O SR. MARCELO CRIVELLA (PRB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, agradeço a V. Exª.

São 20 horas e 10 minutos. Comunico aos telespectadores da TV Senado e aos ouvintes da Rádio Senado que esses valorosos funcionários estão aqui, na maior parte do tempo, de pé há horas e já prestaram seu grande trabalho à Nação. Vamos encerrar realmente no horário.

Sr. Presidente, venho à tribuna para dizer que estive recentemente visitando o Município de Friburgo, que fica na serra, mata atlântica, do meu Estado do Rio de Janeiro. Pujante! Começou em 1820, quando D. João VI autorizou que viessem cem famílias da Suíça, naquela época, do Condado de Friburgo. Passavam fome lá e guerras napoleônicas. Vieram essas cem famílias e foram morar onde? Foram morar no Morro do Queimado, exatamente onde hoje está Friburgo. Vieram de barco. Uma viagem da Europa para o Brasil demorava três meses. Desceram na Praça 15 e descansaram uma semana. Depois, em barcos menores, que as pessoas usavam para chegar à Baia de Guanabara, subiram o rio Macacu até as cachoeiras. Dali subiram pela Estrada do Imperador. Eram cem famílias, com seus filhos e pertences. Começaram a criar gado, fazer queijo e vinho. O vinho não deu certo na região, mas o gado pegou, pegou bem. Mais tarde, muitos enriqueceram. O Barão de Nova Friburgo foi um homem que enriqueceu muito plantando café. Hoje, essa cidade vive do turismo.

Sr. Presidente, apresentei aqui um projeto de lei proibindo que o Governo estadual e que o Governo federal construam presídios em Municípios turísticos, Municípios que tenham como principal arrecadação o turismo, como é o caso de Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e dos Municípios oceânicos. Por que, Sr. Presidente, agora, lá em Friburgo, há um projeto para se construir um presídio? A população está preocupada. V. Exª sabe que os nossos presídios têm um sistema carcerário medieval. Os presos vegetam, são barbarizados, não têm educação nem trabalho. Muitos ficam presos depois de cumprir a pena. Ora, com isso as rebeliões são constantes. As televisões vão com helicópteros - já que há esses recursos atualmente - com câmeras e mostram para o Brasil inteiro presos queimando colchões, com armas e estiletes na cabeça de reféns. Isso liquida um Município que é eminentemente turístico. Ninguém vai lá; as pessoas ficam com medo. Esse projeto, que vou pedir aos meus companheiros do Senado que apóiem e subscrevam, proíbe esse risco em Municípios turísticos aqui no Brasil.

Mas não é só isso. Sr. Presidente. Essa cidade, Friburgo, de 200 mil habitantes, não tem até hoje uma universidade federal. A linda cidade de Friburgo, como eu disse, cuja colonização se iniciou em 1820, com Dom João VI, que depois recebeu também alemães, italianos, orientais - não quero fazer injustiça com ninguém, mas os primeiros colonizadores foram os suíços -, não possui até o dia de hoje uma universidade federal, fazendo com que seus jovens estudantes tenham que descer para o Rio de Janeiro ou ir para as cidades vizinhas. Mas, claro, como essa cidade fica na montanha, na mata atlântica, eles acabam percorrendo estradas sinuosas, em serras, que são sempre perigosas - até porque nossas estradas não têm uma manutenção exemplar.

Então, Sr. Presidente, venho à tribuna do Senado Federal para clamar pela linda cidade de Friburgo, pedindo apoiamento aos meus Pares para que sejam proibidas construções de presídios em Municípios turísticos de todo o Brasil, não só do Rio. Clamo também ao Governo no sentido de que seja implantada, nesse Município tão bonito do meu Estado do Rio de Janeiro, uma universidade federal, de preferência na área do Direito.

Muito obrigado, Sr. Presidente, inclusive pelo tempo concedido.