Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Greve dos fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Greve dos fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Aparteantes
Leonel Pavan, Romero Jucá.
Publicação
Publicação no DSF de 21/04/2006 - Página 12849
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, GREVE, AGENTE FISCAL, AGENCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITARIA (ANVISA), REIVINDICAÇÃO, EQUIPARAÇÃO SALARIAL, DEMORA, ACORDO, GOVERNO, GREVISTA, REGISTRO, PREJUIZO, ECONOMIA, SAUDE PUBLICA, IMPEDIMENTO, LIBERAÇÃO, PRODUTO IMPORTADO, ENSINO, PARALISAÇÃO, PORTO, FALTA, MEDICAMENTOS, MERCADO INTERNO, COBRANÇA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho trazer a este Plenário minha preocupação com a saúde pública dos brasileiros, agravada nos últimos meses pela greve dos fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.

Não é difícil imaginar como essa greve prejudica a vida do cidadão brasileiro. Os fiscais da Anvisa cumprem papel fundamental para a garantia da qualidade de alimentos e medicamentos produzidos e importados pelo Brasil.

Sem o seu importante trabalho, e não podemos deixar de reconhecer a legitimidade das suas reivindicações exatamente por esse motivo, os agentes são os responsáveis pela fiscalização de produtos químicos e matéria-prima importada para a indústria e para a confecção de medicamentos essenciais à saúde da nossa população.

Mas não é só isso. Os prejuízos também são financeiros!

Como a base das indústrias está centralizada na Região Sudeste, a greve está afetando as principais portas de entrada do País, como o porto de Santos e aeroportos da região. E os prejuízos para as agências de navegação já alcançam R$250 milhões.

As empresas do setor alimentício e farmacêutico estão vendo seus estoques de insumo chegarem ao fim, e as matérias-primas já adquiridas pelas empresas estão permanecendo nos países de origem.

Os fornecedores dessas matérias-primas têm receio de que os insumos fiquem armazenados em portos e aeroportos à espera dos fiscais da Anvisa e que os produtos se deteriorem devido às péssimas condições de estocagem.

De acordo com a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais, entidade que representa 45 empresas do setor, 70% das matérias primas, destinadas à produção local de medicamentos são importadas.

O dano maior, no entanto, recai sobre os pacientes. E recai, em especial, sobre os doentes de Alzheimer, de hipertensão, do mal de Parkinson e de infecções pulmonares.

Essas pessoas dependem de medicamento de uso contínuo e que não estão sendo produzidos.

Se não houver um acordo entre Governo e os grevistas, os próximos prejudicados serão os pacientes que necessitam de remédios usados em transplantes e reposição hormonal. A situação já é crítica em relação à fabricação de antibióticos e medicamentos cardiovasculares.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desde o início da greve, em fevereiro, não há acordo entre Governo e grevistas.

Os novos e antigos funcionários estão parados e decidiram permanecer de braços cruzados até que a União iguale os seus salários.

Concedo um aparte ao Senador Romero Jucá.

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - Senadora Lúcia Vânia, pedi esse aparte para me posicionar em relação à greve da Anvisa e fazer um apelo ao Ministro Paulo Bernardo, para que possa evoluir o processo de entendimento e para que o Governo envie ao Congresso a proposta de lei que já está minutada. Com isso, poderá cessar uma greve que é ruim para a sociedade brasileira, para os servidores da Anvisa e para o próprio Governo. Não tenho dúvida de que V. Exª, ao assomar à tribuna e levantar essa questão, coloca todas as razões por que todos devemos buscar esse entendimento. É importante fortalecer a Anvisa cada vez mais, é importante que os servidores da Anvisa estejam motivados para trabalhar, e, sem dúvida alguma, trata-se muito mais de uma série de providências na área administrativa, de valorização, do que mesmo de dispêndios. O impacto é de R$18 milhões/ano. Portanto, é um impacto irrisório, se observarmos outras categorias e outras demandas dos servidores. A questão não é de reajuste salarial; é muito mais de equiparação e de buscar um tratamento equânime. A minha posição solidária às colocações de V. Exª, fazendo o apelo ao Governo e ao Ministro Paulo Bernardo para que se possa evoluir. Essa briga de quem “só negocia se parar e só pára se negociar” vai levando a um impasse que, efetivamente, prejudica a todos. Então, creio que se poderia combinar que todos parem no mesmo momento e façam a sua parte no mesmo momento; a partir daí, teremos uma solução e não um impasse.

