Discurso durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário sobre resultado da pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria-CNI, realizada pelo IBOPE, para a sucessão presidencial no Brasil. (como Líder)

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ELEIÇÕES.:
  • Comentário sobre resultado da pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria-CNI, realizada pelo IBOPE, para a sucessão presidencial no Brasil. (como Líder)
Aparteantes
Sibá Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2006 - Página 8243
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ELEIÇÕES.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, PAULO PAIM, SENADOR.
  • COMENTARIO, DADOS, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, CRESCIMENTO, APROVAÇÃO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MELHORIA, AVALIAÇÃO, EXPECTATIVA, ANO, CONTROLE, INFLAÇÃO, DESEMPREGO, AUMENTO, RENDA, APOIO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, primeiro, quero poder honrar o compromisso que assumi com o Senador Leomar Quintanilha de entregar rapidamente a tribuna a S. Exª, tendo em vista que temos, tanto S. Exª quanto eu, compromissos fora do plenário.

Quero também deixar consignadas, caso ainda não tenha sido feito, as nossas congratulações, os nossos parabéns ao Senador Paulo Paim, que fica um pouco mais sábio no dia de hoje. Então, os parabéns da nossa Bancada ao nosso companheiro Paulo Paim.

Recebemos, no final da tarde, o resultado da pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, e realizada pelo Ibope entre os dias 8 e 11 deste mês de março em curso, na qual foram entrevistadas 2002 pessoas em todo o País. No resultado dessa pesquisa, temos, no primeiro cenário, em termos quantitativos, a indicação de voto, caso venha a acontecer a decisão de candidatura, à reeleição do Presidente Lula, 43%, quando em dezembro, na pesquisa realizada, ele tinha 32%. O Governador Alckmin, 19%, e, em dezembro, tinha 20%. Garotinho, 14%, quando, em dezembro, tinha 20%; e a Senadora Heloísa Helena, 5% e, em setembro, 7%. Isso é o primeiro turno.

No segundo cenário, o Presidente Lula, 40% e, em dezembro, 31%; Serra, 31% e, em dezembro, 37%; Garotinho, 8%, quando, em dezembro, tinha 11%; e a Senadora Heloísa Helena, 4% - manteve o mesmo índice em dezembro.

Os cenários do segundo turno apresentados pela pesquisa, quando feito o questionário entre Lula e Alckmin, apontam 49% para Lula, sendo que, em dezembro, era 41%, e 31% para Alckmin, sendo que, em dezembro, era 37%. No segundo cenário, ainda a pesquisa contemplava o nome do Prefeito José Serra, e os dados são: Lula, 44%, em dezembro, com 35%, e Serra, 40%, em dezembro 48%.

No terceiro cenário de segundo turno, Lula com 53%, sendo que em dezembro tinha 41%, e Garotinho, 24%, quando tinha 33% em dezembro.

Portanto, o resultado da pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria e realizada pelo Ibope dá números com evolução significativa em todos os cenários, do primeiro turno e segundo turno, com crescimento do Presidente Lula, uma pequena estagnação do Governador Geraldo Alckmin e queda do Prefeito José Serra. Na simulação do segundo turno, também o Presidente Lula ganha de todos os seus concorrentes.

Mas, como tenho sempre observado, principalmente quando sou entrevistada a respeito de pesquisas eleitorais, pesquisa - é aquela velha frase - é o retrato do momento. Mesmo quando se está melhor na foto, em determinado momento, não devemos nunca nos empolgar por demais, porque o momento muda, as condições mudam, e todos sabemos que essa será, indiscutivelmente, uma eleição muito acirrada - está aqui o Senador Simon concordando. O aquecimento e o clima eleitoral estão bem antecipados, pois já estamos vivendo isso há quase um ano no Senado da República. Então, é sempre bom termos as famosas sandálias da humildade.

No entanto, na pesquisa, devemos levar em consideração muito mais os dados qualitativos que a pesquisa apresenta, quando são feitos, do que o quantitativo. São os dados qualitativos que efetivamente dão o sentimento, a percepção, a projeção e a perspectiva, a tendência que se está apresentando naquele retrato, naquela fotografia. A quantitativa - os percentuais de intenção de voto - muitas vezes pode até levar a erro ou a uma avaliação equivocada.

Destaco algumas questões que a pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, apresenta nos aspectos qualitativos; estes, sim, considero absolutamente relevantes, importantes a serem registrados aqui.

A primeira questão analisada pela pesquisa Ibope é o clima geral da opinião pública. E aí temos uma pergunta a respeito da opinião da população sobre o ano de 2006: como a população está vendo o ano. E os dados são muito interessantes, elucidativos inclusive. Em setembro do ano passado, apenas 3% da população via o ano de 2006 como “muito bom”; agora em março, pulou para 5%. O “bom”, de 57% pulou para 67%. O “ruim” caiu de 29% para 20%. Portanto, a percepção de como está sendo visto o ano é absolutamente relevante.

