Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso, amanhã, do Dia do Taquígrafo.

Autor
Marco Maciel (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso, amanhã, do Dia do Taquígrafo.
Publicação
Publicação no DSF de 03/05/2006 - Página 13894
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, TAQUIGRAFO, RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, PROFISSÃO, PRESERVAÇÃO, HISTORIA, NECESSIDADE, TAQUIGRAFIA, PODERES CONSTITUCIONAIS, INSTITUIÇÃO PARTICULAR, REPRESENTAÇÃO, GRAFIA, DISCURSO.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Muito obrigado a V. Exª, ilustre Senador João Alberto Souza. Srªs. Senadoras, Srs. Senadores, Senador Papaléo Paes, Senador Pedro Simon, Senador Paulo Paim, Senador Amir Lando: As instituições - sejam estatais ou da sociedade - não podem, a meu juízo, prescindir da existência de biblioteca, arquivo e taquigrafia.

Faço tais observações, Sr. Presidente, por consagrar o calendário nacional 3 de maio como o Dia do Taquígrafo, data da instalação da Primeira Assembléia Nacional Constituinte do Brasil, registrada taquigraficamente há exatos 183 anos, antes, portanto, da nossa própria Independência.

José Bonifácio, cognominado “O Patriarca da Independência”, testemunhou, na sessão de 22 de maio daquele ano: “Logo que se convocou esta Assembléia, viu Sua Majestade a necessidade de haver taquígrafos; eu fui encarregado de dar as precisas providências. Um oficial - isto é, um funcionário da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros - se incumbiu de abrir uma aula de taquigrafia...” Dom Pedro I, determinou a concessão de bolsas de estudos aos candidatos a taquígrafos.

Sr. Presidente, por meio da voz, o ser humano expressa o que pensa; a voz, contudo, somente se transforma em palavra quando se materializa em texto escrito. “Verba volent, scripta manet”, reza um provérbio latino. Aí reside a significativa tarefa dos profissionais da taquigrafia: transformar a voz em palavra. Isso, desde os tempos remotos, permite guardar a memória de um povo, preservar sua cultura, que é o tesouro onde se alojam os valores que norteiam a vida em sociedade.

A busca da fixação do pensamento humano, pelo registro da fala, remonta à Antiguidade. Já os gregos e romanos conheciam os primórdios da codificação abreviada das palavras, daí a possibilidade de conhecermos na íntegra os clássicos discursos de Cícero e Demóstenes, os maiores oradores daquele tempo, pronunciados, respectivamente, no Senado Romano e na Ágora ateniense.

Sr. Presidente, como sabemos, o surgimento do cinema não fez desaparecer o rádio, assim como a invenção da televisão não levou o cinema à morte. Semelhante raciocínio pode aplicar-se à descoberta das tecnologias digitais; elas não eliminam os processos analógicos.

A cultura digital dos novos tempos, por outro lado, não deve - nem pode -, na área da educação, desprezar o que os pedagogos chamam de cultura letrada.

É evidente reconhecer os grandes progressos gerados pela engenharia do som. No caso da taquigrafia, essas conquistas já foram competentemente incorporadas aos seus trabalhos, ensejando uma maior fidedignidade dos textos, permitindo notável avanço dos trabalhos da insubstituível profissão que ora homenageamos.

            Ademais, Sr. Presidente, há oradores de dicção imperfeita, como é o meu caso, de fala rápida senão vertiginosa, atropelada não raro pelo aquecimento dos debates ou pelos explicáveis deslizes do improviso. É, sobretudo, então, quando se faz absolutamente necessária a presença do taquígrafo, por ser o profissional especializado na escrita fonética e cujo ouvido, por isso, consegue distinguir e interpretar os sons, corrigindo distorções do que é inadequadamente pronunciado, restaurando a verdade semântica do que realmente desejava expressar o orador, pelo uso do léxico nem sempre correto ou quando nada inapropriado. Será a presença atenta do taquígrafo, mormente nas tensões dos debates parlamentares, que o vai credenciar a conferir fidelidade aos termos usados na teleológica intenção do tribuno. Será, assim, a intervenção do taquígrafo que saberá transmitir, sutilmente transformada, uma manifestação eventualmente canhestra num texto límpido, satisfazendo a exigência do ideal perseguido por Olavo Bilac:

Torce, aprimora, alteia, lima

A frase...

Sr. Presidente, a atividade dos taquígrafos se estende aos demais Poderes do País, respeitadas as devidas peculiaridades: ao Executivo e, sobretudo, ao Judiciário, e a todos os entes federados - Estados e Municípios. Tal igualmente se aplica às instituições não públicas, sem deixar de referir aos conclaves nacionais e internacionais.

O exercício da taquigrafia integra, portanto, o conjunto de atividades ancilares que promovem a desejada modernização do País e, assim, a construção de um autêntico Estado Democrático de Direito.

Sr. Presidente, desejo, portanto, encerrar a minha manifestação, cumprimentando os profissionais da Taquigrafia do Senado Federal, a todos quantos se desincumbem desse mister e seus respectivos órgãos de classe, proclamando ser um dos Parlamentares que deles mais se valem em seu labor cotidiano. Julgo, também, com estas palavras, Sr. Presidente, expressar o sentimento dos demais membros do Congresso Nacional. Os taquígrafos exercitam seu ofício no silêncio, por isso muitas vezes não é percebida a essencialidade de sua missão no Parlamento, onde a voz se transforma em palavra da Nação.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/05/2006 - Página 13894