Discurso durante a 23ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios à iniciativa da empresa Vale do Rio Doce, de promover a articulação entre ensino profissionalizante e sistema produtivo. Homenagem a Vicente Lorenzon, morto em acidente , no dia 25 de fevereiro, em Vitória/ES.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO PROFISSIONALIZANTE. HOMENAGEM.:
  • Elogios à iniciativa da empresa Vale do Rio Doce, de promover a articulação entre ensino profissionalizante e sistema produtivo. Homenagem a Vicente Lorenzon, morto em acidente , no dia 25 de fevereiro, em Vitória/ES.
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/2006 - Página 9207
Assunto
Outros > ENSINO PROFISSIONALIZANTE. HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, REABERTURA, ESCOLA PUBLICA, MUNICIPIO, CARIACICA (ES), ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), REGIÃO METROPOLITANA, CAPITAL DE ESTADO, OFERTA, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, INICIATIVA, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), IMPORTANCIA, ATENDIMENTO, NECESSIDADE, MÃO DE OBRA, EMPRESA, REGIÃO, ADAPTAÇÃO, CURRICULO, PARCERIA, INICIATIVA PRIVADA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, EMPRESARIO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

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O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o número de alunos do ensino técnico de nível médio representa menos de 7 e meio por cento do total de estudantes que cursam o ensino médio em nosso país, de acordo com o censo escolar de 2004. É um dado que evidencia a urgência da expansão das redes de ensino profissionalizante no Brasil, diante da crescente necessidade de vagas.

            Por este motivo, é bem-vinda a notícia de que o Colégio Eliezer Batista, situado em Jardim América, no município de Cariacica, no Espírito Santo, será reaberto no segundo semestre deste ano, como escola profissionalizante.

Fundado há mais de 45 anos e fechado em 2003, o Colégio Eliezer Batista é um estabelecimento de ensino tradicional, que já serviu de referência em matéria de qualidade de ensino no Estado. Sua reabertura como centro de ensino técnico, que ocorrerá por iniciativa da Companhia Vale do Rio Doce, é importante para as empresas instaladas na região, que necessitam de mão-de-obra qualificada, e para a população de Cariacica. Uma pesquisa feita pela própria Vale constatou a existência de cerca de 30 mil pessoas sem ocupação fixa no município.

De acordo com um estudo realizado pelo Banco Mundial, economias em desenvolvimento necessitam de mão-de-obra flexível, capaz de se adaptar às mudanças que ocorrem no mundo do trabalho. Portanto, investir na qualificação de trabalhadores é tão essencial quanto investir em áreas fundamentais para o desenvolvimento econômico.

Cursos profissionalizantes precisam garantir uma formação em atividades que estejam sendo requisitadas pelo mercado. A inadequação de currículos e a ausência de um relacionamento entre escolas e empresas muitas vezes dificultam a colocação dos profissionais recém-formados. Logo, é essencial uma parceria eficiente entre Estado e iniciativa privada no processo de qualificação, para desenvolver estratégias que realmente capacitem os estudantes para a diversidade de competências que, hoje em dia, qualquer emprego requer.

            A articulação entre ensino profissionalizante e sistema produtivo, como está ocorrendo em Cariacica, é fundamental para que jovens e adultos possam contar com um ensino de boa qualidade e, terminado seu curso, não tenham dificuldade para encontrar emprego. Iniciativas como a da Vale do Rio Doce deveriam se multiplicar pelo Brasil, pois prestam uma contribuição significativa para resolver um de nossos principais problemas, o da formação de mão-de-obra qualificada.

Como segundo assunto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero me referir a um trágico acidente ocorrido em 25 de fevereiro, em Vitória, fez com que o Espírito Santo perdesse um de seus mais destacados empreendedores, um homem simples que, com a ajuda dos filhos, construiu uma das mais prósperas empresas do Estado. Vicente Lorenzon, morto aos 85 anos, era um visionário dotado de coragem, ousadia, talento, criatividade e determinação, qualidades que lhe permitiram erguer - podemos dizer, literalmente, tijolo por tijolo - em alguns anos a maior empresa do segmento de imóveis residenciais em território capixaba.

A história da Lorenge Construtora e Incorporadora confunde-se com a da família Lorenzon. De origem humilde, pequeno produtor rural nascido em Venda Nova do Imigrante, na região serrana do Estado, Vicente mudou-se, logo depois do casamento com dona Eusêmia Caliman, em 1946, para Marilândia, na região Noroeste. O casal teve 14 filhos e, em 1980, transferiu-se para Vitória.

Como era tradição em famílias de imigrantes italianos, os filhos foram enviados para estudar em internatos pertencentes a congregações católicas. Apesar da falta de recursos, Vicente e dona Eusêmia não mediram sacrifícios para que custear sua educação - todos cursaram pelo menos uma faculdade. Em Vitória, somando economias e unindo esforços, Vicente e alguns de seus filhos fundaram, em 1980, uma empresa de construção, para dar trabalho aos membros mais novos da família, que estavam chegando para estudar na capital.

Foi um início modesto. Sem capital disponível, os Lorenzon dependiam do dinheiro obtido com a venda dos poucos imóveis que conseguiam construir para dar início a novas obras. Durante seis anos, nenhum dos sócios recebeu sequer um tostão a título de participação nos lucros. Aos poucos, contudo, foram conquistando um conceito de excelência junto ao mercado, graças ao padrão de qualidade que faziam questão de manter em seus empreendimentos.

Consolidada no mercado imobiliário no final dos anos 80, a Lorenge passou a expandir sua atuação, construindo prédios em bairros como Jardim da Penha e Praia do Canto. No final dos anos 90, iniciou a construção de prédios comerciais. Pioneira na introdução de inovações tecnológicas em imóveis, hoje a empresa gera cerca de 500 empregos diretos, produz sua própria argamassa - numa indústria instalada em Vila do Riacho, em Aracruz -, dispõe de uma usina de concreto e fabrica componentes destinados à construção de edifícios num canteiro de obras com 15 mil metros quadrados.

Todas estas conquistas são o resultado do ânimo visionário e audaz de Vicente Lorenzon. Com seu potencial realizador, ele contribuiu em muito para o desenvolvimento do Espírito Santo, deixando um legado ímpar de empreendedorismo, respeito à ética, dedicação familiar e espírito público. Para que possamos construir um país melhor, mais justo e produtivo, homens como Vicente Lorenzon são indispensáveis. A morte privou-nos do seu convívio, mas o exemplo que proporcionou a todos, capixabas e brasileiros, permanecerá vivo por gerações.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/2006 - Página 9207