Discurso durante a 39ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a denúncia oferecida pelo Procurador-Geral da República contra 40 pessoas ligadas ao Palácio do Planalto. (como Líder)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre a denúncia oferecida pelo Procurador-Geral da República contra 40 pessoas ligadas ao Palácio do Planalto. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2006 - Página 11866
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, DENUNCIA, PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA, PARTICIPAÇÃO, MEMBROS, GOVERNO, SISTEMA, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • PEDIDO, ATENÇÃO, POVO, BRASIL, COMBATE, IMPUNIDADE.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Pela Liderança do PDT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, que tanto orgulha esta Casa, Senador Pedro Simon, como é bom chamá-lo de Presidente e como eu gostaria que o fosse.

Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de vir a esta tribuna, em plena Semana Santa, na antevéspera de Sexta-Feira Santa, para falar de paz e amor, mas não posso deixar de registrar o fato gravíssimo que foi manchete dos jornais de hoje: a denúncia oferecida pelo Procurador-Geral da República contra 40 políticos, principalmente, inclusive ex-integrantes da cúpula do Governo com gabinete no Palácio do Planalto.

E agora, José? A festa acabou, a noite esfriou, e agora, José, como ficamos?

Senador José Agripino, o Presidente da República, há um ano diz que não existiu o mensalão, que não está provado, abraça os companheiros que erraram porque é a Oposição fazendo onda. Até mesmo quando um Deputado da base governista, sério como Osmar Serraglio, do PMDB, apresenta um relatório, Sr. Presidente, apontando todos os crimes praticados e pedindo o indiciamento é coisa da Oposição.

Brasileiros que me ouvem, neste momento, pela TV Senado - e são muitos milhares, quem sabe milhões -, talvez desinformados, sabem quem é o Procurador-Geral da República? Sabem o que é Procuradoria Geral da República, meus compatriotas? É o Ministério Público da União. E sabem quem é o titular, o Procurador-Geral? É o Dr. Antonio Fernando Souza, escolhido pelo atual Presidente da República. S. Exª foi colocado lá pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É um homem respeitadíssimo pela sua categoria; isento, portanto. Impossível esse homem ser leviano. Impossível esse homem estar a serviço da Oposição. É o homem escolhido pelo Presidente Lula que vem dizer. Ele nem usa a palavra mensalão e faz muito bem. Não é mensalão. Não havia pagamento mensal a Deputados e Senadores. Havia suborno. Houve suborno de Parlamentares. Parte do Congresso Nacional foi corrompida, subornada por dinheiro espúrio, segundo o Procurador-Geral da República, por uma quadrilha de 40. Quarenta o quê? Ladrões? Como em Ali-Babá? Como nos lembramos das Mil e Uma Noites. Quarenta, Senadora Heloísa Helena. Por coincidência, são quarenta, redondinho.

É a Procuradoria Geral da República que oferece denúncia. “Formação de Quadrilha”, diz o Procurador. Quem era o chefe da quadrilha, segundo o Procurador, e não sou eu que estou dizendo? José Dirceu, Chefe da Casa Civil do Presidente da República. Os outros, Luiz Gushiken, Ministro com gabinete no Palácio do Planalto; Delúbio Soares, amigo íntimo do Presidente da República; José Genoino, Presidente do PT, amigo próximo do Presidente da República. Pronto. Suborno institucionalizado, insistiu, chefiado do Palácio do Planalto. Quem está dizendo é o Procurador-Geral da República deste País. Não é nenhum oposicionista brasileiro.

Tomara que o povo brasileiro acorde. Eu não vou pedir impeachment do Presidente da República. Não, Senador Pedro Simon. Motivos para impeachment existem. Nem no tempo do Collor - não estou exagerando - se identificou o comando da operação dentro do Palácio do Planalto. Agora, sim, era de dentro do Palácio do Planalto. Obviamente, nem a Velhinha de Taubaté pode acreditar que o Presidente da República não sabia. Mas eu não vou pedir o impeachment. Não há condições políticas e talvez isso seja tudo que o Presidente Lula queira para se fazer de vítima, vítima da direita, da Oposição. Não.

O povo brasileiro agora sabe que isso existiu. Não foram erros de companheiros, não. Foram crimes, delitos, corrupção institucionalizada. Tomara que, em outubro, eu suba a esta tribuna para dizer: a festa acabou, a noite esfriou e o povo acordou.

Acorda, povo brasileiro!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2006 - Página 11866