Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao maranhense Josué Montello, falecido ontem.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao maranhense Josué Montello, falecido ontem.
Publicação
Publicação no DSF de 17/03/2006 - Página 8598
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOSUE MONTELLO, ESCRITOR, ESTADO DO MARANHÃO (MA), ELOGIO, VIDA, OBRA LITERARIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o maranhense Josué Montello, que ontem faleceu aos 88 anos de idade, deixou marcas impagáveis não somente de um notável e fecundo escritor, mas também como uma personalidade simples e generosa que para si afluía a simpatia e a amizade dos que o conheceram. Maranhense de São Luís, foi um filho que jamais se desvinculou do seu torrão natal.

Em vários dos seus 135 livros, 27 deles romances - que lhe proporcionaram numerosos prêmios e honrarias -, buscou inspiração na gente e nas coisas da sua terra. Foi um dos mais fecundos escritores brasileiros, assinando obras que o elevaram às posições mais elevadas do ambiente literário de nosso país. O seu “Os tambores de São Luís” é considerado um dos mais importantes romances brasileiros do século 20.

Josué Montello passou 51 anos na cadeira nº 29 da Academia Brasileira de Letras. Era o acadêmico vivo com mais tempo na casa, onde sempre mereceu o prestígio da atenção e do respeito. Na Academia, colaborou assiduamente com as suas publicações, e escreveu regularmente para diversos jornais, revistas e suplementos dominicais dos mais importantes do Rio de Janeiro, do Maranhão e do Pará. Presidiu a Academia no biênio 1994-1995, comandando a ampla reforma administrativa então reclamada pela quase centenária Casa de Machado de Assis.

No Rio de Janeiro, ingressou por concurso público no Ministério da Educação, para as funções de Técnico de Educação, e defendeu a tese "O sentido educativo da arte dramática". Em 1941, publicou seu primeiro romance, “Janelas fechada”, mas a vocação de Josué Montello nascera com ele. Quando aluno do Liceu Maranhense, dirigiu “A Mocidade”, periódico da juventude escolar no qual publicou seus primeiros trabalhos literários.

Foi professor do curso de Organização de Bibliotecas, do antigo DASP, professor da cadeira de Literatura Portuguesa do curso superior de Biblioteconomia e diretor geral da Biblioteca Nacional, ampliando-lhe as instalações e lá promovendo as primeiras grandes exposições em moldes modernos.

Em 1946, a convite do Governo do Maranhão, Josué Montello fez o plano da reforma do ensino primário e normal do Estado, que a seguir se converteu em lei. Ao tempo da interventoria Saturnino Belo, exerceu o cargo de secretário-geral do Maranhão. Em 1953, inaugurou e regeu por dois anos a cátedra de Estudos Brasileiros da Universidade Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, no Peru. Em 1954, recebeu da mesma universidade o título de Catedrático Honorário. Em 1955, o Teatro Universitário da Universidade de San Marcos iniciou a temporada com a peça O Verdugo, especialmente escrita por Josué Montello para o mesmo teatro. Durante muitos anos foi colaborador permanente do “Jornal do Brasil” e da revista Manchete.

Em 1956, Josué Montello exerceu o cargo de subchefe da Casa Civil do Presidente da República. Em 1957, a regeu a cátedra de Estudos Brasileiros, na Universidade de Lisboa e, em 1958, a mesma cátedra na Universidade de Madri. A convite do Instituto de Cultura Hispânica, ministrou um curso sobre literatura brasileira na Cátedra Ramiro de Maeztu. Organizou e instalou o Conselho Federal de Cultura, sendo o seu primeiro presidente no período 1967-1968. De 1969 a 1970, foi conselheiro cultural da Embaixada do Brasil em Paris. De volta ao Brasil, organizou e instalou o Museu Histórico e Artístico do Maranhão, onde empreendeu a reforma e instalação da nova Reitoria. De 1985 a 1989, foi embaixador do Brasil junto à UNESCO.

Vê-se, Sr. Presidente, quão grande foi a perda do meu Estado com o desaparecimento do seu filho Josué Montello. Jornalista, professor, romancista, cronista, ensaísta, historiador, orador, teatrólogo e memorialista, a sua aplicação ao trabalho, a par do talento como escritor, sempre foi uma marca notável, a explicar a eficiência com que desempenhou tantas funções e tarefas que lhe foram atribuídas.

A morte de Josué Montello deixa em todos nós um sentimento de profundo pesar, já se antevendo o vácuo de que se ressentirá a cultura brasileira. Ele deixa o nosso convívio, mas continuará presente na sua vasta obra literária e na biografia de um homem público que honrou o seu país.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/03/2006 - Página 8598