O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan Calheiros, Sr. Presidente da Câmara, Aldo Rebelo, Sr. Presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, Srª Vice-Presidente e Presidente eleita do Supremo Tribunal Federal, Ministra Ellen Gracie, Sr. Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Dr. Roberto Busato, Sr. Presidente do Tribunal Superior do Trabalho Ministro Vantuil Abdala, Sr. Ministro Walton Alencar Rodrigues, vice-Presidente do Tribunal de Contas da União, representando o Presidente.

Serei sucinto, breve, Sr. Presidente, até porque a frase de V. Exª calou fundo o meu peito: “Não vamos transformar uma sessão de homenagem numa sessão de tortura”.

            Não vou repetir o que está na Internet nem o que todo mundo já falou, nem vou citar o seu currículo, nem repetir o seu Município de nascimento, mas preciso falar porque sou seu amigo, lhe admiro, respeito, e na minha fala sucinta gostaria de ressaltar que o me compunge tanto a admirá-lo - e a minha insistência em falar hoje - é exatamente a sua postura corajosa. Covarde não sobrevive.

            Presidente Nelson Jobim, sua postura diante das suas crenças, suas posições são o que fazem do Ministro o homem que é. Quem não tem posição não escreve nada e nada tem para revelar para a história. Já dizia minha mãe, Dona Dadá, analfabeta profissional: “Um homem precisa ter posição”. V. Exª tem. Suas posições são em nome das suas crenças, não importa a manchete que vai lhe valer no outro dia, se boa ou ruim, se vão gostar ou desgostar. Mas o seu traço mais forte e que conduz este seu amigo a lhe admirar tanto é a sua postura corajosa diante da sua crença.

            Lembro-me que, aos 17 anos de idade, um tio meu, em Recife, me deu uma oportunidade, me colocou dentro da sua casa para me ajudar, sentou-me à mesa, olhou para mim e disse: “Meu filho, o homem é aquilo que ele escolhe ser”.

            Minha mãe, Dona Dadá, contou-me uma história com a qual encerro meu discurso: em uma comunidade muito simples gerou-se um moço muito inteligente que estudou, foi para o exterior fazer doutorado, depois outro doutorado. Voltou um dia para falar a sua comunidade. Entrou tão onipotente com um livro embaixo do braço, alguns anéis nos dedos, com o nariz empinado, passou no meio daquele povo simples, da comunidade que o pariu, como se ali não existisse ninguém. Fez uma explanação cheia de termos difíceis, colocações incompreensíveis; não dava para entender onde ele queria chegar. Mas ele era um doutor. Ao final fez um apelo ao coração da comunidade, e ninguém reagiu porque também ninguém entendeu. Ele desceu da plataforma cabisbaixo com o livro quase encostando no joelho, olhando para o chão. Ao chegar lá fora disse-lhe uma senhora bem velhinha: “Meu filho, se você tivesse entrado como está saindo, certamente estaria saindo como você entrou”.

Ministro Nelson Jobim, o senhor está saindo do Tribunal desta forma: homenageado pelos seus amigos, pelo Poder Legislativo, cantado, decantado pelos seus compatriotas, por quem o conhece - e olhe que nem prestei tanta atenção em você na época da nossa Constituinte. Não conheço tanto da sua história como muitos conhecem, mas, a partir de travada amizade, a admiração cresceu. Acompanhei sua chegada ao Supremo e depois à Presidência, vi a simplicidade com que entrou e com que tratava indoutos como eu que pouco conhecem e têm pouco saber jurídico; vi o abraço afetivo, a sinceridade de quem tem posição. Por isso, meu amigo, é que hoje o amigo recebe tantas homenagens, saindo exaltado por conta da maneira simples e humilde com que assumiu. A Bíblia diz que aqueles que se humilham de fato, esses, sim, são exaltados. Orgulha-me muito a sua amizade, orgulha-me muito conhecer a sua coragem, orgulha-me muito conhecer a sua simplicidade, que é marca significativa na vida, no caráter e na história de um homem.

Meus parabéns.

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