Discurso durante a 24ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem ao transcurso dos 40 anos de fundação do PMDB.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Homenagem ao transcurso dos 40 anos de fundação do PMDB.
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/2006 - Página 9292
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ELOGIO, ATUAÇÃO, MEMBROS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), REGISTRO, HISTORIA, LUTA, REDEMOCRATIZAÇÃO.
  • DEFESA, CANDIDATURA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan Calheiros, Senador Ney Suassuna, Líder da nossa Bancada, Srªs e Srs. Senadores, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão começou com o pronunciamento de quem conhece o PMDB por dentro e por fora, de quem conhece a alma do Partido, um homem público que viveu e ainda vive intensamente a história do PMDB. Esta sessão começou com a fala do Senador Pedro Simon, para mim o ícone do Partido, o homem que teve o privilégio de conviver, de debater, de trocar idéias com os grandes vultos do PMDB, o homem que gozou da intimidade de Ulysses Guimarães, de Tancredo Neves, do Menestrel das Alagoas - para homenagear V. Exª, Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Senador Ramez Tebet, interrompo o discurso de V. Exª para comunicar, com muita satisfação, a honrosa presença, a visita inesquecível, da Presidente do Senado da Bélgica, a Senadora Anne-Marie Lizin. É uma honra muito grande tê-la aqui.

Hoje, estamos homenageando os 40 anos do PMDB, o Partido da redemocratização do Brasil, que continua sendo a maior instituição partidária congressual, com a maior capilaridade no País. Orgulha-nos muito essa coincidência, a presença de V. Exª no exato momento em que o Senado brasileiro presta esta homenagem ao Partido, que foi fundamental na redemocratização e é fundamental para a sustentabilidade política do nosso País.

Senador Ramez Tebet, V. Exª tem a palavra.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - Senador Renan Calheiros, queria que a nossa ilustre visitante soubesse que o meu discurso ser interrompido por sua presença é uma honra para nós e que o Brasil também está avançando, não tanto quanto a Bélgica, em relação à presença feminina na vida pública. Tanto isso é verdade que, se não há uma mulher a presidir o Senado da República ou a Câmara dos Deputados, já há uma mulher a presidir a mais alta Corte de Justiça do nosso País.

Eu dizia, até em homenagem a S. Exª, que o Senador Pedro Simon conviveu com o Menestrel das Alagoas, Teotônio Vilela. Portanto, foi contada a história, a vida do PMDB. Então, o que vim fazer nesta tribuna? Vim lembrar de alguns episódios, tão-somente para refletir o orgulho que tenho de pertencer a este Partido, este PMDB que não está retratado apenas nesses grandes homens aqui citados e em outros da vida pública brasileira que exerceram o seu mandato, mas orgulho-me de pertencer ao PMDB, que está retratado pela sua militância, por aquele peemedebista humilde, pelo peemedebista do interior, pelo PMDB do meu Estado, o meu Mato Grosso do Sul. Foi lá que aprendi a amar o PMDB, sem mandato algum, mas com a convivência daqueles que, no meu Estado e no meu Brasil, defendiam as causas do Partido: a liberdade, a solidariedade, queriam, como querem ainda hoje, um Brasil mais justo, mais humano e menos desigual.

E não posso, nesta hora, deixar de me referir a expressivos vultos do PMDB que não se encontram aqui conosco, mas que pertencem à história do Partido. Para isso, tenho de fazer o que sempre fiz nesta tribuna, Senador Renan Calheiros, porque vivo o Brasil, vivendo o Mato Grosso do Sul e não posso, nesta hora e neste momento em que a história do PMDB é relembrada, deixar de fazer a saudação a quem, como Deputado Federal, tanto lutou por nosso País, como Plínio Barbosa Martins; e a outro sul-mato-grossense, que foi Senador nesta Casa, Wilson Barbosa Martins, de quem tive a honra, a glória e o orgulho de ser vice-Governador, quando dirigiu os destinos do meu Estado. Por que não me referir a alguns nomes que o Senado até desconhece, como Sérgio Cruz, que também foi Deputado Federal; Walter Pereira, que secretaria o meu Partido; e tantos outros que lá estão no meu Estado.

Por que não falar de um episódio do qual eu fui partícipe? Pedro Simon também participou, mas não se lembra. Como haveriam de se lembrar de um Vice-Governador que, na célebre reunião realizada por Franco Montoro - isso precisa ser lembrado, para tributar essa homenagem a esse grande Governador de São Paulo, a esse grande homem público do Brasil -, que reuniu os onze Governadores da Oposição e disse que estava na hora de o PMDB conclamar o povo e ir às ruas na famosa campanha das “Diretas Já”.

Refiro-me aos onze Estados da Federação brasileira e seus respectivos Governadores que lá compareceram: o anfitrião Franco Montoro; Rio Grande do Sul, na sua pessoa, Senador Pedro Simon; Paraná, na pessoa do inesquecível José Richa; Goiás na pessoa de Íris Rezende, hoje Prefeito de Goiás, e que já foi nosso colega aqui no Senado; Rio de Janeiro, representado por um homem que, na vida pública, sempre teve uma conduta praticamente retilínea, uniforme, a ponto de não se poder apresentar qualquer contradição - Leonel Brizola. Estavam presentes também os Governadores do Pará, Jader Barbalho; o ex-Governador de Minas Gerais, que depois deu a sua vida em holocausto ao Brasil, Tancredo Neves; o ex-Governador de Santa Catarina, de saudosa memória, Pedro Ivo; o Governador do Estado do Acre, que foi nosso companheiro no Senado, Nabor Júnior; e Gilberto Mestrinho, então Governador do Amazonas, que não vejo neste momento, mas esteve aqui até há pouco tempo. Eram dez Governadores e um Vice-Governador. Wilson Barbosa Martins, que governava Mato Grosso do Sul como seu primeiro Governador, não pôde estar presente e pediu-me que o representasse porque o Mato Grosso do Sul não poderia estar ausente a uma reunião daquela importância para a democracia no Brasil.

