Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Convenção do PMDB para candidatura própria do partido à presidência da república.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Convenção do PMDB para candidatura própria do partido à presidência da república.
Aparteantes
Marcelo Crivella.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2006 - Página 12486
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • DEFESA, PARTICIPAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ELEIÇÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, COMPROMISSO, POVO, DEMOCRACIA, REGISTRO, REUNIÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, APRESENTAÇÃO, ANTHONY GAROTINHO, ITAMAR FRANCO, CANDIDATO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Gilvam Borges, do meu Partido, o PMDB, que preside esta sessão, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado Federal, cadê o Zezinho? Srªs e Srs. Senadores, Zezinho é o povo, é esse servidor que nos serve aqui, simpático, é do Ceará, de Santa Quitéria. Cadê o Zezinho? Está aqui o Zezinho. Perguntar ao Zezinho é perguntar ao povo do Brasil. Zezinho, que graça teria a Copa do Mundo sem o Brasil? Zezinho é homem do povo. Que graça teria? Sr. Presidente Gilvam Borges, sem o Brasil, pentacampeão, não teria graça.

Que sentido tem uma eleição no Brasil sem o PMDB? Eleição no Brasil sem o PMDB é como Copa do Mundo sem o time do Brasil.

Senador Gilvam Borges, V. Exª está bem como Presidente. E eu, mais vivido, mais sofrido, menos rico, gostaria de saber a respeito dos candidatos a Governador de seu Estado pelo nosso PMDB.

Senadora Ideli Salvatti, hoje é dia 19 de abril. V. Exª se lembra do 21 de abril - Tiradentes, Brasília, morte de Tancredo Neves -, mas o 19 de abril, hoje, entrou para a História como data das mais importantes da democracia do País. O nosso Partido, em uma reunião ímpar, Senador Gilvam Borges, chegou a uma decisão.

Napoleão Bonaparte, o francês - e eu o cito porque falo para o Piauí, que teve como Senador e Governador uma figura respeitável -, o estadista, o militar, escreveu suas memórias, lá na ilha em que estava preso. Ele era tímido, chega até a ser preguiçoso, dá trabalho até para tomar banho, Senador Marcelo Crivella, mas como grande comandante ele vale por cem, por mil.

O PMDB tem este grande comandante: Michel Temer. Olha, a história é bonita, com todo respeito a todos os Presidentes. Desde Ulysses, de quem eu falo com tanto carinho: “Escutai a voz rouca das ruas”; “A corrupção é o cupim da democracia”; mas nenhum excedeu a Michel Temer. Nenhum! Sou amigo de todos. Estou aqui por Quércia que, candidato, possibilitou a eleição de nove Governadores. Cinco estão aqui. Cinco filhotes do Quércia - ele não ganhou a Presidência -: o Sr. Valdir Raupp, que estava ali, Garibaldi Alves Filho, Antônio Mariz, Maguito Vilela e Mão Santa. Grandes Presidentes - Maguito Vilela foi -, mas nenhum excedeu. O PMDB cresceu e escutou a voz rouca das ruas. E Michel Temer o engrandeceu.

Atentai bem para a reunião de hoje. Brasil, 19 de abril, dia da grande democracia, da consolidação por meio do PMDB. Não existe democracia sem partidos fortes. O nosso Partido tem história e é forte. Enfrentou os canhões com o anticandidato Ulysses em 1974. Ele não ganhou, mas dois anos depois elegia 16 Senadores, entre 22.

O PMDB se consolidou hoje. Dois candidatos se apresentaram e se afirmaram: Anthony Garotinho e o ex-Presidente Itamar Franco, cada qual com suas características, e eles vão à convenção. E ao País e à democracia, que é do povo, devem os dois.

            Senador Marcelo Crivella, eleição sem o PMDB era o mesmo que Copa do Mundo sem o Brasil. Devemos isso a Michel Temer.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Gilvam Borges, atentai bem, o Senador Marcelo Crivella, estudioso, homem de Deus...

O Sr. Marcelo Crivella (PRB - RJ) - V. Exª me permite um aparte, Senador Mão Santa?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não, Senador Marcelo Crivella.

Atentai bem! O Brasil tinha as capitanias hereditárias. Dom João IV, D. João V e D. João VI enviaram um bocado de gente para cá: “Vão tomar conta aí”. Eram degredados e degradadas. Aí, passamos pelos Governos Gerais, Mem de Sá, Duarte da Costa e Tomé de Souza. Veio a República Federativa. Não podemos ficar na capitania hereditária. Temos de pensar no País, na Pátria, no todo. A democracia é do povo. O PMDB tem compromisso com o povo, e vai participar das eleições. Nós temos os melhores candidatos.

