O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes; Srªs e Srs. Senadores, estamos entrando no período da Páscoa. Essa é uma época de reflexão, de renovação de crenças e de valores e, principalmente, de doação. Foi com esse espírito que um grupo de jovens adventistas do Rio Grande do Sul decidiu iniciar uma campanha evocando a solidariedade que toma conta de nós nessa época. A idéia é a de que todos, além da troca de doces, de bombons, chocolates, doem também um pouco do combustível da vida, que é o precioso sangue que corre em nossas veias.

O Projeto Mais Vida, idealizado pela juventude adventista e com apoio dos hemocentros, iniciou tímido. Em 2005, um grupo de jovens gaúchos decidiu realizar um ato solidário no período que antecede a Páscoa, mobilizando amigos para doarem sangue, refletindo, assim, o real significado da Páscoa. Com a resposta positiva da sociedade e a divulgação nos meios de comunicação do País, outros Estados realizaram eventos promovendo também a campanha. Neste ano, o projeto foi ampliado e deverá alcançar toda a América do Sul. O objetivo é atingir a meta de 100 mil doadores de sangue e no Brasil, mais de 50 mil.

Com o slogan “Ele deu tudo para você doar um pouco”, os promotores da campanha lembram o sacrifício de Cristo pela humanidade. A idéia do grupo é prática: com exposições e distribuição de material explicativo, eles buscam mobilizar os jovens para fazer parte de uma corrente de solidariedade. A campanha iniciou no dia primeiro deste mês e vai até o próximo dia 16 de abril.

Quem se interessar em ajudar pode acessar o site do projeto, que é www.projetomaisvida.com.br. Lá, o futuro doador vai preencher um pequeno cadastro com nome, endereço e tipo sanguíneo e passará a fazer parte do banco de dados da campanha. Automaticamente, será indicado o local mais próximo para realizar a doação e os contatos do coordenador do projeto na sua região. Quem participa da campanha ainda ganha esta carteirinha (mostra uma carteira), que irá também indicar as datas das próximas doações. Até agora - vejam bem, faz apenas três dias que a mobilização iniciou - já foram cadastrados mais 18 mil doadores.

É assim, com um objetivo concreto e atitudes direcionadas, que os jovens adventistas estão conquistando o Brasil. Na última semana, eles estiveram aqui, em Brasília e tiveram a oportunidade de conversar com diversos Parlamentares, inclusive com o Presidente do Congresso Nacional, Senador Renan Calheiros, a quem dirijo meus sinceros agradecimentos pelo apoio imediato dispensado à idéia. Além de acolher prontamente a comitiva que divulgava o projeto, liderada pelo Pastor Odailson Fonseca, coordenador nacional da campanha, o nosso Presidente, Renan Calheiros, disponibilizou um espaço no Salão Branco do Senado para que o grupo divulgue suas idéias nesse local, que é tão plural e tão democrático.

Agradeço também, de coração, a toda equipe do Senado Federal, especialmente aos servidores do setor de cerimonial e da Comunicação Social - Agência Senado, Rádio Senado e TV Senado -, que imediatamente acolheram a nossa proposta. Isso nos estimula ainda mais porque sabemos que, quando a idéia empolga tanta gente, é sinal de que estamos indo no caminho certo.

Quero registrar também o imediato apoio e o voto de aplauso da Senadora Heloísa Helena à iniciativa tão logo os jovens tiveram acesso a esta Casa.

Senador Mão Santa, V. Exª que preside neste momento a sessão e que é médico, Senador Papaléo Paes, que há pouco presidia a sessão e que também é médico, Senador Tião Viana, que também é médico, e Senadora Heloísa Helena, que é oriunda do setor de saúde, infelizmente, ainda há muito preconceito sobre a doação de sangue. De acordo com a pesquisa “Perfil do Doador de Sangue Brasileiro”, coordenada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 36,15% dos brasileiros que não doam sangue não o fazem porque têm medo de doar.

Mas a realidade é que, ao contrário do que muitos pensam, a doação não afina nem engrossa o sangue, não engorda nem emagrece, não vicia. Poderia viciar - não haveria nenhum problema. Assim, talvez, os hemocentros tivessem problemas. Poderia ser um vício do bem, Senador Papaléo Paes e Senador Mão Santa. Não há risco de contrair doenças. O corpo humano está constantemente produzindo sangue e, se a pessoa estiver com saúde, doar uma unidade é seguro e não apresenta efeitos colaterais. Além disso, o nosso organismo repõe o plasma em cerca de um dia após a doação e os demais componentes em algumas semanas

Para os homens, as doações podem ser feitas a cada 60 dias. As mulheres podem doar sangue a cada 90 dias.

Outros cuidados também devem ser levados em conta. Só pode doar quem tiver entre 18 e 65 anos; pesar, no mínimo, 50 quilos; e estiver em boas condições de saúde, ou seja, não estar resfriado, com febre nem com anemia. Quem for fazer a doação deve estar descansado e bem alimentado, evitando comidas gordurosas nas quatro horas que antecedem a doação e só precisa apresentar um documento original com foto. Qualquer funcionário, da área pública ou privada, terá sua falta abonada, sem prejuízo de salário, quando for doar sangue, de acordo com a Lei nº 1.075, de 1950.

E se o argumento da solidariedade não for suficiente, lembramos ainda que, doando sangue, o doador pode estar ajudando a si mesmo. Isso porque, infelizmente, existe uma possibilidade em cinco de que, pelo menos uma vez em sua vida, venha a necessitar de sangue doado. Então, por que não colaborar com os bancos de sangue de nosso País?

Dados da Organização Mundial da Saúde demonstram que apenas 1,8% dos brasileiros são doadores voluntários. O mínimo para garantir um estoque suficiente para as nossas necessidades seria de 3% a 5%. Se cada um de nós adquirisse esse maravilhoso hábito de doação, os índices poderiam ser bem diferentes. Além disso, por mais que a ciência tenha avançado, ainda não há um substituto para o sangue humano. Por isso, toda vez que alguém precisa de uma transfusão de sangue para sobreviver, ela só poderá contar com a solidariedade das outras pessoas.

Sr. Presidente Senador Mão Santa, em épocas como o carnaval e feriados prolongados, percebemos o aumento pró-doação de sangue em função do maior número de acidente que acontecem nessas ocasiões. Isso também ocorre, desde 1964, durante as comemorações do Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, celebrado no dia 25 de novembro. A conscientização e o incremento das doações em períodos específicos já é uma grande vitória, mas temos que estender esse espírito solidário aos 365 dias do ano. Todos os dias há pessoas precisando de sangue, mesmo que não saibamos seus nomes, suas histórias, mesmo que não conheçamos seus rostos. E, amanhã, quem garante que não seremos nós ou algum de nossos familiares os pacientes necessitados desse líquido vital para todos nós?

Pela nobreza do tema e pela eficácia da campanha, parabenizo mais uma vez a iniciativa da Juventude Adventista. E deixo novamente a dica: www.projetomaisvida.com.br . Cadastre-se. Doe sangue. Doar faz bem aos outros e a nós também, pois a satisfação de salvar vidas, seguramente, é a maior das recompensas.

Muito obrigado, Sr. Presidente, Senador Mão Santa, pela generosa oportunidade.

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