Discurso durante a 28ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Ponderações sobre a demissão do Ministro Palocci. (como Líder)

Autor
Leonel Pavan (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Leonel Arcangelo Pavan
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.:
  • Ponderações sobre a demissão do Ministro Palocci. (como Líder)
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2006 - Página 9795
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
Indexação
  • COMENTARIO, DEMISSÃO, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), CONTINUAÇÃO, NEGLIGENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CORRUPÇÃO, GRAVIDADE, QUEBRA DE SIGILO, EMPREGADO DOMESTICO, DEPOIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.

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O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Pela Liderança do PSDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho um pronunciamento a fazer referente aos repasses da Lei Kandir que não estão sendo executados como deveriam pelo Governo Federal.

Porém, antes de fazer esse pronunciamento, quero lembrar aqui que, há poucos dias, o Senador Arthur Virgílio disse desta tribuna que o Palocci deveria ser demitido e argumentava por que deveria ser demitido. O Senador Arthur Virgílio, que tecia alguns elogios à política econômica praticada pelo Ministro Palocci, reconhecia o trabalho por ele desenvolvido, mas dizia que, diante de todas as acusações que estavam ocorrendo, o Ministro Palocci deveria ser demitido.

Depois, a Líder do Governo veio à tribuna e respondeu ao Senador Arthur Virgílio, dizendo que quem nomeava e quem demitia era o Presidente da República. Logicamente, o correto seria isso, mas o núcleo duro está sendo demitido não pelo Presidente; está sendo demitido por alguém que não tem essa prerrogativa. Quem demitiu o todo-poderoso, o ex-ministro, o primeiro ministro demitido do Lula - vejam que ele saiu e já esquecemos o nome dele -, quem demitiu José Dirceu foi justamente Roberto Jefferson, que dizia “sai daí, José Dirceu”, e José Dirceu foi demitido. Agora, quem demitiu o Palocci foi o caseiro. Foi o caseiro quem demitiu Palocci. Na melhor das hipóteses, quem o demitiu foi o Presidente da Caixa Econômica, o Jorge Mattoso, o companheiro deles. O Lula, que tem a prerrogativa de demitir quando ocorrem casos de escândalo, por corrupção, por incompetência, não o tem feito. Quem demitiu José Dirceu foi Roberto Jefferson, e quem demitiu o Palocci foi o caseiro ou, na pior das hipóteses, o Mattoso.

Concedo o aparte, com muito prazer, ao Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Agradeço a V. Exª, que faz uma análise verdadeira, mas, neste caso de Palocci, quem mandou o Presidente da Caixa dizer na Polícia Federal que foi o Palocci foi Lula, às nove horas da manhã de ontem. Mandou que ele dissesse isso porque queria demitir o Palocci e não tinha coragem, tendo em vista a declaração leviana que deu, de que ninguém tirava Palocci.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Veja que é verdade. O Lula, quando foi a Santa Catarina, disse que Palocci não seria demitido e que tinha boas novas ou novas boas. Disse que fatos novos seriam descobertos em função das investigações e que acreditava certamente que o dinheiro depositado na conta do caseiro poderia salvar a honra do Ministro. Queria incluir, de repente, a Oposição em todo esse escândalo.

A verdade veio à tona. Por meio de uma investigação profunda da Polícia Federal, descobriu-se que quem estava por trás de todo esse processo de quebra do sigilo bancário do caseiro era justamente o Ministro da Fazenda. Pior: dois ou três dias antes, falando para empresários, disse que a economia vivia em céu de brigadeiro e que ele vivia num inferno astral, que estava mal, como se ele não tivesse relação com a questão, pedindo, inclusive, punição para aqueles que estivessem envolvidos.

Lamentavelmente, o Mattoso disse: “Entreguei ao Palocci. Ele pediu, e eu entreguei”. E ele dizia que não sabia.

Sr. Presidente, lamentavelmente, o Governo continua mentindo e dizendo que não sabe nada. Aliás, realmente não sabe sequer governar e orientar seus próprios comandados.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2006 - Página 9795