Discurso durante a 33ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Justificação de requerimento em que solicita voto de pesar pelo falecimento da Dra Vanize de Oliveira Macedo, Professora Titular da Faculdade de Medicina da UnB e Coordenadora da Pós-Graduação em Medicina Tropical.

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Justificação de requerimento em que solicita voto de pesar pelo falecimento da Dra Vanize de Oliveira Macedo, Professora Titular da Faculdade de Medicina da UnB e Coordenadora da Pós-Graduação em Medicina Tropical.
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2006 - Página 10775
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, PROFESSOR UNIVERSITARIO, RESPONSAVEL, POS-GRADUAÇÃO, AREA, MEDICINA, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO, ESPECIFICAÇÃO, COMBATE, DOENÇA TROPICAL, REGIÃO CENTRO OESTE, REGIÃO NORTE, REGIÃO NORDESTE, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, BIOGRAFIA, ANAIS DO SENADO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente, Senador Mão Santa, sempre generoso com seus colegas médicos e de Parlamento.

Quero externar neste momento um sentimento que julgo ser de toda a Academia, da Universidade de Brasília e do grupo científico que compõe o Distrito Federal. Temos aí desde Juscelino Kubitschek uma decisão de tornar o Centro-Oeste do Brasil uma instância de conhecimento vinculada a todas as áreas, e de modo muito distinto às doenças tropicais.

Isso veio sendo construído a muitas mãos. Marcadamente, Dr. Aluízio Rosa Prata foi condutor dessa semente que fez brotar dezenas, para não dizer centenas, de cientistas neste País para ocupar, por concurso público e a partir de seu conhecimento, a história da medicina tropical ligada ao Centro-Oeste e ao Nordeste do Brasil, tendo como grande vetor a Universidade de Brasília.

E, no último final de semana, no sábado propriamente, nós sofremos a perda da Professora Drª Vanize Macêdo - um nome que marcadamente faz parte de muitas décadas da história da medicina tropical no Brasil - que abalou toda a comunidade científica brasileira ligada à área de saúde, por ser uma pessoa que contribuiu de maneira decisiva para escrever uma das fronteiras mais importantes da medicina no Brasil, que foi a fronteira do Centro-Oeste, do Nordeste, do Norte brasileiro no que diz respeito às doenças tropicais.

Então, eu, por ter sido em três pós-graduações aluno da Professora Vanize Macêdo - inclusive na última, fui aluno de doutorado dela numa das suas linhas de pesquisa - faço este registro com a mais elevada consideração, que sei que é de todos os Senadores, com a sua biografia, com a sua vida junto à Universidade de Brasília e a seus familiares.

Gostaria apenas de modo sucinto de demonstrar a grandeza científica da Professa Vanize Macêdo, sua autoridade científica e sua dignidade como ser humano que dedicou sua vida à causa da ciência médica brasileira.

Veja V. Exª que em 1961 ela já cumpria o Curso de Atualização Terapêutica, na Escola Bahiana de Medicina, recebendo títulos, o qual foi seguido de: Curso Intensivo sobre Doença de Chagas, na Clínica das Doenças Tropicais e Infecciosas, da Universidade Federal da Bahia; Curso de Gastroenterologia, no Instituto Brasileiro de Gastroenterologia de São Paulo; Curso de Eletrocardiografia e Vectocardiografia, no Instituto de Cardiologia de São Paulo; Curso de Medicina Tropical, na Faculdade de Medicina, da Universidade Federal da Bahia; Curso de Cardiologia Clínica, no Instituto de Cardiologia de São Paulo; Curso de Hepatologia, no Instituto de Gastroenterologia de São Paulo; Curso de Fonomecanografia Professor Fsichleder, do Instituto de Cardiologia do México, São Paulo; Curso de Radiologia Cardiovascular, do Departamento de Radiologia e 2ª Clínica Médica do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo; curso de Cardiologia, da Faculdade de Medicina, na Universidade de São Paulo; Curso de Genética Médica, da Universidade Federal da Bahia.

Era Doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro na área de doenças infecciosas e parasitárias e tinha o título de livre-docência na Universidade Federal do Rio de Janeiro. O título da livre-docência foi “Influência da exposição à reinfecção na evolução da Doença de Chagas.

