Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao presidente Lula por ter ido à Bahia para inaugurar a Universidade do Vale do São Francisco, que foi construída pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas ao presidente Lula por ter ido à Bahia para inaugurar a Universidade do Vale do São Francisco, que foi construída pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Publicação
Publicação no DSF de 22/02/2006 - Página 5730
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, INCOERENCIA, CONDUTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VIAGEM, ESTADO DA BAHIA (BA), INAUGURAÇÃO, UNIVERSIDADE, VALE DO SÃO FRANCISCO, OBJETO, CONSTRUÇÃO, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • QUESTIONAMENTO, GOVERNO FEDERAL, DISCRIMINAÇÃO, ESTADO DA BAHIA (BA).

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto a esta tribuna, infelizmente, para criticar o Presidente Lula, desta feita por ter ido hoje ao meu Estado.

Segundo todas as notícias que tenho em mão, Sua Excelência foi inaugurar - vejam bem! - a Universidade do Vale do São Francisco, que foi criada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso e que já funcionava há muitos anos. Mas foi inaugurá-la, assim como vai, hoje mesmo, bater a pedra fundamental de uma universidade em Petrolina e de outra em Arapiraca. E, amanhã, vai reinaugurar, pela terceira vez, o aeroporto de Recife. É inacreditável que isso aconteça!

E o pior ainda é que Sua Excelência disse que duvidava que outro governo tivesse mais cuidado com o povo da Bahia do que ele. Diz o Presidente Lula: “Não importa que um político [e o político sou eu, que tenho essa glória] fale mal de mim, pois, em qualquer lugar que eu vá na Bahia, no interior ou capital, eu sou bem tratado. Não é possível fazer em quatro anos o que não foi feito em 500”. E diz: “Na outra encarnação, eu fui baiano”.

Aí entendo: essas obras que ele diz que fez na Bahia foram feitas na outra encarnação, não agora, não. Agora, ele não fez nada, absolutamente nada. Mas, na outra encarnação, é possível que ele as tenha feito, talvez antes até de Cabral. Só assim, posso acreditar na coragem do Senhor Presidente da República de dizer isso.

Estamos vivendo um momento de mentira, o momento da palavra que não tem valor algum, nem significado, mesmo que ela seja do Presidente da República do País.

O Presidente da República do País está dando esse exemplo para a mocidade - ele, agora, quer conquistá-la - de um homem que mente, de um homem que não fez nada pelo Nordeste, embora tivesse a obrigação de tê-lo feito porque lá nasceu, de família pobre, e transportou-se, como sempre diz, de caminhão, para São Paulo, onde foi torneiro mecânico. Hoje, vive a vida de nababo.

Ele nunca fez nada pela Bahia, a não ser aumentar o Bolsa-Família pensando em eleger o seu candidato. Entretanto, embora seja seu Ministro, ele é o último colocado nas pesquisas.

Ele deveria dizer - tenho pena de falar por causa desse querido Senador Tião Viana, que esperamos sempre brilhe no seu Estado ou aqui e que recebe a homenagem de todos os seus colegas - que investiu R$110 milhões no Acre e R$4 milhões na Bahia. O que ele faz é recuperar as estradas federais, trabalho que foi interrompido em solo baiano: quando chegam na fronteira, param e pulam para o Espírito Santo. Talvez porque um político fale mal dele, ou melhor, diga a verdade sobre ele.

Pouco importa, Sr. Presidente, pois a Bahia é dos Estados que mais se desenvolvem no Brasil.

Ele faz isso para que o povo baiano mostre a sua fibra, o seu esforço, e possa, com recursos próprios, realizar uma administração que é, hoje, notada em todo o Brasil e até no exterior. Nós temos investimentos industriais de toda parte. Somos hoje, talvez, o Estado que mais tem turismo no País. Estamos com construções maravilhosas de hotéis de grupos portugueses, espanhóis, italianos e até alemães. São mais de três bilhões que estão sendo investidos, agora, só na rede hoteleira.

Essa é a Bahia, que cresce por seu valor, pelo valor dos seus filhos e não porque, na outra encarnação, o Senhor Lula foi baiano. Nesta encarnação, o que eu posso dizer é que o Lulinha vai muito bem. O Lulinha vai bem. Pegou mais R$5 milhões da Telemar e, com os R$5 milhões anteriores, são R$10 milhões. E o Governo não fala nada sobre isso, não dá uma nota explicando. A Telemar também não dá nota explicando coisa alguma, porque o inexplicável não se explica. E essa é a posição desse Governo, que engana a população mais pobre por meio do Bolsa-Família, criado pelo Senador Cristovam Buarque com recursos obtidos no Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, criado por mim.

Sr. Presidente, este Governo faz de tudo para que a Transnordestina não passe pela Bahia. Ela não passa pelo meu Estado e não pega nada da produção do oeste baiano, que talvez seja, hoje, a região brasileira que mais produz grãos. Gaúchos, paranaenses, catarinenses, paulistas, pernambucanos e homens de negócios de toda parte têm interesse de ir para a Bahia, porque sabem que lá há Governo sério, que não cobra comissão, que não tem os aspectos imorais da atual Administração Pública do Brasil. Desafio quem quer que seja a apontar uma irregularidade desse tipo no Governo da Bahia. Erros talvez possam ser cometidos aqui e ali, mas desse tipo, não. Nós não temos “Lulinhas”, nem “Vavás”, nem outros tantos que usam o Poder Público para enriquecer. Nós queremos é enriquecer o Estado, e vamos fazê-lo.

Reencarnando, quem sabe, em outras gerações, o Presidente Lula poderá fazer alguma coisa pela Bahia, mas se fez até agora, ninguém viu, ninguém vê, porque não fez no Nordeste coisa alguma.

Acredito, até, que esteja dando apoio ao Acre neste momento, e deve fazê-lo. Quero que o dê, mas não deu ainda para os Estados que estão sofrendo os horrores das secas, como, por exemplo, Bahia, Pernambuco, Paraíba e tantos outros que estão mendigando recursos para diminuir a fome do homem que lá reside. Essa é a situação do Brasil.

Vou-me dirigir, na hora própria, ao Sr. Ciro Gomes para mostrar o que acontece na Bahia e ver se ele vai atuar ou vai retaliar. Acredito que vá atuar, porque retaliar mais não é possível, mas se for retaliar, saberemos responder não só nas urnas, em 03 de outubro, mas sobretudo agora, com a Bancada aguerrida na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

(Interrupção do som.)

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - A nossa voz, Sr. Presidente, eu prometi aos baianos que não se calaria e não se vai calar. Ninguém calará a minha voz em defesa daquilo que considero justo e sério para a defesa do meu Estado e do meu povo.

Quero dizer ao Presidente Lula que ele foi, sem dúvida, um dos piores governantes que a Bahia teve em todos os tempos e só mesmo a sua mania de grandeza pode levá-lo ao ponto de dizer que o seu foi o grande Governo que a Bahia teve na área federal.

Senhor Presidente Lula, raciocine antes de falar, para não errar tanto como tem feito por este Brasil afora. Onde quer que vá, a sua frase é sempre a mesma e a sua mentira é cada vez maior.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/02/2006 - Página 5730