Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o setor sucroalcooleiro, um dos mais dinâmicos e promissores da economia nacional.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Considerações sobre o setor sucroalcooleiro, um dos mais dinâmicos e promissores da economia nacional.
Publicação
Publicação no DSF de 03/05/2006 - Página 13954
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • NECESSIDADE, INVESTIMENTO, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA, COMPATIBILIDADE, DEMANDA, SOCIEDADE.
  • IMPORTANCIA, AMPLIAÇÃO, PRODUÇÃO, ALCOOL, ABASTECIMENTO, PAIS, EXPORTAÇÃO, UTILIZAÇÃO, MELHORIA, GENETICA, CANA DE AÇUCAR, AUMENTO, AREA, PLANTIO, MODERNIZAÇÃO, EMPRESA DE AÇUCAR E ALCOOL, DESTILARIA, MOVIMENTAÇÃO, ECONOMIA.
  • REGISTRO, DADOS, AUMENTO, CONSUMO, ALCOOL, EFEITO, CRESCIMENTO, VENDA, VEICULO AUTOMOTOR, UTILIZAÇÃO, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, ATENDIMENTO, NECESSIDADE, EMISSÃO, GAS CARBONICO.
  • EXPECTATIVA, AUMENTO, PRODUÇÃO, ALCOOL, PARCERIA, EMPRESA, UNIVERSIDADE, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO, PRODUTO TRANSGENICO.

O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico,) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a melhor aposta que o Brasil pode fazer para alcançar patamares de desenvolvimento econômico compatíveis com nossas demandas sociais crescentes é investir na geração de empregos e de renda. Para tanto, todos sabemos, precisamos priorizar a produção, desonerando a cadeia produtiva e estimulando o empreendedorismo. Assim, estarão dadas as condições para que nossa economia deslanche e seja capaz de assegurar o bem-estar de todos os brasileiros.

            Hoje, gostaria de falar de um dos setores mais dinâmicos e mais promissores da economia nacional: o setor sucroalcooleiro. A recente elevação dos preços do álcool, causada pela escassez do produto no mercado, trouxe-nos a certeza de que é preciso expandir, e muito, sua produção. Não é questão de abastecer, apenas, o mercado interno. É questão de aproveitar as enormes oportunidades de exportação que surgem para o Brasil, advindas da escalada do preço do petróleo e do interesse de autoridades estrangeiras pelo nosso álcool.

Segundo matéria publicada na edição de abril da Revista Pesquisa, editada pela Fapesp, as soluções para expansão da produção brasileira de álcool englobam desde o plantio de novas variedades de cana-de-açúcar, inclusive transgênicas, até o simples aumento da área cultivada, além da introdução de inovações na linha de produção das usinas. O fato é que o aumento da produção é questão vital para os interesses nacionais, considerando tanto o abastecimento adequado do mercado interno quanto a resposta à crescente demanda externa pelo álcool brasileiro.

O maior responsável pelo incremento da demanda interna é o fenômeno dos carros flex fuel, cujas vendas têm aumentado em proporção geométrica. Em 2005, segundo a Revista Pesquisa, os carros bicombustíveis representaram 53% do total de automóveis e veículos comerciais leves produzidos no Brasil. Em fevereiro deste ano, a participação chegou aos 76%!

Externamente, a demanda vai aumentar, seja pelo alto preço do petróleo, seja por causa das exigências do Protocolo de Kyoto de reduzir as emissões de gás carbônico, resultantes, principalmente, da queima de derivados de petróleo. Para tirar proveito desse cenário, o Brasil precisa aumentar a exportação de álcool. Dos 15 bilhões de litros que produzimos, exportamos apenas 3 bilhões. Antes de aumentar a exportação, entretanto, temos de produzir mais.

É muito gratificante poder afirmar que as perspectivas são favoráveis. A expansão da área plantada já está ocorrendo em São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, bem como na região do Triângulo Mineiro. Segundo estimativas do setor sucroalcooleiro, 89 novas usinas serão instaladas, no Brasil, entre 2006 e 2010. Atualmente, o País conta com 300 usinas.