            Eu tive a oportunidade de dizer: olhai a História da Índia.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ghandi não foi Presidente, não ocupou cargo político, mas foi o sonho e o ideal de suas liberdades. E a Índia está aí, crescendo 10% ao mês. A Índia tem Ghandi. Temos Pedro Simon. O Senador Pedro Simon não perde para Ghandi, que é a repetição de São Francisco, aquele que mais se aproximou de Cristo. Pedro Simon é símbolo da virtude, da vergonha e da verdade de que precisamos.

Existem dois candidatos. Participei e sugeri - sou um homem do Piauí - que tivéssemos candidato. O PMDB do Piauí é grandioso. Nunca fugimos à luta. Expulsamos os portugueses em batalha sangrenta para a unidade do País. O Piauí terá candidato. Estarei disputando as convenções, em nome da história, da vergonha, da verdade e da grandeza do PMDB.

            Por que, Senador Gilvam Borges? Eu estou aqui porque o PMDB...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, vou conceder mais alguns minutos a V. Exª porque o discurso é muito importante. E peço ao Zezinho que lhe sirva mais café e água.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Peço a V. Exª que aceite a candidatura pelo PMDB para Governador de seu Estado.

Mas, por que, Senador Marcelo Crivella, irmão? Estou aqui porque o PMDB é grandioso, ele me trouxe. Quero que ele continue grandioso para trazer outros que representem o clamor do povo, a verdade do povo e a dignidade do povo.

Rui Barbosa disse, atentai bem: “Não troco a trouxa de minhas convicções por um ministério”. Olha, tem gente trocando por “carguinhos”, por “mensalões”.

            Concedo o aparte a esse extraordinário homem público, que também deveria ser candidato a Presidente do Brasil. Fernando Henrique Cardoso perdeu a Prefeitura de São Paulo e chegou à Presidência. V. Exª, que representa Deus aqui no Parlamento e no Brasil, é uma das bênçãos na política.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Apelo ao Senador para que seja breve no aparte porque V. Exª será o próximo orador, após a Senadora Ana Júlia Carepa.

O Sr. Marcelo Crivella (PRB - RJ) - Serei breve, Sr. Presidente. Senador Mão Santa, ontem, conversávamos sobre o PMDB e a importância que ele tem na festa da democracia brasileira. Em Roma, os cardeais chegam de todo o mundo e se enclausuram para eleger o novo Papa. Não pode haver chapa. Eles fazem uma eleição e, se não houver maioria, voltam para o quarto e oram novamente; fazem outra eleição, e, quando há consenso - e é a maioria -, os votos são misturados com cal e queimados. Pela chaminé, sai uma fumaça branca, e os italianos dizem: habemus papam. Eu já vi essa fumacinha no PMDB. Foi o Governador Anthony Garotinho, que ganhou a indicação, com o Governador Germano Rigotto e, de repente, o PMDB surpreende o País com uma nova candidatura. Vejo esse discurso inflamado de V. Exª e fico a me perguntar se habemus papam.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª tem que levar em consideração que eu também sou abençoado de Deus! A minha mãe era terceira franciscana. Daí, meu nome Francisco. E aquele Francisco andava com uma bandeira que dizia paz e bem. Eu ando com a bandeira do Piauí, do PMDB, e do Brasil.

Vou responder a V. Exª, dizendo que me elegi pela última convenção, mas a eleição não foi reconhecida pela lei, apesar de quatorze mil Líderes de alta significação, dirigentes partidários, estarem presentes. Não era qualquer um, mas Líderes.

A história está aí para ensinar. Eu gosto de estudar, de ler. O Lula não gosta. Ele diz que ler uma página de livro é pior do que fazer uma hora de esteira. Aí, ouvimos muita besteira. Mas estudando sobre nossa geração - aliás, o Gilvam Borges é muito novo - aprendi que, na idade de V. Exª, um jovem chegava à Presidência dos Estados Unidos: John Fitzgerald Kennedy. Como e por quê? Ele era Oposição, e o Governo de Einsenhower, herói de guerra, era honrado, não era corrupto; Nixon, seu vice, candidato natural. Kennedy ganha as convenções. Um jovem da sua idade.

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, eu apelo a V. Exª para que conclua, até pela disciplina que lhe é peculiar e em respeito aos oradores. Já cedo os minutos que V. Exª tanto cede aqui nesta Presidência.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Kennedy ganha a convenção. Aí vai buscar Lyndon Johnson, a quem ele venceu, para compor uma chapa. Então, eis a solução. Estão aí os melhores nomes do Brasil: Garotinho e Itamar. Que façam como Kennedy e Lyndon Johnson: uma chapa. Vamos à luta e à vitória pela salvação do Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2006 - Página 12486