção, Senador Jefferson Péres, nas informações que presto a esta Casa. A notícia da coluna do Ancelmo Gois é de hoje. Mas vou ler uma questão de ordem que fiz quando esteve na CPI dos Bingos o Sr. Francenildo.
Antes de o Sr. Francenildo depor na CPI dos Bingos, eu levantei a seguinte questão de ordem:
SR. PRESIDENTE SENADOR EFRAIM MORAIS (PFL - PB): Agradeço a V. Exª, Senador Suplicy, pelos esclarecimentos. [S. Exª tinha falado antes de mim.] Senador Antero Paes de Barros, V. Exª tem a palavra pela ordem.
O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT) - Sr. Presidente, apesar de compreender as questões de ordem, os motivos pelos quais elas foram levantadas pelos Senadores Tião Viana e Eduardo Suplicy, eu quero reafirmar uma convicção política e pessoal de que política é coisa pública. E que, portanto, na minha avaliação, o depoimento deverá ser aberto [eu me referia ao depoimento do caseiro]. Segunda questão, eu faço absoluta questão de relatar à Comissão Parlamentar de Inquérito alguns fatos antecedentes. Na quinta-feira à noite eu recebo um telefonema de um amigo meu, dizendo que eu seria procurado na sexta-feira por um amigo dele, por um conhecido dele no meu gabinete. Na sexta-feira, pela manhã, eu fui procurado no meu gabinete por este amigo, por este conhecido, melhor dizendo, fazendo-se acompanhar do Sr. Nildo. Ele me apresentou o caseiro e, na oportunidade, ele disse que queria falar à CPI. O motivo, em função da entrevista do motorista Francisco, que ele estaria com receio. Pessoalmente, eu não tinha condições de avaliar se era importante ou não o depoimento à CPI. Recomendei-lhe - ao caseiro - e disse até o seguinte: que o medo era desnecessário e que acredito que o motorista havia se protegido com o depoimento que havia dado à CPI. E que, portanto, seria interessante que ele procurasse a imprensa. E fiz alguns contatos no sentido de facilitar isso, mas, precisando viajar, deixei encaminhada essa possibilidade, que posteriormente vi publicada em um dos jornais brasileiros.
Portanto, Sr. Presidente, requerer a V. Exª a fita para saber se o caseiro esteve com um colega da Oposição? Esteve, e eu disse isso antes do depoimento do caseiro. Onde está o crime nisso? Onde foi que recebi o caseiro? Em meu gabinete, Sr. Presidente, que é onde trato de assuntos de interesse público. Não aceito a criação do Estado policial neste País! Não aceito o retorno da ditadura brasileira! Não aceito ser vigiado como Senador da República!
Estou requerendo à Mesa uma varredura, Sr. Presidente, em meus telefones: nos telefones de meu gabinete e de minha residência, porque, depois do que fizeram com o caseiro, não tenho nenhuma dúvida de que nós, adversários políticos do Governo brasileiro, não temos direito à vida privada.
Não aceito, Sr. Presidente, a violação do mandato de Senador da República e tenho a tranqüilidade de quem sabe que está vigiado desde o episódio Waldomiro Diniz. Não receio essa gente, mas não aceito diminuir meu mandato aqui, no Senado da República.
Então, Sr. Presidente, quero posteriormente mostrar a V. Exª, documentadamente, a violência que se faz contra meu mandato. Não vou aceitar isso, por isso peço a V. Exª que tome as providências para garantir a varredura, para garantir a autonomia do meu mandato, para garantir, como Presidente do Senado, pela homenagem a sua história e a nossa história, que a democracia, que o Estado Democrático de Direito seja o regime vigente no País.
É este o apelo que eu quero fazer a V. Exª.
Modelo1 11/27/244:43