Discurso durante a 47ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solicitação de atenção do Governo para os episódios de saques, invasão de terras e destruição de propriedades, patrocinados por movimentos rurais no interior do País.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Solicitação de atenção do Governo para os episódios de saques, invasão de terras e destruição de propriedades, patrocinados por movimentos rurais no interior do País.
Publicação
Publicação no DSF de 28/04/2006 - Página 13646
Assunto
Outros > HOMENAGEM. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, EMANCIPAÇÃO POLITICA, ITAJUBA (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OFENSA, AGRICULTOR, INADIMPLENCIA, CONTRADIÇÃO, APOIO, VIOLENCIA, CRIME, ATUAÇÃO, SEM-TERRA, SUSPEIÇÃO, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, OBJETIVO, REELEIÇÃO, NECESSIDADE, ATENÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Senador Antero, inscrevi-me para vir a esta tribuna hoje para uma notícia agradável, boa, um pouco da minha história e lembranças da cidade de Itajubá, onde iniciei a minha atividade como Delegado de Polícia. Comemora-se o 41º aniversário da emancipação de Itajubá.

Mas tocaram-me as palavras de V. Exª - e não me refiro ao que publicou a revista Veja nesta semana - e a angústia demonstrada por V. Exª nesta tribuna. Tenho muito carinho pelo Ministro Roberto Rodrigues e sinto seu desespero em tentar solucionar os problemas da agricultura.

Quando li aqui que o Lula chamou o pessoal da agricultura de caloteiro, fiquei triste. Presidente Lula, com todo o respeito que lhe tenho, chamar de caloteiros aqueles que produzem o equilíbrio da balança externa brasileira!? Isso é desespero! Eles estão lutando até para não perderem suas terras.

Ouvi, esses dias - não quero prendê-lo, Senador Antero, porque sei que V. Exª tem que viajar - o Ministro Tarso Genro numa entrevista com a jornalista Miriam Leitão. Foi interessante. Várias questões foram levantadas, e uma das perguntas foi sobre o Movimento dos Sem Terra. Não estou desrespeitando o movimento, porque acho que há um retardamento nas soluções dessa reforma agrária, a qual praticamente não se desenvolve. E ele disse que não tinha que criminalizar movimento social. Mas e quanto a essas invasões? E o que fez a Frente Campesina?

V. Exª é de um Estado em que um cidadão tem amor a sua terra e a suas plantas. Quantas pessoas não conversam com as flores? Outras arrancam, destroem, com um sorriso sarcástico, o que nos deixa até um pouco constrangidos, demonstrando desamor por aquilo que exigiu o sacrifício de alguém ao plantar, pesquisar ou buscar alguma idéia.

Agradeço a V. Exª. Queria apenas dizer que V. Exª não está sozinho nesse problema.

Então, Sr. Presidente, fiquei aqui um pouco constrangido, porque criminalizar é uma coisa e cumprir a lei é outra. Pratica-se o crime, e a lei impõe que ela seja respeitada. Não há como um Ministro de Estado dizer que não pode ser crime. Então modifica a lei! Manda um projeto para esta Casa estabelecendo que invadir, derrubar, quebrar, pôr fogo, expropriar caminhões de alimentação não é mais crime e pronto. E a Justiça fica impedida de se cumprir. 

Agora, fala-se que os investimentos para acabar com a pobreza são grandes. Ninguém é contra. Tenho certeza de que V. Exª, que é de um Estado em que as dificuldades são grandes, tem lutado por isso, tem procurado honrar o sem mandato na luta pelos benefícios para seu Estado, para seu povo, para aqueles que sofrem e que choram porque, às vezes, não têm o alimento para dar aos filhos.

E aqui eles saquearam dois caminhões de alimentos - não vou entrar no mérito, porque realmente é um crime previsto no Código Penal -, e diz o líder do MST, Jaime, que não era saque, era uma ação para recuperação de alimentação, um ato normal dos trabalhadores que estão passando fome. Onde está a verdade, Presidente? O Presidente Lula está ajudando essas pessoas. Tenho ouvido aqui que há financiamentos, tem enviado dinheiro, uma série de coisas - inclusive a CPI mostrou isso. E como é que eles estão passando fome, Presidente? Onde está a verdade? Estou fazendo um pedido, um apelo ao Presidente Lula para saber se eles estão falando a verdade ou se estão mentindo numa hora difícil de campanha eleitoral.

Saqueiam caminhões e dizem que é para matar a fome dos sem-terra. Então, o Governo não está investindo para matar a fome de ninguém. Será que esse dinheiro do Bolsa Família é para recuperar alguns votos? Se for assim, seria uma coisa terrível para uma pessoa que tem uma história como a do Presidente Lula: de luta, de sacrifício, de comando de trabalhadores. Sempre digo que o Presidente Lula fala com as massas. E quem faz isso procura dar a forma que quer na atividade e no fim que objetiva. Às vezes, falamos com o povo, que raciocina e vê se estamos falando a verdade ou se estamos contando uma mentira para convencê-los de alguma coisa. Então, a resposta será sempre dentro de um raciocínio, o que é diferente de conduzir com algumas frases que não trazem a possibilidade de o povo raciocinar.

Por isso, penso que o Governo tem de olhar com cuidado essas movimentações que estão ocorrendo no setor rural e que trazem dificuldade para grandes empresas, com a destruição de pesquisas. Alguns que não têm amor à ciência e à pesquisa estão dizendo que se feriu a soberania nacional porque o pesquisador trabalhou a serviço de uma multinacional. Pelo amor de Deus! A ciência não tem cor. É desenvolvida para alcançar o bem-estar da sociedade. E todos queremos o benefício.

Tenho um filho que é médico, Sr. Presidente, e ele me diz que a cultura da Medicina na busca de novos medicamentos, de novos tipos de tratamento é a mais correta do mundo, porque imita Cristo. Qualquer médico, qualquer pesquisador passa, na hora, o conhecimento para o mundo inteiro para que todos possam distribuir melhores condições de vida para a sociedade. Então, quem violenta a ciência não pode ter o nosso respeito. O pesquisador é um sonhador permanente. Às vezes, está dormindo e levanta correndo porque tem que fazer uma anotação que, de repente, em sonho, veio-lhe à memória.

A esses aspectos graves que acabo de mencionar, surge um fato novo que é a decisão do movimento de imitar o que aconteceu na França nesses últimos tempos: trazer o movimento rural para o setor urbano, unindo-se os dois movimentos, e começar com ações de violência dentro das cidades.

Governo Lula, com todo o carinho que tenho por Vossa Excelência, não se descuide, não estimule isso, porque poderá ser incontrolável e, provavelmente, com reações que nenhum de nós deseja.

Muito obrigado. Espero não ter vencido o tempo.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/04/2006 - Página 13646