Discurso durante a 33ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Episódio da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa e os novos fatos divulgados pela imprensa deste fim de semana.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.:
  • Episódio da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa e os novos fatos divulgados pela imprensa deste fim de semana.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2006 - Página 10827
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AMPLIAÇÃO, ACUSAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), CRIME, VIOLAÇÃO, SIGILO BANCARIO, EMPREGADO DOMESTICO, DENUNCIA, OFERTA, PROPINA, SERVIDOR, CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF), CONFISSÃO, RESPONSABILIDADE, NECESSIDADE, ESCLARECIMENTOS.
  • CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), EXERCICIO, GOVERNO, UNIÃO FEDERAL, ESTADOS, MUNICIPIOS, PREJUIZO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, PROJETO, MANUTENÇÃO, PODER, EXPECTATIVA, RESULTADO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por mais que se queira tratar, desta tribuna, de um outro assunto, o episódio que envolve o caseiro piauiense é recorrente.

A Revista Veja deste final de semana traz novos dados, faz novas acusações. Não se tem conhecimento, até o momento, de que nenhum dos citados tenha tomado qualquer providência, legal ou jurídica, contra os fatos de que são acusados.

Senador Antonio Carlos Magalhães, ninguém acredita que o Sr. Goldberg, no furacão de uma crise, tenha ido à casa do Ministro Palocci, àquela hora da noite, para jogar paciência, crapô ou pôquer. Ninguém acredita que ele e o chefe de gabinete do Ministro da Justiça tenham ido fazer uma visita de cortesia ou tomar um drinque com S. Exª, o Sr. Ministro. Essa história, mais uma vez, está mal contada. E essa suspeita publicada na revista Veja de que houve uma tentativa de encontrar um funcionário da Caixa disposto a receber um milhão para assumir totalmente o episódio já não cheira mal, fede.

O Sr. Ministro Márcio Thomaz Bastos, que espero seja um homem ágil nessa ação, ou demite os secretários e os assessores que estiveram indevidamente naquela noite na residência do Ministro Palocci, ou entrará no rol dos suspeitos. Lamentavelmente, essa é a grande verdade. Não justifica um homem de estreita amizade, considerado pelo Ministro Márcio Thomaz Bastos um pré-gênio, como o Sr. Goldberg, ter sido conselheiro e mantido silêncio, porque, se não fosse o Sr. Mattoso ter logo avisado que tinha testemunha na conversa, esse fato estaria encoberto num manto de silêncio.

Concedo, com o maior prazer, um aparte ao Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Não desejo de modo nenhum fazer retificações na sua explanação. Entretanto, é preciso alguma coisa concreta em relação ao Ministro Márcio Thomaz Bastos para acusá-lo. A presença de assessores dele lá pode ser um indício, mas também pode não ser. Pode ser por conta própria. Qualquer pessoa que quisesse prestar, naquele momento, solidariedade ao Palocci, que estava sofrendo isso, aquilo outro e tal - por culpa dele próprio, é claro. Mas acusar diretamente o Ministro Márcio Thomaz Bastos, acho que ainda não é hora. Eu mesmo estou pronto para assinar qualquer requerimento para a vinda do Ministro Márcio Thomaz Bastos ao plenário. Na CPI, não. Acho até que ele pode se adiantar nesse sentido. Mas quero dizer a V. Exª que, conhecendo como conheço o Ministro Márcio Thomaz Bastos, eu não posso acreditar que ele tenha participado desse caso. Entretanto, as razões que V. Exª apresenta são indícios que devem ser esclarecidos.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Senador Antonio Carlos, eu tive exatamente a preocupação de dizer que o Ministro deveria, ou deverá, tomar providência para fazer esclarecimentos rápidos sobre a presença de seus assessores na residência do Ministro Palocci. Exatamente tive essa cautela porque não estou no rol dos que acusam sem provas.

