Pronunciamento de Alvaro Dias em 25/04/2006
Discurso durante a 45ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Aumento do desemprego na grande São Paulo. Considerações sobre os obstáculos impostos pelo governo federal, para uma política desenvolvimentista.
- Autor
- Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
- Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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DESEMPREGO.
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
ECONOMIA NACIONAL.:
- Aumento do desemprego na grande São Paulo. Considerações sobre os obstáculos impostos pelo governo federal, para uma política desenvolvimentista.
- Publicação
- Publicação no DSF de 27/04/2006 - Página 13557
- Assunto
- Outros > DESEMPREGO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ECONOMIA NACIONAL.
- Indexação
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- COMENTARIO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), CONFIRMAÇÃO, REDUÇÃO, EMPREGO, RENDA, AUMENTO, DESEMPREGO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEMONSTRAÇÃO, INEFICACIA, CRESCIMENTO ECONOMICO, PAIS.
- QUESTIONAMENTO, INCOMPETENCIA, GOVERNO, ADMINISTRAÇÃO, DIVIDA PUBLICA, BRASIL, OBSTACULO, RECUPERAÇÃO, CAPACIDADE, INVESTIMENTO, ESTADO.
- CRITICA, AUMENTO, ECONOMIA INFORMAL, SONEGAÇÃO FISCAL, RESULTADO, INCOMPATIBILIDADE, MODELO, SISTEMA TRIBUTARIO NACIONAL, SITUAÇÃO, PAIS, INJUSTIÇA, FORMA, ARRECADAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, EXCESSO, TAXAS, JUROS, DESVALORIZAÇÃO, CAMBIO, IMPEDIMENTO, INVESTIMENTO, SETOR, PRODUÇÃO, INCENTIVO, ESPECULAÇÃO, MERCADO FINANCEIRO.
- COMENTARIO, PROBLEMA, REGULAMENTAÇÃO, INCAPACIDADE, ESTADO, GARANTIA, EFICACIA, SERVIÇOS PUBLICOS, ESPECIFICAÇÃO, SAUDE, EDUCAÇÃO, JUSTIÇA, SEGURANÇA, TRANSPORTE, OBSTACULO, CRESCIMENTO ECONOMICO, PAIS.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 26/04/2006 |
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DISCURSO PROFERIDO PELO SR. SENADOR ALVARO DIAS NA SESSÃO DO DIA 25 DE ABRIL, DE 2006, QUE, RETIRADO PARA REVISÃO PELO ORADOR, ORA SE PUBLICA.
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O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente João Alberto Souza, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez o IBGE revela a queda do emprego na Grande São Paulo - o desemprego cresceu 16,9%, com 1.695.000 trabalhadores desempregados na região - e a queda da renda, retrato do desempenho econômico de nosso País num bom momento da economia mundial. Isto tem sido repetitivo: o cenário internacional oferecia perspectivas otimistas em relação ao crescimento econômico das nações emergentes, e o Brasil, lastimavelmente, caminhou na contramão da tendência universal, alcançando, nestes três anos, pífio crescimento, se nos colocarmos diante dos números alcançados por outras nações, inclusive mais pobres do que a nossa.
Tem sido repetido insistentemente que o nosso País ocupa um lugar vergonhoso no cenário das Américas, entre os países emergentes sobretudo. Aqui na América do Sul, na América do Norte, no Caribe, o Brasil se sobrepõe apenas, em matéria de crescimento econômico, ao Haiti, o que não o recomenda em hipótese alguma.
A crítica tem sido insistente da parte da Oposição, até porque o Presidente Lula, inexplicavelmente, teima em regozijar-se pelos índices de crescimento econômico que o seu Governo alcança. O que importa agora, no ano eleitoral, mais do que a crítica, é a apresentação de novos caminhos. Esta é a expectativa de todo o povo brasileiro: que aqueles que postulam a Presidência da República apresentem propostas que não sejam bravatas, falsas promessas ou projetos mirabolantes que possibilitem a crença popular num novo modelo que nos leve a crescer com dignidade; a retomar um crescimento econômico que seja compatível com as aspirações da sociedade brasileira.
Não há dúvida, creio ser consenso entre os especialistas: sem uma administração competente da dívida pública, agora sobretudo a dívida pública interna, não há como retomar índices de desenvolvimento significativos. A administração da dívida pública brasileira tem sido incompetente. Creio que essa deve ser a autocrítica dos especialistas que são convocados para atuar no setor público. Não se encontrou no Brasil uma fórmula adequada para a administração da dívida pública que permitisse recuperar a capacidade de investir do Estado brasileiro.
Além dessa administração da dívida pública, o exemplo mais recente é da Argentina, o Presidente Kirchner, após sagrar-se vitorioso nas negociações da dívida pública daquele país, comemora índices de crescimentos significativos. Enquanto o Brasil cresceu 2,3% no ano passado, a Argentina manteve a média de crescimento de 9% ao ano - três anos consecutivos de crescimento superior a 9% anual. Isso ocorreu, sobretudo, em função de uma administração competente da dívida pública daquele país.