Lá fui eu, humildemente e, ao lado de dez Governadores, assinei, como Vice-Governador, o manifesto que levou o Brasil às ruas, que lotou a Praça da Sé com mais de um milhão de pessoas, que levou à Igreja da Candelária uma multidão, que se estendia até a Central do Brasil, muito mais de um milhão de pessoas, naquele comício comandado por Leonel Brizola.

Estive presente a todas essas manifestações, mas era modesto, como sou até hoje. Era um Vice-Governador e só queria estar lá para dizer que Mato Grosso do Sul estava presente aos movimentos democráticos, tanto que, quando me perguntaram se eu queria fazer uso da palavra, diante de tantos oradores que lá se encontravam, eu disse: “Só digam que Mato Grosso do Sul está presente, e fico muito satisfeito, muito orgulhoso. E eu e Mato Grosso do Sul já nos consideramos integrados nessa luta para eleger o Presidente da República”. E foi ele mesmo que nós queríamos, mas, por incrível que pareça, por essas coisas da política, a eleição se deu por meio de um Colégio Eleitoral.

Coisa interessante, senhoras e senhores que me ouvem! Às vezes, um Colégio Eleitoral pode falar mais alto. Digo “às vezes”, porque não quero que isso aconteça, quero sempre eleições diretas. Mas, de que aquele Colégio Eleitoral falou por todo o Brasil, não tenho dúvida nenhuma, e o fez quando elegeu Tancredo Neves e José Sarney para Presidente e Vice-Presidente, respectivamente, do nosso País.

É esse o PMDB. Ele é o responsável por todos os partidos políticos que existem no Brasil. Não há figura expressiva na vida pública nacional que não tenha passado pelo PMDB; e, se não passou, deve ao PMDB a sua vida pública e a sua vida democrática. Que mais posso dizer?!

O PMDB - e é isto que me traz à tribuna - não pode mais viver da sua história. A história do PMDB é empolgante, mas o Brasil tem desafios pela frente, desafios de um Partido cuja história e com tantas Lideranças nos seus quadros tem de responder aos desafios atuais da vida brasileira, que são os mesmos de sempre. Não são mais desafios políticos pelos quais o PMDB lutava, mas são desafios sociais pelos quais o PMDB tem responsabilidade: a eliminação das desigualdades sociais e regionais; a necessidade de termos um plano de desenvolvimento para o Brasil, um plano de eliminação da pobreza, da miséria, em se tratando de um País que está conturbado por uma grave crise moral, jamais vista na sua história.

É um chamamento. Está na hora de o PMDB fazer um chamamento a todos. Como o fez no passado, que o faça no presente, porque está sendo intolerável, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores e aqueles me ouvem, assistirmos àquilo a que estamos assistindo nas telas da televisão, na mídia brasileira, que mostra crianças com nove anos de idade vivendo do tráfico de drogas, tendo como padrinhos os traficantes, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.

O PMDB tem de participar da vida política nacional com candidatura própria, sim. Se temos nomes, se temos história, não vamos fugir à nossa responsabilidade.

O PMDB é um Partido muito grande - Sr. Presidente, vou encerrar, porque senão ficarei falando aqui por horas intermináveis. Há um episódio recente que mostra a grandeza do Partido: o Poder Judiciário impediu o Partido de realizar as prévias que foram realizadas no domingo. Houve uma decisão judicial em que ficou estabelecido o seguinte: o PMDB não pode realizar as prévias. E o PMDB não combinou nada com ninguém. Somos 27 Estados da Federação, Colégio Eleitoral de milhares de eleitores. A Justiça não reclamou. O PMDB fez ouvidos de mercador, foi lá e realizou uma prévia bonita, como se dissesse ao País: para que uma ordem judicial como essa? Por que tentar impedir um espetáculo como esse, dos filiados de um Partido que comparece espontaneamente para escolher um dos seus candidatos, para discutir política, para falar das suas idéias?

Meus amigos, isso só acontece porque, nos quadros partidários da vida pública brasileira, há um nome consagrado, respeitado, que não se vangloriou pela realização das prévias, que não tripudiou sobre a decisão judiciária. Muito ao contrário, disse que respeitava a decisão judiciária, que faria uma consulta e diria: só vamos ali para fazer discursos, como foram feitos; só vamos ali para colocar o voto, para dizer aquilo que queremos e pretendemos.

Sr. Presidente e aqueles que estão me ouvindo no Brasil, isso só acontece com o PMDB; e pelo fato de acontecer somente com o PMDB, as coisas e a reviravolta neste País só poderão acontecer se continuarem a reverenciar a memória e a pensar o PMDB no futuro. Não o PMDB sozinho, porque ele não é dono da verdade, mas que juntemos as Lideranças que querem o bem do País e pensemos que esse quadro que estamos vivendo hoje o Brasil não quer, isso o Brasil não aceita, isso o Brasil não tolera.

É preciso haver mudança no Brasil, e na chefia dessa mudança, seja por um caminho ou por outro, deverá estar o PMDB. É isso o que penso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.

Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/03/2006 - Página 9292