A expectativa, até agora, para todo o ano de 2006 é bastante interessante, porque o “será muito bom” pulou, de setembro de 2005, de 11% para 19% agora em março. “Será bom” pulou de 52% para 61%, ou seja, para 61% da população acham que o ano de 2006 como um todo será um ano bom. E “ruim” caiu de 22%, em setembro do ano passado, para apenas 9%. Portanto, a avaliação - a expectativa, o ânimo, como a população está enxergando este ano - é bastante positiva.

Outro aspecto qualitativo são as expectativas em relação à inflação, desemprego e renda, Senador Sibá Machado. E os dados são também muito interessantes. Com relação à inflação, se esta aumentará ou diminuirá nos próximos seis meses, os dados de setembro do ano passado em relação a “vai aumentar” caíram de 45% para 42%; e de que a inflação “vai diminuir”, de 13% passaram para 15%. Portanto, a expectativa com relação à inflação é extremamente positiva e relevante.

Com relação ao desemprego, em setembro do ano passado, 53% da população, ou seja, mais da metade da população, achavam que o desemprego iria aumentar, mas caiu para 42%. Obviamente, a opção “vai diminuir”, de 19%, em setembro, pulou para 24%. Portanto, com relação à questão do desemprego, a avaliação da população é positiva.

Com relação à renda geral, ou seja, o rendimento geral da população, “vai aumentar” pulou de 19% em setembro do ano passado para 27% agora em março deste ano. “Vai diminuir” caiu de 29% para 20%. Portanto, há uma visão de que a renda, de maneira geral, do povo brasileiro, vai melhorar nos próximos seis meses.

Quando se pergunta sobre a perspectiva de renda pessoal, a avaliação é também positiva. As pessoas entendem que a renda individual delas vai aumentar, de 25% em setembro do ano passado, para 32% agora no mês de março. “Vai diminuir”, de 17%, caiu para 13%.

Antes de passar para os indicadores de Governo, gostaria de rapidamente ouvir o Senador Sibá Machado, para que possa concluir com alguns dados, cumprindo a minha determinação e compromisso com o Senador Leomar Quintanilha.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Quero parabenizar V. Exª pelas informações. Neste momento, como membro do Partido dos Trabalhadores, tenho a compreensão de que devemos separar um pouco a pesquisa do âmbito eleitoral para a performance do Governo. Sobre as questões eleitorais, com certeza, o processo eleitoral vai fazer, mas sobre a performance de Governo os números estão postos. A população está discernindo muito bem a chamada crise política, para a qual, com certeza, haveremos de dar a resposta devida; separa muito bem o combate político-ideológico contra o Governo das ações de Governo. Entendo que as pesquisas - essa é a terceira - têm mostrado isso em todos os seus níveis e em todas as suas direções. Portanto, V. Exª foi muito feliz ao trazer esse tema. Esperamos que, agora, neste final de semana, na reunião do nosso Diretório Nacional, possamos fazer uma boa reflexão a esse respeito, quem sabe tirando boas diretrizes de como serão os embates daqui até as convenções.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Muito obrigada, Senador Sibá Machado.

Com relação a como a população está vendo o Governo Lula, a aprovação pulou de 45% para 55%; e a desaprovação caiu de 49% para 39%. Portanto, inverteu-se totalmente a curva em termos de avaliação, e mais da metade da população aprova o Governo e suas ações.

Na mesma linha vai a confiança no Presidente Lula. Há um dado interessante aqui: a avaliação do Governo Lula comparada à expectativa antes da posse. E a avaliação é melhor: pulou de 23% para 31%. Portanto, até sobre aquela expectativa que tínhamos antes de tomarmos posse, já há um dado aqui na pesquisa feita junto à pela população.

Há outro dado que considero relevante aqui, até porque tudo indica que teremos uma conflagração, um embate eleitoral, entre a candidatura à provável reeleição do Presidente Lula, polarizando, do outro lado, a candidatura do PSDB e do PFL; ou seja, vamos ter mais um enfrentamento dessas forças políticas. Na comparação entre os governos Lula e Fernando Henrique, a pesquisa revela que a percentagem dos que pensavam ser o governo Lula melhor do que o governo Fernando Henrique em setembro estava em 43% e agora, em março, pulou para 52%. Há aqui ainda números sobre o aumento da aprovação das políticas de combate à fome, dos programas sociais, das ações de segurança pública, do combate à inflação, da taxa de juros. Até em relação às ações de governo associadas à taxa de juros, Senador Sibá, que todos nós insistimos que deve cair de forma mais acentuada, houve um aumento da aprovação. Por tudo isso é que fiz questão de trazer esses dados à tribuna.

Na pesquisa também há subsídios para prepararmos o plano de governo e ir ao encontro de tudo aquilo que a população espera do próximo período de governo que se iniciará em janeiro de 2007.

Mais uma vez quero dizer que, quando fazemos análise de pesquisa, o mais importante não é a foto do momento, mas principalmente a radiografia do sentimento e da percepção da população com relação àquilo que ela expressa em sua intenção de voto. A intenção de voto às vezes não revela toda a dimensão e todo o potencial contidos na alma e na mente das pessoas. Por isso eu não poderia deixar de fazer este registro.

Agradeço a gentileza e espero não ter alongado meu pronunciamento demasiadamente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2006 - Página 8243