Além dessa questão, é preciso que os que postulam a Presidência da República considerem que, por trás desse fraco desempenho econômico do Brasil, diante dos seus principais concorrentes do mundo, há questões que podem ser no mínimo estudadas. Aliás, a resposta a essa questão já foi dada no que poderíamos chamar do “conjunto da obra” de inúmeros estudos e análises apresentados nos últimos três anos. Empresas privadas de consultoria apontam caminhos que devem orientar o debate nessa campanha eleitoral.
Um dos entraves, que pode ser até o principal, que se interpõe entre os brasileiros e o bem-estar proporcionado pelo crescimento econômico é representado pela informalidade. A sonegação fiscal, conjugada à pirataria, ou seja, ao comércio irregular, num ambiente de completo desrespeito às regras, termina constituindo uma verdadeira barreira ao crescimento de nossa economia.
É fácil verificar que a informalidade se manifesta de diversas formas, assumindo também roupagens diferentes. As distorções, nesse caso, comprometem a concorrência entre empresas cujo itinerário é pautado pelo descumprimento de obrigações legais, chegando até ao descaso no tocante ao direito de propriedade. É inadiável promover a simplificação dos tributos e ampliar a fiscalização, impondo penalidades aos fraudadores.
Nós continuamos com um modelo tributário incompatível com a realidade econômica e social do País, pois se trata de um modelo econômico injusto; injusto na forma de arrecadar e na forma de distribuir. Não utilizamos a política tributária como instrumento para uma política de distribuição de renda no País. Estamos devendo. Não há consenso. E por não haver consenso, não há deliberação. O que temos é uma carga tributária descomunal que esmaga o setor produtivo brasileiro. Sem um modelo tributário compatível com a realidade que estamos vivendo, não encontraremos caminhos para a retomada do desenvolvimento econômico a que o povo brasileiro aspira.
Outro grande obstáculo ao crescimento é representado pelos juros estratosféricos combinado ao câmbio desvalorizado devido aos altos gastos públicos.
Isso não é novidade para ninguém; aliás, a repetição é norma relativamente às dificuldades econômicas vividas pelo povo brasileiro. O que não é norma é solução. O que não se apresenta é proposta inovadora, capaz de superar os obstáculos. Saímos de um governo para o outro, e desde o Plano de Estabilização Econômica do País não encontramos o remédio adequado para uma política desenvolvimentista que possibilite o exercício pleno da cidadania a milhões de brasileiros ainda excluídos. O grande obstáculo ao crescimento são os juros estratosféricos e o câmbio desvalorizado.
Essas distorções, as quais no diagnóstico dos economistas são qualificadas como deficiências macroeconômicas, inegavelmente inibem os investimentos produtivos e estimulam a especulação financeira. O atual Governo foi incapaz de criar condições efetivas para a queda dos juros.
A questão da regulamentação representa um sério obstáculo ao nosso crescimento econômico. Os graves problemas regulatórios podem ser resumidos: uma legislação, trabalhista e tributária, que não estimula contratações e investimentos, agravada por uma burocracia que eleva o custo de qualquer transação comercial no Brasil.
Não podemos deixar de mencionar a baixa eficiência dos serviços públicos - a ineficiência do Estado - em prover a sociedade de serviços como educação, saúde, justiça e segurança, como mais um entrave ao crescimento da nossa economia.
Sem dúvida, esse patamar de baixa eficiência desqualifica a mão-de-obra e, no conjunto, finda onerando o custo dos negócios no Brasil.
É mais que urgente promover um aperfeiçoamento da gestão pública, com foco direcionado na qualidade do gasto público.
Um outro fator que compromete o nosso crescimento e que já abordei inúmeras vezes é a infra-estrutura. Os portos ineficientes, as estradas esburacadas, uso incipiente de ferrovias e de hidrovias constituem o cerne da debilitada infra-estrutura de transporte, que acarreta desperdícios, reduz a produtividade e eleva custos em nosso País.
Estou concluindo, Sr. Presidente.
O cenário de um sistema de transporte precário, acoplado a limites reduzidos de estocagem agrícola e à incerteza na oferta de energia, prejudica todos os segmentos ligados a exportações, notadamente o agronegócio. Urge ampliar o investimento em infra-estrutura.
As barreiras que impedem o pleno desenvolvimento da economia brasileira podem e devem ser removidas. O que se faz necessário e urgente é a ação coordenada de um governo pautado por um planejamento estratégico.
O que não pode ser perpetuado, por exemplo, tomando por base as deficiências de transporte e armazenagem, são as perdas atuais: arroz, da ordem de 12%; milho e trigo, perdas estimadas em aproximadamente 8,5% e 8%; 7% da produção nacional de soja é jogada no ralo; e 3% da de feijão.
Sr. Presidente, creio que este é um grande debate para esta campanha eleitoral: buscar os caminhos da competência para solucionar problemas econômicos e sociais que permitam ao brasileiro exercitar a cidadania na sua plenitude.
Muito obrigado.
V:\SLEG\SSTAQ\SF\NOTAS\2006\20060426DO.doc 8:53