Discurso durante a 27ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a demissão do Ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre a demissão do Ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 28/03/2006 - Página 9577
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, OMISSÃO, CONDUTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), RECUSA, ESCLARECIMENTOS, DEMISSÃO, ANTONIO PALOCCI, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), IMPUTAÇÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, RESPONSABILIDADE, AFASTAMENTO, AUTORIDADE, MOTIVO, VIOLAÇÃO, SIGILO, CONTA BANCARIA, TESTEMUNHA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o estranho disso tudo é que, até o momento, o PT, pelas suas Lideranças formais não tenha ainda vindo a esta tribuna esclarecer à Nação o que ocorreu. Socorre-se, mais uma vez, dos serviços do sempre generoso e dedicado militante Tião Viana.

Penso que a um assunto dessa natureza, que envolve um Ministro da Economia, deveria caber um esclarecimento das Lideranças formais do Partido. Mas, daqui a pouco, vão chegar Sr. Presidente, para colocar a culpa na Oposição, para dizer que a Oposição entrou na intimidade do Ministro Palocci, sem se lembrar que quem o derrubou foi exatamente o PT ao entrar na intimidade do caseiro.

Agora mesmo, a informação que me chega aqui pela imprensa é de que o Sr. Jorge Mattoso, no depoimento na Polícia Federal, disse que entregou o extrato ao próprio Ministro. É lamentável que um homem que tenha prestado tantos serviços à economia brasileira, ao longo de três anos e meio, seja derrubado pelos maus amigos que o cercaram no Governo.

Senador Antonio Carlos, o PT - e não generalizo, em respeito inclusive a V. Exª, Senador Tião Viana -, quando se sente no banco dos réus, vai atrás de companheiros. E, agora, traz o fato da Nossa Caixa em São Paulo. Ouvimos, agora há pouco, pronunciamentos aqui a esse respeito. São duas questões totalmente diferentes. Acho que o caso da Nossa Caixa deveria ser comparado ao caso em que o cunhado do Ministro Gushiken, utilizando-se do prestígio no Palácio, conseguiu recursos para a publicação de revistas de sua responsabilidade, como a Investidor Institucional e a Investidor Individual em mais de R$2 milhões. O Governador Geraldo Alckmin tomou as providências e remeteu o fato ao Ministério Público. O atual Governo vive em crise e, em todas elas, a origem é a omissão, a tentativa de jogar para debaixo do tapete o erro dos militantes ou, então, de defendê-los sem saber, de fato, o que ocorre.

É lamentável, Senador Antonio Carlos Magalhães, mas é a verdade. E se formos examinar o que ocorreu na Caixa Econômica, os envolvidos são militantes partidários que foram deslocados, alguns de São Paulo, para virem servir aqui. E essa bisbilhotice na conta do caseiro não é isolada. Em outras instituições bancárias do País, os funcionários denunciam que existe o mesmo processo.

Concedo o aparte ao Senador Antonio Carlos Magalhães, com o maior prazer.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - V. Exª, como sempre, muito apropriadamente coloca o assunto. Os maus amigos derrubaram o Ministro Palocci, inclusive o Presidente da Caixa, que, se fosse mesmo um amigo do Ministro Palocci, lhe diria: “Ministro, eu lhe devo obediência, mas o senhor está cometendo um crime. Se eu fizer isso, também estarei cometendo um crime. Vamos evitar esse fato”. Mas, não, incentiva e comete o crime. O Presidente da Caixa é responsável tanto quanto o Ministro Palocci, ou mais.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Esse é um episódio muito triste, Sr. Presidente, porque poderá ou não - espero que não aconteça - comprometer a credibilidade brasileira perante o mercado do mundo no instante em que vivemos um bom momento, uma boa hora na nossa economia.

É lamentável. Só espero que a substituição do Sr. Palocci não atenda ao anseio de alguns membros do Partido dos Trabalhadores que defendem com sofreguidão a “gastança” desenfreada em período eleitoral, porque há essa ala e há essa divisão. O Sr. Palocci, antes de ser bombardeado pela Oposição, era constantemente bombardeado, nesta Casa, pelos seus companheiros.

Na CPI dos Bingos e na CPMI dos Correios, muitas vezes, via os Senadores da base oposicionista defenderem o Palocci e a omissão completa, propositada, deliberada dos seus próprios companheiros.

            Agora, vão chorar o leite derramado e colocar a culpa na Oposição; não têm a condição de assumir a responsabilidade, porque, nessa questão de entrar em intimidade aqui, se há um partido que não tem a menor condição moral de fazer críticas é exatamente o Partido dos Trabalhadores, que entrou na intimidade de vários homens públicos, inclusive do Congresso Nacional; que o diga o Deputado Manoel Moreira, cassado e que teve a mulher custodiada e protegida...

(Interrupção do som.)

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Estou encerrando, Sr. Presidente, e agradeço a V. Exª. ...por membros históricos do Partido dos Trabalhadores; devassaram as suas contas. Estou citando apenas esse exemplo porque pedi permissão ao ex-Deputado para isso.

De forma que o próprio Palocci jamais vai acreditar que foi vítima da Oposição. Ele sabe que é vítima dos maus amigos e, acima de tudo, da omissão quando precisou de seus companheiros de cima.

Muito obrigado.

 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/03/2006 - Página 9577