Exerceu um trabalho com mais de 12 linhas de pesquisa na área científica, dos quais eu apontaria: Estudo Longitudinal da Doença de Chagas em São Felipe, na Bahia; Estudo Evolutivo Longitudinal da Doença de Chagas em Mambaí, Goiás; Construção de Casas de Baixo Custo no Controle da Doença de Chagas, mal que já chegou a afetar mais de 7 milhões de brasileiros; Estudo Evolutivo da Forma Indeterminada da Doença de Chagas; Terapêutica da Doença de Chagas; Epidemiologia e Controle da Doença de Chagas; Estudo Clínico Epidemiológico da Leishmaniose Tegumentar em Corte de Pedra, na Bahia; Estudo Epidemiológico da Hepatite Delta no Estado do Acre - essa foi a minha tese de doutorado, que se constituiu no maior estudo epidemiológico sobre a Hepatite Delta em uma região da Amazônia; Estudo Epidemiológico e Controle da Malária; Terapêutica da Leishmaniose, Inquérito Eeletrocardiográfico Nacional para Doença de Chagas; Inquérito Nacional de Soroprevalência da Infecção Chagásica em Crianças de 0 a 5 anos.

Ela foi aposentada como professora titular da Faculdade de Medicina da Faculdade da Bahia, em 2004, e recebeu o título de Professora Emérita da UnB em 2006.

É reconhecida em todos os lugares da medicina tropical no mundo, sendo autora de capítulos de livros como Cecil - Tratado de Medicina Interna, que V. Exª conhece tão bem, o capítulo Doença de Chagas, escrito por ela, por muitos anos. Então, é um nome que fez a travessia das fronteiras do conhecimento médico-brasileiro, porque sua vida foi dedicada à ciência e ao conhecimento médico.

Foi membro do American Society of Tropical Medicine e do The New York Academy Sciences, e por aí vai.

A Professora Vanize é um nome que orgulha a toda a sociedade médica brasileira. E agora, quando dizíamos que a última fronteira das doenças tropicais no Brasil estavam sendo desvendadas na Amazônia Ocidental - e participei desse debate, desse entendimento de pesquisa na região amazônica - estava lá a Professora Vanize, com seu livro de coleta de dados, acompanhando as teses de pós-graduação e orientando cada item, cada momento do registro de casos, para que não se perdessem, no caminho, o reconhecimento, a análise, a meta-análise, todos os instrumentos científicos para entender os fenômenos das doenças que ocorriam na Amazônia.

Então, é um nome que orgulha a todos: a CAPES, CNPq, Ministério da Educação, Ministério da Saúde, onde ela dedicou muito da sua vida e de seu sacrifício para honrar a atividade do médico, a condição de acadêmica e a condição de cientista no Brasil.

Para mim foi uma enorme honra tê-la conhecido, ter aprendido, ter sido um aluno e ter dividido isso com dezenas de médicos e cientistas que hoje povoam as mais distintas regiões do Brasil.

Então, a mão do conhecimento médico da Drª Vanize Macedo afetou sobremaneira a condição de pensadores das doenças tropicais e da epidemiologia no Brasil.

Por isso, faço esse reconhecimento, entendendo que é um sentimento do Senado. E peço que a manifestação de pesar chegue aos familiares, à Universidade de Brasília, por intermédio de seu reitor, Dr. Timothy, e ao Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

É um nome que deixa saudades sobretudo lições do valor, do rigor científico, da honestidade cultural e do conhecimento como instrumento efetivamente comprometido com as causas sociais do Brasil.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Tião Viana, o Brasil tem uma tradição muito forte, e respeita a ciência médica entre as quais as doenças infecto-contagiosas. Não bastasse Veronese, Samuel Pessoa, Alencar, Aragão, o próprio Tião Viana, que é hoje uma sumidade nessa especialidade. Lamentamos e chegamos a esse patamar de respeitabilidade graças a pessoas como a Drª Vanize de Oliveira Macêdo.

Então, chega às nossas mãos o voto de pesar que passo a ler:

Requeiro, nos termos dos arts. 218 e 221 do Regimento Interno e de acordo com as tradições desta Casa, as seguintes homenagens pelo falecimento da Drª Vanize de Oliveira Macêdo, Professora Titular da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília - UnB, Coordenadora da Pós-Graduação em Medicina Tropical - Mestrado e Doutorado e Coordenadora do Núcleo de Medicina Tropical:

A)     inserção em ata de voto de profundo pesar; e

B)     apresentação de condolências à família, na pessoa de seu irmão Dr. Walter Macêdo; ao Presidente da Sociedade de Medicina Tropical, Dr. Marcelo Simão Ferreira; e a sua Magnificência o Sr. Timothy Martin Mulholland, Magnífico Reitor da Universidade de Brasília - UnB.

Sala das Sessões, 03 de abril de 2006. Senador Tião Viana.

 

A Presidência encaminhará o voto de pesar solicitado por V. Exª.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Agradeço imensamente a V. Exª. Apenas acrescento, como solicitação, que a biografia da Drª Vanize Macêdo faça parte dos Anais do Senado Federal e seja publicada, em anexo, a minha manifestação de solidariedade e sentimento.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

*********************************************************************************

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SENADOR TIÃO VIANA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e o § 2º do Regimento Interno.)

*********************************************************************************

Matéria referida:

“Memorial”.


Modelo1 5/17/245:36



Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2006 - Página 10775