Discurso durante a 27ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Dificuldades enfrentadas por empresários para realizarem investimento e o baixo crescimento da economia brasileira. (como Líder)

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Dificuldades enfrentadas por empresários para realizarem investimento e o baixo crescimento da economia brasileira. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 28/03/2006 - Página 9538
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, NOCIVIDADE, EFEITO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO FEDERAL, INSUFICIENCIA, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), EXCESSO, CARGA, TRIBUTAÇÃO, DIFICULDADE, EMPRESARIO, INVESTIMENTO, SETOR, PRODUÇÃO, REDUÇÃO, PODER AQUISITIVO, CLASSE MEDIA, EMPOBRECIMENTO, POPULAÇÃO, AUMENTO, DESEMPREGO.
  • COMENTARIO, ESTUDO, INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA), INCOMPETENCIA, GESTÃO, ESTADO, CENTRALIZAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, EXCESSO, TAXAS, JUROS, AUSENCIA, DISPONIBILIDADE, VERBA, CAPTAÇÃO, INICIATIVA PRIVADA, PRIORIDADE, PROGRAMA ASSISTENCIAL, NEGLIGENCIA, CRIAÇÃO, EMPREGO.

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O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, Srªs e Srs. Senadores, os jornais, de quinta-feira para cá, trazem uma análise sobre o desempenho da economia brasileira, que chama a atenção não apenas daqueles que, sendo empresários, estão sentindo na pele a incapacidade de investir que o setor produtivo atravessa, como, principalmente, destacam o susto que o próprio Governo levou quando descobriu que o desemprego aumentou, e muito, no último trimestre.

Se tomarmos os dados, vamos ver por quê. Aqui está uma manchete do jornal O Estado de S. Paulo: “Imposto come 42% da alta do PIB”, ou seja, quase a metade do crescimento da economia nacional, que deveria estar beneficiando principalmente as camadas menos favorecidas da população - 42% da alta do PIB -, estão ficando exatamente na mão do Governo ou, pior, sendo transferidos para outros países.

Nos últimos dez anos, o PIB no Brasil cresceu 22%; o crescimento da economia mundial ficou em 45%, portanto, metade do que cresceu a economia mundial nesse período. Esse fenômeno do baixo crescimento da economia não é de agora, pois já vem acontecendo desde o Governo anterior. Acentuou-se agora, porque, no ano passado, houve um crescimento de 2,3% da economia. Quando a economia cresce, isso ocorre praticamente de forma vegetativa, porque, nos últimos dez anos, o crescimento da nossa renda foi de 0,7% ao ano per capita, enquanto, na economia mundial, foi de 2,5%.

Se compararmos o Brasil com aqueles que chamo de nossos concorrentes, os países emergentes, ou seja, a China, a Rússia e a Índia, vamos ver que aqueles países tiveram uma média de crescimento anual de 4,3% na Rússia; de 4,4%, na Índia; e 7,7%, na China. E o Brasil, repito, nos últimos dez anos, ficou com uma média de 2,6%.

Isso significa que, mesmo se o crescimento estivesse sendo distribuído para a população de forma integral, não estaria atendendo ao crescimento da população. Por isso, observa-se a descapitalização e o empobrecimento da população. Já se verificou uma redução da classe média em nosso País, de forma brutal: pessoas que antes eram da classe média passaram a ser consideradas da classe “c”, ou seja, pobres, com uma renda anual abaixo da média do crescimento per capita do Brasil.

Por que isso vem acontecendo? Um estudo do Ipea, órgão financiado pelo Governo, chega à conclusão de que os motivos ou as causas principais são juros altos; falta de competência no gerenciamento do Estado, que se apossa praticamente de todos os recursos disponíveis; o baixo investimento permitido pelo Estado, já que o maior captador de recursos no mercado é a própria União - não sobram, portanto, recursos para a iniciativa privada captar e investir em projetos de crescimento do emprego; a corrupção - e um exemplo muito claro disso é que o Governo ainda gasta com a Sudam e a Sudene, que foram extintas, onde se verificou um rombo, o que por ser dito um roubo de R$5 bilhões. Lá, o Governo gasta R$70 milhões todos os anos em função de projetos que não foram cancelados, mesmo quando havia sido constatada alguma irregularidade grave, ou seja, desvio de recursos públicos.

Agora, soma-se a tudo isso o gerenciamento do Governo, voltado a fazer uma política assistencialista, que toma recursos que deveriam estar sendo investidos para que o setor produtivo gerasse empregos, para uma ação permanente e duradoura de Governo. No entanto, este prefere o imediatismo de doar alguns trocados, para que famílias possam, nas próximas eleições, votar no Presidente da República exatamente pelos benefícios que estão recebendo diretamente. Não sabem que esses benefícios poderão ser cortados ali adiante, quando o País encontrar-se numa situação econômica ainda pior do que a que se encontra hoje, porque, sem investimentos, sem apoio ao setor produtivo, o País não crescerá e, se não crescer, não haverá recursos suficientes para atender aos seus programas e às demandas sociais, que deverão ser cortados em função exatamente da falta de dinheiro para continuá-los. São programas que duram muito pouco tempo, Senador Papaléo Paes, enquanto o emprego pode dar, além da dignidade à família, esperança para um futuro melhor.

Por isso, faço mais um alerta: que o Governo, mesmo neste ano, que é eleitoral, mude a sua política econômica, para gerar mais empregos e para combater a corrupção, Senador Papaléo Paes, não apenas dentro do Governo, mas também naquilo que vem trazendo um enorme prejuízo aos cofres públicos brasileiros.

Um Ministro do Tribunal de Contas esteve no meu Estado e verificou que a União pagou por estradas que não foram sequer reformadas no trajeto entre União da Vitória e Palmas. Lá, obras que não foram feitas foram pagas para empreiteiras. Em nome de que isso vem sendo feito e para beneficiar quem?

Isso, Sr. Presidente, é o que eu gostaria de dizer, para explicar por que o Brasil não cresce e por que o desemprego cresce tanto, principalmente em Estados onde o setor produtivo primário é a base da economia.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/03/2006 - Página 9538