Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Esclarecimentos sobre o convite feito ao Sr. Anderson Ângelo Gonçalves para depor na CPI dos Bingos.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.:
  • Esclarecimentos sobre o convite feito ao Sr. Anderson Ângelo Gonçalves para depor na CPI dos Bingos.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2006 - Página 14641
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
Indexação
  • RESPOSTA, DISCURSO, AUTORIA, JOSE AGRIPINO, SENADOR, ESCLARECIMENTOS, MOTIVO, IMPEDIMENTO, COMPARECIMENTO, ORADOR, REUNIÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
  • ESCLARECIMENTOS, INICIATIVA, ORADOR, CONVITE, TESTEMUNHA, REUNIÃO, PLANEJAMENTO, HOMICIDIO, EX PREFEITO, MUNICIPIO, CAMPINAS (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEPOIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
  • DENUNCIA, IRREGULARIDADE, PROCEDIMENTO, COMISSÃO, APROVAÇÃO, CONVOCAÇÃO, CIDADÃO, AUSENCIA, ORADOR, QUESTIONAMENTO, CONTRADIÇÃO, DEPOIMENTO, TESTEMUNHA, NECESSIDADE, APURAÇÃO, AUTENTICIDADE, INFORMAÇÕES.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Tião Viana, quero cumprimentá-lo hoje porque V. Exª está no exercício, de fato, da Presidência do Senado, uma vez que o nosso Presidente Renan Calheiros está ocupando a Presidência da República.

Senador José Agripino, pedi a presença do Senador Efraim Morais porque V. Exª é testemunha de que, ainda na semana passada, eu avisei ao Presidente Efraim Morais, em uma reunião pública da CPI, que não poderia estar presente pelo menos até meados desta semana, uma vez que havia sido convidado pela Unesco para estar presente em Colombo, Sri Lanka, o que demandou que eu viajasse por dois dias, ficasse lá por 24 horas e voltasse após dois dias de viagem. Cheguei ontem à tarde e não pude estar presente à reunião.

O que me surpreendeu é que algo para o qual seria tão relevante que eu estivesse presente foi surpreendentemente apresentado como objeto de discussão da reunião reservada na data de ontem, exatamente coincidindo com a minha ausência. O Presidente Efraim Morais sabia o quão relevante seria que eu estivesse presente na audiência.

Quero transmitir a V. Exª que, atendendo ao pedido da Srª Roseane, esposa, viúva do Prefeito Toninho, e do seu irmão Paulo Roberto, fui a Campinas. Ali, conheci o Sr. Anderson e resolvi convidá-lo para vir transmitir à CPI o que ele tivesse de relevante a dizer. Fui designado Presidente da Subcomissão que iria ouvi-lo. Então, convidei os Senadores Romeu Tuma e Magno Malta, designados também pelo Presidente Efraim Morais, para virem à minha residência, onde, em reunião reservada, gravamos todo o depoimento, todas as palavras pelo Sr. Anderson Angelo Gonçalves, conhecido como “Jack”; naquela reunião, ele deu o seu depoimento.

Qual o procedimento que tive, juntamente com os Senadores Romeu Tuma e Magno Malta, ao perceber que algumas coisas que ele havia dito poderiam ser perfeitamente verdadeiras, mas que outras não poderiam ser objeto de veracidade?

Senadora Heloísa Helena, peço a sua atenção, porque estou, neste instante, dirigindo-me ao Senador José Agripino, que fez uma comunicação, referindo-se a mim. Preciso da atenção de S. Exª. Desculpe-me.

O que é que eu fiz? Após a degravação, eu e os Senadores Romeu Tuma e Magno Malta escrevemos uma carta à CPI, comunicando o resultado da reunião e encaminhando a degravação. Eu fui pessoalmente ao Ministro Márcio Thomaz Bastos, a quem entreguei a carta e a degravação completa, para que ele pudesse ir à Polícia Federal, ao Dr. Paulo Lacerda, a fim de que fosse, então, verificada a veracidade ou não de cada uma daquelas afirmações.

Sim, o Sr. Anderson Angelo Gonçalves expressou, naquele depoimento, que teria ouvido no Bingo Taquaral, em Campinas, um diálogo, por três noites consecutivas, sobre o planejamento do assassinato do Prefeito Toninho.

Obviamente, isso é muito importante, mas alguns fatos soavam estranhos. Daí a preocupação de pedir à Polícia Federal que verificasse a veracidade dos fatos. E qual era o primeiro fato que precisávamos constatar para isso? E era importantíssimo que eu aqui ontem pudesse estar presente para indagar isso!