A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO) - Agradeço ao Senador Romero Jucá, cujas palavras acrescentam enormemente às preocupações aqui externadas no meu pronunciamento. Portanto, eu as incorporo ao meu discurso e agradeço a V. Exª a solidariedade em relação a essa greve que já incomoda à sociedade brasileira e traz enormes prejuízos para um lado e para o outro.

Concedo um aparte ao Senador Leonel Pavan.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senadora Lúcia Vânia, cumprimento V. Exª pelo seu pronunciamento, até porque estamos passando por um período delicado na questão da área de saúde animal. Preocupadíssimos estamos com a questão da febre aftosa, que tem prejudicado muito as exportações brasileiras, como as notícias de que poderia haver animais com febre aftosa prejudicaram a exportação da carne pelo Brasil. E quem faz a fiscalização? Quem vai coordenar? Quem vai trabalhar? São os fiscais da Anvisa. E se o Governo não trabalhar esse setor com responsabilidade, poderemos ter esse problema da aftosa agravado. Não entendo como um Governo que usa a mídia, usa a imprensa, que fala em responsabilidade social, saúde, educação, exportação, planejamento, não vê que qualquer problema que ocorrer agora, sem a participação e a atuação dos funcionários da Anvisa, poderá levar o Brasil a perder bilhões e bilhões de reais. É preciso chamar a atenção do Governo. Tem de haver uma manifestação do Congresso, do Senado Federal, para que se atenda a esse setor, para que se atenda à Anvisa, porque, se não for feito um trabalho urgente, conforme V. Exª aqui chama a atenção, poderemos sofrer muito mais, caso venha a se agravar a questão da febre aftosa, da gripe do frango ou de qualquer outro problema do tipo em nosso País. Meus cumprimentos por seu pronunciamento e pela responsabilidade com esse setor demonstrada por V. Exª nesta Casa.

A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO) - Agradeço a V. Exª, Senador Leonel Pavan. O meu pensamento coincide com o de V. Exª no que diz respeito à legitimidade dessa greve, uma vez que esses funcionários, esses trabalhadores da saúde têm um papel fundamental para trazer a tranqüilidade, para efetivamente preservar a saúde animal, vegetal e humana em nosso País.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desde o início da greve em fevereiro, não há acordo entre Governo e grevistas. Os novos e os antigos funcionários estão parados e decidiram permanecer de braços cruzados até que a União iguale os seus salários. Como disse aqui o Senador Romero Jucá, o objetivo é simples, administrativo e demanda apenas a equiparação salarial, portanto, não se justifica que o Governo permaneça omisso esse tempo todo, deixando os usuários de medicamentos importados totalmente inseguros e à mercê da omissão do Governo.

Não quero entrar no mérito da questão, pois considero legítima, como disse aqui, a reivindicação dos servidores públicos, embora entenda que também é um direito dos usuários de medicamentos, que estão parados nos portos e aeroportos, ter esse medicamento para minorar os seus problemas. O que não pode continuar é a omissão do Governo Federal, que não tomou nenhuma medida concreta e responsável para evitar as conseqüências advindas desse impasse.

Nessa queda de braço com os grevistas, o Governo Lula deveria avaliar qual é o impacto provocado por essa crise com o funcionalismo, tanto em nível de serviço público quanto da sociedade.

Nesse momento delicado, e em se tratando de saúde pública, é preciso saber negociar e, ao mesmo tempo, estabelecer estratégias para garantir o atendimento da população. Um Governo que não priorizou em seu programa a saúde integral do seu povo, não pode não pode prescindir de estoques de medicamentos para atender a momentos de crises como esse que agora o setor da saúde está enfrentando.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigada.

 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/04/2006 - Página 12849