O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desejo manifestar a minha estupefação diante do que estamos assistindo no âmbito do Presidente Lula. Não sei se V. Exª se lembra quando, por ocasião da crise do mensalão, foi feita uma reforma ministerial e o Presidente disse: “Esse é o Ministério que vai comigo até o fim do Governo”.

Assistimos agora, Senador Leonel Pavan, a uma debandada como nunca visto. Saíram oito de uma assentada. Sair ministro é um fato próprio da democracia. O que está por trás da saída desses ministros é o que quero analisar.

Ministro Antonio Palocci, da Fazenda. Todo-poderoso. Há pouco mais de uma semana, o Presidente Lula dizia que o País deve muito, deve muito, deve muito ao Ministro Palocci... Há uma semana, o Presidente Lula dizia: “Palocci fica, Palocci fica, Palocci fica...”.

De repente, a fotografia de Lula, chamando Palocci de irmão, com a face crispada, e com a mão na face de Palocci, despedindo-se.

Eu me lembrei, Senador Leonel Pavan, do episódio da substituição do José Dirceu, outro irmão de sangue do Presidente Lula, que foi tardiamente demitido diante de evidências, como as evidências de Palocci.

O Presidente Lula, para mim, está passando uma idéia que eu gostaria de dividir com este Plenário. Ele tem um sentido de autopreservação monumental. Ele é irmão dos amigos até enquanto a cabeça dele não esteja a prêmio. Quando as evidências ficam claras, ele descarta na hora.

Tenho a impressão de que, porque se percebeu o que aconteceu com o José Dirceu, com o Delúbio, com o Genoino, com todos os amigões do Presidente Lula, e agora com Palocci, é que as pessoas resolveram cuidar de suas vidas. Senador Alberto Silva, o Ministro Rossetto, em um Governo forte, confiando no Chefe, ficaria para completar a tarefa dele à frente da reforma agrária. Deixou-o. O Ministro da Pesca, Fritz, se tivesse confiança no Chefe e na reeleição do Chefe, ficaria. Pediu demissão. Agnelo Queiroz, Saraiva Felipo, Ciro Gomes, Alfredo, Jacques Wagner, todos saíram. Senador Arthur Virgílio, foi uma debandada geral!

V. Exª já fez uma avaliação sobre os pilares do Governo Lula? Quebraram-se todos. Só resta um. Só resta um: Márcio Thomas Bastos. E, na minha opinião, Sr. Presidente, está trincado. O último bastião de credibilidade do Governo do Presidente Lula está sob acusações que têm que ser esclarecidas e quero, Senador Arthur Virgílio, de plano, concordar com a proposta de V. Exª e dizer por quê.

Não tem nada que levar Márcio Thomaz Bastos para a CPI, para lá termos que explicar que fugiu de foco, está no foco, está no meio foco. Não, não vamos discutir nada disso. Traga-o ao plenário, de forma respeitosa, e vamos fazer o questionamento que a sociedade deseja que façamos ao Ministro Márcio Thomaz Bastos, aqui, no plenário do Senado.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Concluindo, por gentileza, Senador.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Presidente, a nação está estupefata diante daquela terrível coincidência e, aqui, nesta tribuna, na quarta-feira ou quinta-feira, falei, dizendo da minha indignação pelo fato de o caseiro Francenildo ter entregue à Polícia Federal o cartão de sua conta bancária da Caixa Econômica. A Polícia Federal não tem vinculação nenhuma com a Caixa Econômica, tem vinculação com o Ministério da Justiça, e, em seguida, noticia-se que, quando a quebra de sigilo foi entregue ao Ministro Palocci, ele estava ao lado do Dr. Goldberg, que é assessor de Direito Econômico, e do Dr. Alencar, que é chefe de gabinete do Ministro da Justiça. Estavam fazendo o quê?

Senador Arthur Virgílio, a ilação é terrível. Será que o Ministro da Fazenda e o Ministro da Justiça estavam praticando, usando o Estado, um ato de agressão ao cidadão brasileiro?

(Interrupção do som.)

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Já concluo.

Será que, em os dois estando acordes, o Presidente Lula não estaria sabendo de tudo? Ele vai negar, ele vai dizer que não, que não sabia de nada.

Então, por isso tudo se impõe o esclarecimento aqui, nesta Casa, para que esse último bastião se preserve ou não, porque, na minha opinião, o Governo Lula já se foi; já se foi no rol da incompetência e da incredibilidade.

Quero dizer a V. Exªs que a minha preocupação precisa ser dissipada, e o grande momento que vamos viver - e levarei o meu voto à aprovação - é o requerimento de presença do Ministro Márcio Thomaz Bastos ser aprovado para que S. Exª venha ao Plenário do Senado, para que, com moderação e com equilíbrio, façamos as perguntas que o País quer fazer e para obter as respostas que todos temos o direito de obter.

Se V. Exª permitir, ouço o Senador Arthur Virgílio.

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - O tempo de V. Exª está esgotado, por gentileza, Senador.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Resta-me, então, agradecer, Sr. Presidente, e renovar que votarei a favor do requerimento de comparecimento do Ministro Márcio Thomaz Bastos para que os esclarecimentos aqui sejam dados.

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