Discurso durante a 20ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da quebra do sigilo do Sr. Paulo Okamoto e da legitimidade da apresentação dos requerimentos lidos anteriormente, tratando de quebra de sigilo bancário dos Srs. Paulo Tarcísio Okamoto e Fábio Luis Lula da Silva.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.:
  • Defesa da quebra do sigilo do Sr. Paulo Okamoto e da legitimidade da apresentação dos requerimentos lidos anteriormente, tratando de quebra de sigilo bancário dos Srs. Paulo Tarcísio Okamoto e Fábio Luis Lula da Silva.
Publicação
Publicação no DSF de 21/03/2006 - Página 8783
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
Indexação
  • COMPARAÇÃO, TENTATIVA, INVESTIGAÇÃO, FILHO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEBATE, SENADO, QUEBRA DE SIGILO, PARENTE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRESIDENTE, SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE), EMPREGADO DOMESTICO, DEPOIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, INFORMAÇÃO, TELEFONE, AUTORIZAÇÃO, EMPREGADO DOMESTICO, QUEBRA DE SIGILO.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), AUSENCIA, COMPROMISSO, VERDADE.

  SENADO FEDERAL SF -

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Srª. Presidente, Srs. Senadores, é hora de tirarmos uma certa máscara de farisaísmo. Não assinei o requerimento do Senador Antero Paes de Barros, apesar de ter sido convidado a fazê-lo. Questão de foro íntimo mesmo, mas é preciso se tirar da face de alguns uma dose excessiva e até cavalar de farisaísmo.

Quando alguém disse que, em determinado momento, não conseguiram, porque eles não deixaram, os do Planalto da época - e isso não é verdade -, não conseguiram investigar o filho do Presidente Fernando Henrique, porque alguém tentou e, se alguém tentou, é porque esse alguém não tinha compromisso com proteger o filho do Presidente da República.

Logo, se se podia investigar o filho do Presidente Fernando Henrique, é porque se poderá investigar o filho do Presidente Lula agora. E se alguém não deixou - leia-se Fernando Henrique - é porque alguém tentou - leia-se PT. Agora os casos eram completamente diferentes. Artificializava-se na Feira de Hannover uma denúncia completamente vazia. Nada parecido com a gravidade desse episódio que aí está. Nada parecido.

O que houve aqui, de fato, Srª Presidente, foi muito simples. O Senador Tião Viana, legitimamente, faz um requerimento, é tratado com todo o respeito, apresenta o requerimento à Mesa e concerta conosco, da Oposição, que concorda ele com a quebra do sigilo do Sr. Paulo Okamotto. O Senador Antonio Carlos pede a palavra e diz: “Vamos quebrar então, também, o do Paulo Okamotto”. Eu disse: vamos quebrar o do Paulo Okamotto e o do Francenildo também. José Agripino diz: “Não dá para quebrar o de Francenildo”. Alvaro Dias diz: “Não dá para quebrar o de Francenildo. Vamos coonestar um crime”. Aí Francenildo liga e diz: “Dá para quebrar o meu sigilo, sim”.

Essa é a diferença essencial. Francenildo quer que quebre o sigilo dele. Ele não tem nada a esconder, porque quer que quebre os sigilos dele mesmo. Quem não quer que quebre é Okamotto; portanto, não tem nada de absurdo. Posso eventualmente até não concordar, eu pessoalmente. Não tem nada de absurdo, e o Senador Antero de Barros, responsável por seus atos, se dispor a apresentar o requerimento, solicitando que se discuta a vida empresarial de quem quer que seja, filho ou não filho do Presidente da República. Não tem nada de absurdo.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - O Okamotto é doador universal.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - É “O” negativo.

Ainda há pouco, falavam de dois pesos e duas medidas. Estamos vendo aqui dois pesos e duas medidas: do caseiro pode, de outros não deve e de alguns não pode.

Portanto, Srª Presidente, está na hora mesmo de estabelecermos certas conexões com o passado. Falou-se aqui em vazamento. O PT cresceu como sendo a central de vazamento ligada ao que havia de pior no Ministério Público. Leia-se Luiz Francisco e Guilherme Schelb, que está sendo processado por irregularidades, e aquela promotora Eliana não-sei-de-quê, que não fala mais nada. O PT cresceu fazendo esse conluio com certa parte, a pior parte, do Ministério Público. O PT era chamado e diziam a ele: “Você faz a denúncia”.

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Ou o contrário: “Tenho aqui indício não-sei-de-quê, e você abre inquérito civil público”. Era uma acumpliciamento brutal, que não tinha nenhum compromisso com a verdade. Não é esse o nosso procedimento.

O Senador Antero Paes de Barros dizia que, se fosse o contrário, estariam aí todos aqueles, com o dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador, pedindo o impeachment do presidente que não fosse do PT. Não estamos fazendo nada disso; estamos apenas dizendo que, se é justo querer abrir os sigilos do Sr. Francenildo, que já foram abertos, arrombados ao arrepio da lei, queremos, em troca, o sigilo do Sr. Paulo Okamotto. O Senador Antero Paes de Barros tem o direito de pedir a quebra do sigilo de quem bem queira. Não dá para imaginarmos que, aí sim, possam caber os dois pesos e as duas medidas.

Portanto, Srª Presidente, vamos manter sempre a porta aberta para conversas. Se o Senador Antero Paes de Barros se mantiver firme na sua disposição, terá sua propositura avaliada para ser apoiada ou não na CCJ. O acordo que foi feito envolvia Okamotto e Francenildo. Então, não há nada demais.

A diferença essencial é que vejo a paura, o pavor, de quebrarem o sigilo de qualquer um do lado de lá. Vimos uma pessoa que não é do lado de lá, é de cá, é do povo apenas, ligar e dizer para acabarmos com a miudeza, nós, da Oposição. O Senador José Agripino não queria que fosse quebrado; eu dizia que vai quebrar; Alvaro Dias não queria que fosse quebrado; Antero Paes de Barros diz que é para quebrar. Acabamos com a miudeza. Francenildo ligou e disse que faz questão que quebre os sigilos dele. Francenildo se porta como um homem de bem, dando a idéia de como seria bom se tivéssemos mais gente como ele administrando este País.

Muito obrigado, Srª Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/03/2006 - Página 8783