O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente do Senado Federal, Senador Renan Calheiros; Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Aldo Rebelo; Sr. Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Nelson Jobim; Srª Vice-Presidente e Presidente eleita do Supremo Tribunal Federal, Ministra Ellen Gracie; Sr. Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Dr. Roberto Busato; Sr. Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ministro Vantuil Abdala; Sr. Ministro Walton Alencar Rodrigues, Vice-Presidente do Tribunal de Contas da União, representando seu Presidente, é uma responsabilidade enorme falar depois do pronunciamento do Senador Pedro Simon, mas eu não poderia perder, Presidente Renan Calheiros, esta oportunidade de falar um pouquinho com meu coração para uma pessoa que é muito especial para o Brasil, mas talvez mais especial ainda para nosso Rio Grande do Sul. E são exatamente do coração essas palavras. Por que é que elas saíram um pouquinho, inclusive, da linha dos pronunciamentos? Porque quero falar um pouco da experiência pessoal, como pessoa pública, Ministro Jobim, que vivi com V. Exª, com o Ministro Jobim, com a pessoa, com o ser humano, com o cidadão. Sua presença por onde passa é realmente muito forte. É tão forte, tão marcante, que é importante lembrar os caminhos, os sonhos, os desafios que foram enfrentados lá atrás, Senador Simon, lá no Morro da Cruz, e que seguramente fortalecem suas convicções em cada instante, em cada importante decisão tomada na condição não apenas de Parlamentar, mas como Ministro da Justiça, como Ministro do Supremo e seu Presidente.

Lembro-me, meu querido líder Simon, daquela histórica caminhada que fizemos juntos em 1986. V. Exª, candidato a Governador do Estado do Rio Grande do Sul; eu, a Deputado Estadual, e nosso homenageado disputando uma vaga, uma cadeira aqui no Congresso Nacional, na Câmara Federal. Algumas cenas a gente não esquece: não faltavam muitos dias para as eleições e estávamos todos - era um sábado pela manhã - caminhando pelas estreitas ruelas do Morro da Cruz. Foi ali que conheci o Ministro Jobim, naquelas caminhadas. Foi lá, por suas estreitas ruelas daquele morro, à época uma das regiões mais violentas da capital gaúcha. As únicas referências daquele povo excluído socialmente eram o saudoso Padre Ângelo e a irmã Neli. E, do outro lado, o comandante do tráfico: o “anão”. Lá estávamos nós, Ministro, entre aquele povo que nos recebia com o coração cheio de esperança.

Hoje dá para dizer que, graças àquelas iniciativas pioneiras implantadas lá pelo Senador Pedro Simon e que foram depois implementadas por seus sucessores, no Governo de Estado e na Prefeitura, a condição de vida daquelas pessoas, daquelas famílias melhorou.

Não tenho nenhuma dúvida de que aquelas caminhadas foram muito importantes nas suas reflexões, Ministro Jobim, sobre decisões duras, nem sempre compreendidas por todos nós, na solidão daqueles momentos para os quais temos que dar um parecer, como assinar um documento que impacta a sociedade, que tem uma expectativa diferente daquela que o nosso jurista vai tomar.

            Enfim, imagino que aquelas caminhadas foram importantes para essas reflexões também. Acredito que o pé no barro, Ministro, o abraço do pobre, a esperança do excluído, não tenho nenhuma dúvida, pesaram em cada decisão do grande homem público. Como gaúcho, Ministro Jobim, seu admirador, espero, como muitos, que agora, amanhã, depois, liberado das grandes responsabilidades que suas atividades lhe impuseram, passando o bastão para a Ministra Ellen Gracie, que também tem uma história tão bonita lá com o nosso Estado do Rio Grande do Sul, que nos orgulha tanto - a Ministra é um pouco carioca, um pouco gaúcha, talvez hoje mais gaúcha; afinal, temos tanto orgulho disso! -, o nosso Ministro Jobim possa dedicar agora um pouco mais do seu tempo para aquele seu povo, para o seu Estado, para o nosso Rio Grande do Sul, que, não tenho dúvidas, o aguarda de braços abertos.

Muito obrigado. (Palmas.)

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