Segundo dados de um estudo da Unicamp, se houver aproveitamento racional das áreas agricultáveis ainda disponíveis, o Brasil pode aumentar, num espaço de tempo de 20 anos, a área plantada de cana em 35 milhões de hectares e atingir o patamar de 100 bilhões de litros de álcool por ano. Ainda segundo o estudo, seriam gerados 5,3 milhões de empregos!

Além da expansão da área plantada, são muito boas as perspectivas do aumento da produtividade. Recentemente, uma parceria entre o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a Usina Central de Álcool Lucélia e pesquisadores da USP e da Unicamp, financiados pela Fapesp, resultou no depósito da patente de 200 genes associados à produção de sacarose, componente fundamental para a produção de açúcar e de álcool.

Alguns desses genes já estão sendo usados para a produção de plantas transgênicas. Já são milhares de plantas nos laboratórios do CTC aguardando autorização da CTNBio para a realização dos testes de campo. As pesquisas são extremamente promissoras e podem contribuir para o aumento significativo da produtividade das usinas. Algumas plantas transgênicas testadas em laboratório proporcionaram aumento de 20% na produção de sacarose, o que é muitíssimo positivo.

Promover o melhoramento genético das espécies de cana-de-açúcar é uma atitude imperiosa para o Brasil, uma vez que a fronteira agrícola é finita. Hoje, dispomos de um patrimônio genético inigualável: cerca de 500 variedades comerciais. O melhoramento da cana é, sem sombra de dúvida, o grande responsável pelo aumento da produtividade nos últimos 30 anos. Nos anos 70, a lavoura produzia 47 toneladas por hectares. Em 2005, chegou a 82 toneladas. Ainda podemos melhorar: e melhorar muito!

O aumento da produtividade passa, também, pelas inovações introduzidas no processamento industrial da cana-de-açúcar. Nesse campo, uma equipe de pesquisadores do Instituto de Biologia da Unicamp criou uma levedura geneticamente modificada capaz de simplificar o processo de produção de álcool, barateando, com isso, o custo das usinas. Baseada no sucesso dos testes de laboratório, a equipe trabalha, agora, na modificação das leveduras industriais, aquelas que são, efetivamente, utilizadas pelos usineiros.

Na área da destilação, uma inovação nacional já é responsável por um terço da produção de álcool do Brasil. Trata-se da destilação extrativa, método que torna mais eficiente a produção do álcool anidro, aquele que é adicionado à gasolina. Introduzido no setor produtivo em 2001, a nova destilação já foi adotada por 28 usinas e responde pela produção de mais de 2,5 bilhões de litros desse tipo de álcool.

Revolucionário, no entanto, é o sistema de processamento capaz de transformar, em poucos minutos, o bagaço e a palha da cana-de-açúcar em álcool. O sistema foi desenvolvido pelo CTC e pelo Grupo Dedini, um dos maiores fabricantes de equipamentos para o setor sucroalcooleiro, e já está patenteado no Brasil e em outros países. A entrada em operação desse novo método promete elevar em 30% a produção de etanol, sem a necessidade de aumentar, em um hectare sequer, a área plantada.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, são excelentes as perspectivas para o setor sucroalcooleiro nos próximos anos. O plantio de novas variedades de cana-de-açúcar e a introdução de novos processos produtivos de álcool nas usinas, bem como o aumento da área plantada, prometem uma explosão da produção de cana e uma arrancada na produtividade do etanol.

Como pioneiro na utilização do álcool combustível, fonte de energia renovável e pouco poluente, nosso País tem por obrigação aproveitar as gigantescas oportunidades que começam a surgir. O petróleo é finito. O álcool, não! Assim, precisamos apoiar toda e qualquer iniciativa, de pesquisa ou de produção, tendente a aumentar nossa capacidade produtiva. Esta é a hora! Não há tempo a perder!

Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/05/2006 - Página 13954