Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para solenidade de homenagem ao astronauta brasileiro Marcos Pontes, realizada no Palácio do Planalto.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Destaque para solenidade de homenagem ao astronauta brasileiro Marcos Pontes, realizada no Palácio do Planalto.
Publicação
Publicação no DSF de 21/04/2006 - Página 12829
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ASTRONAUTA, RECEBIMENTO, CONDECORAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MISSÃO, ATIVIDADES AEROESPACIAIS, DATA, CENTENARIO, VOO, SANTOS DUMONT (MG), PIONEIRO, AVIAÇÃO, ELOGIO, INCENTIVO, ESTUDANTE, PESQUISA CIENTIFICA, RESPOSTA, CRITICA, IMPRENSA, GASTOS PUBLICOS.
  • COMENTARIO, REUNIÃO, CONSELHO, POLITICA MONETARIA, INFERIORIDADE, REDUÇÃO, TAXAS, JUROS, REGISTRO, CRITICA, PRESIDENTE, FEDERAÇÃO DAS INDUSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP), CENTRAL SINDICAL.
  • ANUNCIO, DEFINIÇÃO, DATA, PESQUISA, DIRETOR, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, ESCLARECIMENTOS, METODOLOGIA, REUNIÃO, TAXAS, JUROS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, quero enaltecer o astronauta brasileiro Marcos Pontes, que, hoje, no Palácio do Planalto, recebeu condecoração do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia bastante comovente. Estavam presentes o Ministro da Defesa, Comandantes da Aeronáutica, o Ministro de Ciência e Tecnologia e crianças e jovens de inúmeras escolas que, ali, segurando bandeiras brasileiras, foram homenagear o astronauta Marcos Pontes, que, nestes últimos dias, realizou a missão do século, pois ocorreu exatamente 100 anos depois da experiência extraordinária de Santos Dumont, pela primeira vez fazendo com que um avião, o 14-Bis, pudesse levantar do solo, alçar vôo. Recordo aquela experiência tão significativa para a Humanidade. Foi o início da aviação aérea, com o pioneirismo de Santos Dumont, que, nos céus da França, perto da Torre Eiffel, impressionou o mundo todo pela sua coragem, pela maneira tão destemida com que tanto acreditava em realizar o que para muitos antes parecia ser um sonho impossível.

O Presidente Lula enalteceu a maneira como esse astronauta, Marcos Pontes, conseguiu entusiasmar os jovens. E pudemos ver, pelos meios de comunicação, em todas as escolas, como é que as crianças e os jovens foram conclamados a também perseguir e abraçar a causa da ciência, a pesquisa científica. Penso que há um mérito extraordinário no astronauta, hoje Cel. Marcos Pontes, por ter estimulado as crianças e os jovens do Brasil a perseguir o conhecimento, a descoberta daquilo que ainda não é tão conhecido em todos os campos da ciência. No espaço, ele realizou inúmeras experiências, inclusive com sementes de feijão e com outras, para ver se, com o ar rarefeito, elas poderiam brotar. Ao descrever as diversas experiências realizadas, ele fez com que as crianças e os jovens também tivessem vontade de descobrir as coisas, o espaço. Marcos Pontes, com seu sorriso, com sua energia e com sua forma física, impressiona todos que, por todo o Brasil e em toda parte, cumprimentam-no pelo feito.

É bem verdade que surgiram, como também à época de Santos Dumont, algumas críticas, inclusive alguns ponderaram: “Mas será que foram bem gastos os R$10 milhões na experiência que levou Marcos Pontes, colaborando com a Rússia e os Estados Unidos, a ser lançado como astronauta, juntamente com os astronautas daqueles países, numa experiência, inclusive, de grande significado do ponto de vista do congraçamento entre os povos e da paz?”.

Pois, ainda que o próprio Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, meu amigo Ennio Candotti, tivesse levantado dúvidas a respeito, por outro lado há o reconhecimento de que o projeto teve o papel de estimular o gosto pela ciência, pela descoberta científica, o que, obviamente, é de um valor inestimável, e sabe a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência dos efeitos disso.

