Discurso durante a 33ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre resultado de pesquisa qualitativa realizada na Paraíba, que revelou crise nos seguintes setores: emprego, educação e saúde.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIO ECONOMICA. CALAMIDADE PUBLICA. POLITICA AGRICOLA.:
  • Comentários sobre resultado de pesquisa qualitativa realizada na Paraíba, que revelou crise nos seguintes setores: emprego, educação e saúde.
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2006 - Página 10823
Assunto
Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA. CALAMIDADE PUBLICA. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, ESTADO DA PARAIBA (PB), NECESSIDADE, POPULAÇÃO, PRIORIDADE, BUSCA, EMPREGO, ANALISE, DIFICULDADE, INVESTIMENTO, EMPRESA, REGIÃO NORDESTE, POSTERIORIDADE, EXTINÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), AUSENCIA, SOLUÇÃO, CURTO PRAZO.
  • REGISTRO, REIVINDICAÇÃO, POPULAÇÃO, MELHORIA, EDUCAÇÃO, ENSINO FUNDAMENTAL, CONTINUAÇÃO, EXPANSÃO, UNIVERSIDADE, INTERIOR.
  • COMENTARIO, FUNCIONAMENTO, MUNICIPIOS, PROGRAMA, SAUDE, FAMILIA, AUMENTO, DIAGNOSTICO, DOENÇA, BUSCA, HOSPITAL, DEFESA, AMPLIAÇÃO, RECURSOS, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS).
  • REIVINDICAÇÃO, POPULAÇÃO, MELHORIA, SEGURANÇA PUBLICA, COMBATE, VIOLENCIA, CIDADE, RODOVIA.
  • ANUNCIO, GESTÃO, ORADOR, MUNICIPIOS, ESTADO DA PARAIBA (PB).
  • COMENTARIO, DEMORA, FORNECIMENTO, SEMENTE, AGRICULTOR, ESTADO DA PARAIBA (PB), DEFESA, URGENCIA, SOLUÇÃO, DIVIDA AGRARIA, SUSPENSÃO, EXECUÇÃO, TERRAS.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Parabéns pela medida! É muito bom que V. Exª aja assim porque hoje li vários jornais falando sobre a queda de audiência da TV Senado, em face dos discursos repetitivos, poucas propostas e muita briga. Enfim, cada jornal dizia uma coisa diferente. Temos é que falar mais ainda sobre os problemas que afligem o nosso povo.

Acabamos, como dissemos ainda na semana passada, de fazer uma pesquisa qualitativa em nosso Estado e, nesse final de semana, percorremos não só bairros da capital, mas também cidades do interior e nos impressionamos como a pesquisa qualitativa coincide com o pedido dos cidadãos que se aproximam de nós, que conversam conosco e com as Lideranças.

O primeiro item solicitado, seja no interior, seja na capital, é emprego. São as mães de família que pedem. São os jovens, os mais velhos, cada um olhando para uma ótica diferenciada. Alguns dizem: “Não tenho como arrumar emprego porque já passei dos 40. Outros dizem: “Estou atrás do meu primeiro emprego e não consigo porque não tenho experiência”. Enfim, a situação emprego é calamitosa em todo o Nordeste. E não é para menos. Perdemos a nossa Sudene, que hoje é só o arremedo do que foi. Não mais gera a alavancagem que precisávamos para novas empresas.

Algumas prefeituras, como é o caso de João Pessoa e Campina Grande, estão fazendo microempréstimos. Buscamos os convênios dessas prefeituras com o BNDES, com bancos sociais, para ver o que podemos fazer para promover o desenvolvimento.

Estamos brigando para a instalação do biodiesel para gerar mais recursos na área rural porque perdemos a cultura do algodão, que praticamente sumiu, a do agave e até mesmo a do abacaxi; mas apesar da força que estamos fazendo para o pólo calçadista, o pólo cerâmico e o de confecções, é insuficiente a oferta de empregos. Estamos brigando para ter empresas de maior porte, algo que possa gerar mais empregos, como é o caso, por exemplo, desse pólo petroquímico; estamos brigando para que a Paraíba tenha, mesmo que seja pequeno, mesmo que seja um embrião. Precisamos criar uma mudança para que os que querem trabalhar tenham esperança de conseguir um emprego.

O segundo item de maior clamor, Senador Heráclito, é o da educação. Para nossa alegria e surpresa, todas essas cidades querem hoje uma expansão da universidade. Além de quererem a melhoria dos antigos primeiro e segundo graus, querem também a interiorização da universidade. Estamos brigando por isso. É pena que hoje eclodiu uma greve do professorado estadual da Paraíba, o que atrapalha um pouco a nossa área de ensino. Mas, em relação à expansão universitária, já foi implantado o Campus de Cuité, conseguimos os professores para Sumé, Mamanguapi, Rio Tinto e Pombal. A universidade está se interiorizando, mas o clamor é grande para que vá para outras cidades como Itaporanga, como Piancó, como Souza, como Cajazeiras e assim por diante.

