O SR. VALMIR AMARAL (PTB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, tal como tenho feito nos últimos anos, venho hoje à tribuna saudar o transcurso do Dia Mundial do Meteorologista, que foi celebrado na semana passada.

Entendo ser justíssima a homenagem que se presta a esse profissional. Afinal, em todas as atividades que fazem parte do nosso cotidiano existe a influência das condições do tempo. Basta que pensemos em nossas viagens - sejam elas terrestres, aéreas ou marítimas -, no plantio e na colheita dos nossos alimentos, em todas as atividades que realizamos ao ar livre.

Apesar disso, deixamos de lembrar, muitas vezes, o dedicado trabalho realizado por toda uma legião de técnicos altamente especializados, observadores e cientistas que, apoiados pela moderna tecnologia, trabalham dia e noite para pesquisar e prever as condições do tempo que vamos enfrentar. Esquecemos até, por vezes, que esse serviço, não raro, é responsável por salvar vidas humanas, ao antecipar, por exemplo, as nevascas e os tornados.

Enquanto estudo científico da atmosfera, quer em escala global, quer dentro de regiões e em localidades específicas, objetivando a formulação de conclusões que permitam o conhecimento sobre os fenômenos atmosféricos e as previsões sobre o tempo, a meteorologia desempenha papel da maior relevância. Sua contribuição volta-se para o enfrentamento de alguns dos principais problemas que, hoje, estão afetando a vida do planeta, como a conservação dos recursos hídricos em escala mundial, a identificação das causas da desertificação e o combate a ela, a compreensão das mudanças climáticas e a busca de alternativas para desacelerá-las, o manejo das reservas hídricas das megacidades e das regiões agrícolas.

A escolha do 23 de março como Dia Mundial do Meteorologista decorreu de ser essa a data de fundação da Organização Meteorológica Mundial (OMM) da Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 1950.

Todo ano, a OMM elege um tema específico para a celebração da data. Para este ano de 2006, foi escolhido o tema “Prevenindo e Mitigando os Desastres Naturais”. A escolha foi feita em reconhecimento ao fato de que 90 % de todos os desastres naturais estão relacionados ao tempo, ao clima e à água, bem como ao papel vital desempenhado pela OMM e pelos Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais, em todos os países, em contribuição à prevenção e mitigação de desastres naturais, assim como daqueles oriundos de emergências ambientais.

Uma sinopse recente sobre eventos extremos mostra seu crescente impacto no desenvolvimento sustentável. O ano de 2005 foi marcado por secas prolongadas em parte da África, Europa, Ásia, Austrália e, também, do Brasil. A República de Malaui, país situado na África Oriental, sofreu uma de suas piores secas em uma década. Fortes chuvas, excepcionais em alguns casos, causaram enchentes extensivas em várias partes do mundo. Um número recorde de furacões devastadores foi observado no Oceano Atlântico. Também no ano passado, o buraco na camada de ozônio antártico foi o terceiro mais largo já registrado, após os anos de 2000 e 2003. Uma grande destruição de ozônio também ocorreu no Ártico.

O impacto econômico de desastres naturais mostrou uma tendência de aumento nas últimas décadas. Os países em desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos, são mais afetados por esses desastres, aumentando, por causa disso, sua vulnerabilidade e atraso quanto ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social, algumas vezes por décadas.

Para a OMM, prevenir e mitigar desastres naturais é a prioridade principal. Enquanto os perigos naturais não puderem ser evitados, a integração de avaliações de riscos e alertas com medidas de prevenção e mitigação pode, ao menos, prevenir desastres. Isso significa que ações podem ser tomadas para reduzir consideravelmente a perda de vidas e os danos socioeconômicos. A OMM e os Serviços Meteorológicos Nacionais contribuem significativamente, em nível nacional e internacional, na identificação, avaliação e monitoramento de riscos de desastres e na divulgação de alertas. O compromisso dessas organizações é de trabalhar para reduzir pela metade o número de mortes de origem meteorológica, hidrológica e climática nos próximos 15 anos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, o nível de desenvolvimento nacional no campo da ciência meteorológica é significativo. O Brasil é um dos seis países que conseguem traçar prognósticos de previsão do tempo para cinco dias. Fazemos parte do seleto grupo de nações que estão desenvolvendo um modelo de processamento de dados de alta resolução e, ainda, somos o País coordenador da América Latina na rede meteorológica mundial. A meteorologia, no País, proporciona, com segurança, uma previsão de dois a três dias com 90% de acerto. Para um período de 24 horas, o acerto é de 97%.

A previsão dos fenômenos climáticos, fundamental para evitar os transtornos ocasionados pelos desastres naturais, vem sendo cada vez mais utilizada por agricultores e fazendeiros que querem evitar perdas e danos em suas plantações e rebanhos. De acordo com Prakki Satyamurty, doutor em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia, uma previsão de geada confiável, com 48 horas de antecedência, pode salvar cafezais, hortaliças e lavouras no valor de centenas de milhões de reais. Portanto, a relevância da meteorologia para o setor agrícola do Brasil é grande, e uma estimativa conservadora do valor comercial das previsões do tempo para o País gira em torno de alguns bilhões de reais por ano.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, apesar da importância da Meteorologia, carecemos, ainda, de uma política eficaz de valorização desses profissionais e de inserção deles no mercado de trabalho. A não-realização de concursos públicos é uma evidência disso.

O último concurso realizado pelo Instituto Nacional de Meteorologia, por exemplo, foi há vinte anos. Empresas como a Infraero e Furnas, bem como o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e os sistemas estaduais de meteorologia, por seu turno, têm contratado. Ainda assim, as vagas são reduzidas.

É urgente a abertura de novos postos de trabalho no setor privado e a ampliação da atuação dos meteorologistas nas instituições públicas. É importante haver meteorologistas em órgãos como a Defesa Civil, municipal e estadual, e nas instituições ligadas ao meio ambiente e ao agronegócio.

No transcurso de mais um 23 de março ocorrido recentemente, fica aqui registrada, portanto, minha sincera homenagem a todos os meteorologistas do Brasil e meu decidido apoio a uma maior valorização dessa importante categoria profissional.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado!

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