Meus parabéns ao astronauta Marcos Pontes por seu extraordinário feito, que lembra, inclusive, pela importância, conforme o Ministro Waldir Pires disse, as experiências de Yuri Gagarin, o primeiro astronauta na História da terra a conhecer o espaço; lembra, obviamente também, as experiências de Neil Armstrong, primeiro homem que pisou na lua, em 1969, um feito também de grande relevância para a História da humanidade, para que pudéssemos aumentar o nosso conhecimento sobre o universo, que parece ser de tamanho infinito.

Sr. Presidente, quero registrar a importância da reunião do Copom de ontem, que definiu a diminuição da taxa de juros básica, a Selic, em 0,75%, passando, assim, para 15,75%, uma taxa que foi aprovada unanimemente. Trata-se de uma diminuição da taxa de juros básica da economia; mas, levando-se em conta o índice de 15,75% e a taxa de inflação ainda da ordem de 5%, a taxa de juros real da economia básica está em torno de 10%, o que significa ser ainda uma das maiores do mundo. Portanto, não é à toa que pessoas como o Presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e os presidentes das centrais sindicais, João Felício, da Central Única dos Trabalhadores, e o Presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, também tenham formulado críticas a taxa de juros ainda tão alta, referindo, em suma, que esse declínio ainda está muito aquém daquilo que consideram necessário.

Felizmente, a direção foi para declínio da taxa de juros. Informa Kennedy Alencar, da Folha de S.Paulo, que o Presidente Henrique Meirelles, do Banco Central, transmitiu ao Presidente Lula que será de declínio o movimento das taxas de juros nas próximas duas reuniões do Copom; mas que será melhor um declínio moderado, embora contínuo, do que, eventualmente, maior agora para, depois, não ser confirmada a tendência de declínio. Mas é necessário que venhamos a ter inclusive uma maior transparência sobre a maneira como os Diretores do Copom e do Banco Central refletem, raciocinam para chegarem à conclusão como a de ontem, que dessa vez foi unânime.

Quero fazer aqui uma revelação que acredito que não tem qualquer problema, pois, na semana passada, fiz uma visita ao ex-Ministro Antonio Palocci, porque sou amigo dele há 26 anos. Conversamos sobre diversos assuntos, dentre os quais ele me revelou o seguinte: “Agora, Eduardo, posso lhe revelar que os Diretores do Banco Central me convidaram para um almoço recentemente; nessa ocasião, pediram-me para que demovesse o Senador Eduardo Suplicy da idéia de convidá-los para, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, explicar como é feita a decisão sobre a taxa de juros básica”. Então, o Ministro Antonio Palocci revelou-me que disse aos Diretores do Banco Central: “Olhe, não posso dizer ao Senador Suplicy para desistir do requerimento de convite a vocês para esclarecerem como é tomada a decisão sobre a taxa de juros básica, porque, inclusive, essa foi uma sugestão que fiz a ele”. E isso é verdade, porque, em abril de 2005, quando da presença do Ministro Antonio Palocci na Comissão de Assuntos Econômicos, ao responder a minha indagação sobre que tal as reuniões do Copom serem transmitidas abertamente pela televisão ou pelo rádio, para que todos saibam, simultaneamente, como é que funciona, como os seus membros raciocinam, ele me respondeu que isso não seria tão adequado, mas que seria interessante que pudessem os diretores do Banco Central comparecer à CAE; e eu, de pronto, abracei a sugestão e formulei o requerimento, que foi aprovado unanimemente.

Quero transmitir que, recentemente, conversei com o Presidente, do Banco Central, Ministro Henrique Meireles no sentido de estabelecer a data de comum acordo; S. Exª me afirmou que nesta segunda quinzena de maio, possivelmente, ou na primeira quinzena de junho. Mas quero fazer uma sugestão: como a próxima reunião do Copom está prevista para o dia 30 ou 31 de maio, seria próprio que, na segunda quinzena de maio - antes, portanto, da próxima decisão sobre a definição da taxa de juros básica -, pudéssemos nós ouvir o Presidente e os oito diretores do Banco Central na CAE, para compreendermos, sabermos com muita transparência como eles raciocinam para decidir sobre a taxa de juros básica da economia. Muito obrigado.

 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/04/2006 - Página 12829