Estranho essa situação. Quero expressar ao Presidente Efraim Morais que isso não me foi permitido, porque, de surpresa e quebrando a regra que nós mesmos estabelecemos, de que, uma vez apresentado um requerimento, duraria ao menos 24 horas para que pudesse ser aprovado...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Peço a V. Exª que conclua, Senador Eduardo Suplicy.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - O requerimento de oitiva do Sr. Anderson Angelo Gonçalves foi apresentado ontem e ouvido imediatamente em seguida. Se tivesse sido para hoje, eu estaria aqui.

Por que razão o Presidente Efraim Morais, alegando que ele se encontrava ameaçado e tudo, não quis me esperar? Não podia o Senado garantir que ele estivesse aqui?

E qual era a pergunta-chave que, pelo que sei - ao menos segundo alguns Senadores para quem perguntei - não foi feita exatamente? Ele disse que um Sr. Emanuel, que era responsável pela segurança do Bingo Taquaral... Como era o nome?

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Ezequiel, Senador.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Pode ser Ezequiel, Emanuel ou o nome que for. Que este senhor havia... Na minha lembrança, da primeira vez ele havia falado Emanuel...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Peço a V. Exª que conclua, Senador Eduardo Suplicy.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - O Senador Magno Malta é testemunha.

Nós queríamos saber onde se encontrava essa testemunha. Qual era a sua relevância? Porque ele teria sido o segurança que teria permitido que ele lá estivesse por três noites. E esse mesmo segurança teria dito a ele, uma vez, que tinha gravado, no sistema de gravação interna de segurança, a entrada e a saída dos personagens que ele teria visto.

Pois bem. Pedi a ele que informasse ao Delegado Luna, à Polícia Federal, onde estaria essa pessoa. Até hoje, a Polícia Federal, que eu saiba, não nos informou porque não conseguiu obter a informação de onde está essa pessoa.

Ora, para darmos credibilidade ao que ele diz, precisamos saber. E, passados cinco meses, ele não aparece. E, de repente, surgem depoimentos de surpresa para mim e vem V. Exª dizer que ele está falando coisas gravíssimas!

O que é necessário fazermos, Senador José Agripino? De pronto, encaminharmos essa degravação que acaba de chegar as minhas mãos, e que não li ainda completamente - felizmente, foi feita rapidamente de ontem para hoje - e enviar ao Ministro da Justiça, assim como fizemos com as outras. E vou acrescentar mais: enviar também os depoimentos que ele fez ao Ministério Público e ao DHPP, em São Paulo, porque o que se nota, pelo que pude já verificar, é que ele tem mudado as diversas versões.

E o que posso assegurar-lhe, Senador José Agripino, é que tratei o Sr. Anderson sempre com o maior respeito, procurei sempre colaborar com o objetivo de desvendarmos a verdade.

Isso não é correto, por tudo que conversei com o Ministro Márcio Thomaz Bastos,...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Peço a V. Exª que conclua, Senador Eduardo Suplicy.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - ...que é o primeiro interessado em saber exatamente dos fatos. S. Exª, inclusive, encaminhou ao Dr. Paulo Lacerda minha carta, pedindo que isso fosse verificado. Conversei, hoje, com o Dr. Paulo Lacerda. A Polícia Federal, se pudesse, já teria esclarecido essa questão, mas ainda não se pôde fazer isso, porque o Sr. Anderson nem sempre tem colaborado.

Pergunto a V. Exª: ontem, ele disse onde estava esse segurança que permitiu que ele dormisse naquelas três noites? Isso foi perguntado a ele, Senador Efraim? Agradeço-lhe se V. Exª puder responder. Estou preocupado. Fiquei surpreendido com o fato de que V. Exª, sabendo que eu não estaria presente ontem, tivesse chamado o Sr. Anderson, após me designar para presidir a oitiva dele.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Eduardo Suplicy, V. Exª tem mais um minuto para concluir.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Concedo o aparte...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Não cabe aparte em explicação pessoal. O Senador Efraim Morais foi citado e tem direito à explicação pessoal, pelo art. 14 do Regimento Interno.

Pela relevância do tema, o Senador José Agripino, que suscitou a gravidade da questão, também terá direito à explicação pessoal.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Para concluir, Senador Efraim Morais, quero dizer que V. Exª sabe o quanto quero contribuir com V. Exª, como Presidente da CPI, e com todos os demais Presidentes para desvendar inteiramente esse episódio. Mas quero contribuir de maneira a que todos venhamos a agir de boa-fé, com muita clareza e com transparência. E é assim que vou continuar contribuindo com a CPI.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Infelizmente, não há aparte.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Está bem! Eu falarei pela inscrição posteriormente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2006 - Página 14641