O terceiro item de maior clamor é o da saúde. Na saúde, Srªs e Srs. Senadores, está havendo uma coisa interessante: começou a funcionar em todas as Prefeituras o PSF - Programa Saúde da Família. Em conseqüência, muito mais doentes tiveram diagnósticos corretos de sua doença; e os hospitais especializados, por exemplo, o de oncologia, passaram a receber levas de doentes, um aumento de 15% a 20% em média. Foi por essa razão que tivemos o problema sério do Hospital Laureano com aquela famigerada lista da morte: 160 pessoas estavam na lista para receber remédios, mas não os obtiveram.

Vejam, o SUS não tem sido mal, embora pague muito pouco aos médicos: hoje, uma receita médica está valendo R$2,50; hoje, uma cesariana, que tem que ter pré e pós-parto, está custando R$100,00; só mesmo os tratamentos mais sofisticados é que têm pagamento razoável. Fora isso estamos sem dinheiro para atendimento e para medicamento. Por quê? Porque o PSF passou a funcionar como um descobridor e um indicador dos doentes para a especificidade nos hospitais. É incrível o que está acontecendo na área da saúde. E, numa hora como essa, estamos vendo vulnerabilidades também incríveis. Por exemplo, o nosso hospital de oncologia em João Pessoa, o Napoleão Laureano, não tem dosímetro; as doses para quimioterapia são laboradas em São Paulo e remetidas de volta para a Paraíba. Esse é um equipamento caro, mas não impossível de se comprar. Não tem no Rio Grande do Norte, não tem em Pernambuco, não tem na Paraíba.

O quarto item mais preocupante é a segurança, a violência nas cidades, os assaltos nas estradas, isso está grassando em todo o Nordeste e em todo o Brasil. Até mesmo seqüestros, que não tínhamos, já começam a aparecer no Nordeste; ataques a bancos estão sendo corriqueiros.

Esses são os quatro itens que mais afligem a nossa população. Estamos extremamente preocupados em atender a demanda, principalmente na área da educação, que está indo bem, e na área da saúde; mas não vemos esperanças, de curto prazo, na área dos empregos.

Fora isso, o clamor que ouvi no interior do meu Estado foi por água. Em certa região, Sr. Presidente, ainda no Curimataú não temos água e os carros-pipas estão fazendo falta. Deixo o registro, estou indo hoje ainda ao Ministério da Integração Regional para pedir, por exemplo, para cidades como Algodão de Jandaíra, onde falta água completamente. Na verdade, em relação a todo o Curimataú.

Outro ponto são as sementes, que não chegaram a tempo e a hora. As áreas molhadas do Estado ainda não receberam as sementes; falta rapidez nessa distribuição. E essa famigerada dívida agrícola que precisamos resolver aqui, no Senado, ou seja, no Congresso rapidamente. Mas precisamos que o Banco do Nordeste e o Banco do Brasil, que devem depor nesta semana na Comissão de Agricultura, suspendam as execuções, que continuam. Eu fiquei muito mal impressionado, Senador Antonio Carlos, quando ouvi do Presidente do Banco do Nordeste nesse final de semana na cidade de Guarabira: “Estou entre a cruz e a espada porque forças, poderes acima de mim me deram uma diretiva. Qual é? Se eu não cobro, o banco paga uma multa de 3% sobre a dívida cheia”. E nós vimos um exemplo que nos arrepiou. Qual é o exemplo? Uma dívida de R$14 mil, feita uma dezena de anos atrás, hoje está em R$12 milhões. Qual é o agricultor que pode pagar isso? E os 3% que o banco vai ter de pagar de multa é sobre os 12 milhões. Isso é inusitado e nos faz arrepiar. Então toma-se uma terra que não vai produzir nada, porque na mão do banco, faz-se o quê? Será que os bancários vão lá arar a terra, plantar e colher? É óbvio que não. Vão vender? Vender pra quem? Essa é uma distorção que precisa ser corrigida.

Quero cumprir o prazo, Sr. Presidente, por isso paro por aqui, dizendo que essas foram as necessidades básicas que mais causam aflição em meu Estado, e nós estamos agora buscando ações para cada uma. Eu só não vejo no curto prazo, e com tranqüilidade, a solução mais urgente quanto aos empregos, porque isso demanda um prazo maior, a não ser na agricultura, que gera empregos com mais rapidez. Mas para isso não estamos tendo as sementes a tempo e hora.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2006 - Página 10823