Agora, o Ministro, pelas circunstâncias, não pode silenciar nesse assunto. Aliás, existe uma série de omissões - que são, ou por conivência, ou por má fé - que estão exatamente quebrando nas costas do Presidente da República.

Nesse episódio, é preciso que fique bem claro se o sigilo do pai do caseiro foi quebrado na cidade de Teresina. Há quem defenda, Presidente João Alberto, que, ao primeiro indício de movimentação financeira, usou-se o expediente de, primeiro, acessar a conta do pai do caseiro. Os fatos estão aí, cronologicamente, mostrando participações de pessoas que ainda estão conseguindo, Senador Arthur Virgílio, se manter no anonimato.

Mas tenho a certeza de que aquela vinheta, Senador José Jorge, do PFL, na qual o dominó cai lentamente, vai caindo o primeiro, o segundo e lá na frente fica apenas o Presidente balançando, tem que ser refeita, porque o número dos que caíram está dobrando. Como o tempo da propaganda é limitado, é preciso que se imprima uma velocidade maior àquela queda dos dominós. Aliás, profética a idéia do publicitário que colocou aquele dominó. Felizmente a tecnologia já criou dominós com quantidade de peças dobrada, triplicada e até quadruplicada, porque o dominó tradicional de 28 peças já está ficando pequeno para o tamanho de escândalo com que o PT brinda o Brasil.

É lamentável! E essas questões estão acontecendo... O que acontece na esfera federal acontece na proporção devida nas esferas estaduais. Aliás, isso não é de agora não, Senador João Alberto. Se analisarmos prefeituras e alguns governos de Estado geridos pelo PT em passado recente, vamos ver que o procedimento foi exatamente o mesmo: denúncias, escândalos.

Há ex-governadores do PT e ex-prefeitos dos quais ninguém lembra mais que passaram por administrações municipais ou que governaram grandes Estados, tamanho o arraso que fizeram nessas administrações. Agora, esse exemplo que vemos na administração federal é uma amostra de que o PT mantém a coerência pelo menos nessa prática, que é a prática do desrespeito à coisa pública.

O PT teve muita sorte quando estourou o caso Waldomiro, porque naquele momento, Senador Antonio Carlos, eles estavam derivando para a vertente da jogatina no País. Tramitava no Palácio um projeto regulamentando jogos de várias espécies. O Brasil inteiro ia ser formado de pequenos cassinos estrelados, onde teríamos uma verdadeira máquina de arrecadar moedas para esse Partido. Aliás, eu, por diversas vezes, nos três primeiros meses de Governo, dizia que, se as coisas continuassem marchando como estavam, ao final de quatro anos o PT seria o Partido mais rico do planeta - e eu fazia uma pequena conta da contribuição dos participantes...

(O Presidente faz soar a campainha)

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Conclua, Senador.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Estou concluindo.

... a contribuição dos participantes e essas arrecadações que vinham aí.

O Senador Antonio Carlos é discreto em algumas coisas, não pode contar, mas é testemunha de um atrito que presenciou com um jornalista em São Paulo três anos atrás, exatamente quando se comentava já a sofreguidão e a volúpia com que alguns representantes do PT arrecadavam dinheiro de empresários que se preparavam apenas para dar suas ajudas nas campanhas eleitorais. E eles voltavam com conta nova, igual, igual ao que o Sr. PC Farias fez.

Só que, no caso em tela, em vez de um arrecadador, eram cinco. E o que estava irritando o empresariado paulista, Senador Cristovam, é que a desorganização do PT fazia com que, na mesma casa, na mesma empresa, passassem dois, três arrecadadores. E aí nós estamos vendo o que está acontecendo.

Esperamos, Senador João Alberto, que a CPI dos Correios tenha amanhã um relatório que a Nação entenda e que a CPI dos Bingos, tão bem presidida pelo Senador Efraim Morais, ainda dê satisfações ao povo brasileiro, que tanto está a esperar por resultados e por clareza nos fatos que foram denunciados à Nação.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2006 - Página 10827