Fala da Presidência durante a 15ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Atendimento da solicitação do Senador José Sarney quanto ao crime sofrido pelo Deputado Eider Pena no Amapá e relato do comparecimento de S.Exa. à posse da Presidente Michelle Bachelet, no Chile.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Atendimento da solicitação do Senador José Sarney quanto ao crime sofrido pelo Deputado Eider Pena no Amapá e relato do comparecimento de S.Exa. à posse da Presidente Michelle Bachelet, no Chile.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/2006 - Página 7719
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, ENCAMINHAMENTO, NOTAS TAQUIGRAFICAS, DISCURSO, JOSE SARNEY, SENADOR, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), PROVIDENCIA, ESPANCAMENTO, DEPUTADO ESTADUAL, ESTADO DO AMAPA (AP).
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, CERIMONIA, POSSE, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, CHILE, ELOGIO, VIDA PUBLICA, EXPECTATIVA, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, BRASIL, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Farei o que V. Exª pede, Senador José Sarney, com muita satisfação. Encaminharei ao Exmº Sr. Ministro as notas taquigráficas do seu pronunciamento.

Antes de conceder a palavra ao próximo orador inscrito, gostaria de fazer uma breve comunicação à Casa. A convite do então Presidente do Senado chileno, Senador Sérgio Romero, comparecemos, neste sábado, à posse da Presidenta Michelle Bachelet.

Srªs e Srs. Senadores, foi uma cerimônia emocionante, que marcou o grande momento democrático de um país que soube superar, de forma notável, 17 anos de regime de exceção e que hoje, sem dúvida alguma, é um modelo de liberdade e de dinamismo econômico.

A responsabilidade de Bachelet, a primeira mulher a chegar à Presidência do Chile e a primeira também a ocupar o mais alto cargo executivo, por meio do voto, na América Latina, é ainda maior diante da popularidade de seu antecessor, Ricardo Lagos.

Na cerimônia de sábado, o ex-Presidente foi ovacionado por, pelo menos, dez minutos ao entrar no plenário do Congresso chileno. Ele deixa o cargo com mais de 80% de aprovação de popularidade, uma popularidade facilmente justificável: os resultados conseguidos na economia e na modernização do Chile têm sido exemplares. O crescimento econômico e sustentado do Chile tem alcançado a casa dos 8% ao ano durante a última década. O crescimento agrícola, de 11% em 2005, é resultado do pragmatismo e da competência dos produtores chilenos de explorar ao máximo as próprias potencialidades e aproveitar todas as oportunidades oferecidas pela economia mundial. O reencontro do Chile com a democracia tem sido também modelo de maturidade política, uma obra de engenharia política, como a nossa aqui, no Brasil, de que tanto nos orgulhamos hoje, quando a democracia também entre nós está consolidada.

Srªs e Srs. Senadores, a Presidenta Michelle Bachelet, que nomeou um gabinete formado metade por homens, metade por mulheres, tem uma bela história pessoal: é filha de um auxiliar próximo do Presidente Allende, o General de Brigada da Força Aérea Alberto Bachelet, que morreu na prisão do governo militar. A própria Bachelet viveu vários anos no exílio. Como Ministra da Defesa no governo Ricardo Lagos, promoveu uma reconciliação definitiva entre civis e militares, cicatrizando velhas feridas com o pensamento no futuro. É responsável também por um programa de saúde para o Chile, que estará implantado definitivamente até 2010.

A aproximação com o Brasil, é bom lembrar, sempre foi fator fundamental para a diplomacia chilena, que tem no nosso País um aliado estratégico. O Chile já deu seu apoio ao projeto brasileiro de constituição da Comunidade Sul-Americana de Nações, assim como à aspiração brasileira a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O comércio entre os dois países cresceu mais de 35% no ano passado e há, sem dúvida, um crescente interesse na realização de investimentos de parte a parte. Dois acordos importantes estão sendo negociados no momento: um memorando de entendimento sobre energia e mineração e um acordo sobre cooperação jurídica em matéria penal.

Esperamos que o Chile, em futuro não muito distante, torne-se membro pleno do Mercosul, ao qual já é associado. O dinamismo econômico do país será, sem dúvida, de grande importância para a consolidação do bloco econômico da América do Sul.

            Quero, enfim, informar a V. Exªs que teremos a honra de receber a Presidenta Michelle Bachelet no Brasil, provavelmente no próximo mês de abril - ou em junho -, quando deverá também comparecer ao Senado brasileiro.

            Estou certo de que Michelle Bachelet encontrará entre nós todo o apoio e o diálogo que o seu país e o seu governo merecem.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/03/2006 - Página 7719