Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Esclarecimentos sobre os fatos que cercam o depoimento do Sr. Anderson Ângelo Gonçalves à CPI dos Bingos.

Autor
Efraim Morais (PFL - Partido da Frente Liberal/PB)
Nome completo: Efraim de Araújo Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.:
  • Esclarecimentos sobre os fatos que cercam o depoimento do Sr. Anderson Ângelo Gonçalves à CPI dos Bingos.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2006 - Página 14645
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
Indexação
  • RESPOSTA, DISCURSO, AUTORIA, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, ESCLARECIMENTOS, PROCEDIMENTO, ORADOR, PRESIDENTE, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, CONVOCAÇÃO, URGENCIA, REUNIÃO, COMISSÃO, OBJETIVO, DEPOIMENTO, TESTEMUNHA, VITIMA, AMEAÇA, MORTE, MOTIVO, CONHECIMENTO, PLANEJAMENTO, HOMICIDIO, EX PREFEITO, MUNICIPIO, CAMPINAS (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • ACUSAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), TENTATIVA, DESCARACTERIZAÇÃO, AUTENTICIDADE, DEPOIMENTO, TESTEMUNHA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Senador Tião Viana, gostaria inicialmente de cumprimentar V. Exª, que assume a Presidência do Senado Federal. Todos nós que temos a felicidade de conviver nesta Casa e no Congresso Nacional com V. Exª sentimo-nos valorizados e felizes em saber que V. Exª assume a Presidência desta Casa. Todos nós que fazemos a Mesa queremos parabenizar a investidura de V. Exª.

Senador Eduardo Suplicy, referindo-me ao fato em debate e pelo chamamento que me fez, devo dizer que em nenhum momento a honra de V. Exª foi atacada pelo cidadão Anderson Ângelo Gonçalves. Quero dizer que a convocação que fiz para que acontecesse aquela reunião secreta, que eu chamaria de uma reunião fechada e de urgência, ocorreu porque o Sr. Anderson solicitou, por meio da minha assessoria e da do Relator, um contato, diferentemente do que fez com V. Exª. Quando V. Exª foi ouvir o Sr. Anderson, ele disse a V. Exª que estava sendo ameaçado de morte?

V. Exª desligue o telefone, Senador, para poder me ouvir, já que me convidou para cá.

Devo dizer que, com certeza, no dia em que V. Exª foi ouvi-lo, juntamente com os outros Senadores, por determinação desta Presidência, fiz questão de registrar, lá na reunião, o trabalho que V. Exª tinha feito. É claro que ele não lhe disse que estava sendo ameaçado de morte. Ele não lhe falou isso daquela vez. Mas ele me pediu que viesse e que o convocasse para que aqui ele pudesse depor, porque estava com medo de morrer, estava sendo ameaçado. Agora, só poderia vir se o depoimento fosse sigiloso, se ninguém soubesse, para que ninguém tentasse acabar com sua vida antes de vir para cá.

Mandei minha assessoria lá para a cidade de Campinas, juntamente com a do Senador Garibaldi. Antes de iniciar a reunião, dei ciência de todos esses fatos às Srªs e aos Srs. Senadores que se encontravam presentes. O Sr. Anderson nos fez um apelo para que a reunião fosse fechada. Nós aceitamos. Chegamos até a argumentar com o Sr. Anderson no sentido de que ele poderia falar abertamente, pois o colocaríamos no Provita. Foi o que ele pediu; não quis a proteção da Polícia Federal nem da Polícia Civil, queria a do Provita... Ou melhor, não sei se é da Polícia Civil. Refiro-me ao DHH... V. Exª pode dizer, Senador Suplicy, só para esclarecer-me.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É o DHPP.

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Cheguei próximo.

Veja bem. A partir daí disse-lhe: o senhor pode falar porque terá essa garantia. Ele me disse: “Senador, tenho mulher e filho. E minha mulher e meu filho de seis anos também estão sendo ameaçados de morte”. Veja V. Exª que a situação era diferente. Eu não podia colocar à disposição de todos que haveria essa oitiva. Pus o requerimento em votação e houve unanimidade. Sei da regra que estabelecemos, mas há uma urgência e há uma carta assinada pelo Sr. Anderson dizendo que quer depor. Eu não precisaria nem de requerimento. Como Presidente, eu faria até um convite para que ele pudesse depor.

Não entrei nem vou entrar em detalhes sobre o Sr. Anderson. Minha convicção é que ele falou com dados, com provas, e para cada fato há uma prova. Lamentavelmente, Sr. Presidente, o que aconteceu foi que mais uma vez o Partido de V. Exª, Senador Suplicy, tentou desqualificar a testemunha, como quis fazer com o caseiro, com o motorista, com o jardineiro e como quis fazer com o garçom, contra os trabalhadores. O Partido de V. Exª não aceita testemunho de trabalhador, porque esse é pobre. E o Presidente Lula diz que faz a política do pobre, mas não confia na palavra dos pobres.

Entretanto, V. Exª tem razão. E faço-lhe uma sugestão: vou propor que o Sr. Anderson volte para depor, na presença de V. Exª e em aberto para todo o Brasil, para que possamos realmente divulgar esse fato para que o Brasil o conheça. Porque, quando a CPI foi criticada por muitos do Governo, dizendo que estávamos fora do foco, fora do fato determinado, erraram. Mais uma vez, tentaram enganar a opinião pública. Planeja-se o crime de um Prefeito dentro de uma casa de bingo e a CPI dos Bingos não pode apurar esse fato? O Governo está perdido e está querendo mentir para a opinião pública, está enganando o povo, tentando desviar os fatos verdadeiros.

Por isso, V. Exª tem razão.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Eu subscrevo o requerimento, se V. Exª quiser apresentá-lo, para que o Sr. Anderson volte à CPI e seja ouvido na presença de V. Exª.

V. Exª concorda com esse requerimento?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu concordo, mas...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Não cabe aparte, Senador.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita-me apenas...

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Primeiro, eu perguntei se o Senador concorda ou não com o requerimento, para que ele seja feito agora e votado terça-feira, com o apoio de V. Exª.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Concordo, mas com o apelo de que ele colabore informando algo importantíssimo, que é onde está a pessoa que o autorizou a ficar ali durante aquelas três noites...

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Quanto às condições, V. Exª vai conversar com ele, porque ele chegou a dizer inclusive que aceita uma acareação com qualquer cidadão que foi citado.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Então, muito bem.

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Com qualquer um, até com V. Exª. Veja como ele falou. Deve estar aí.

Daí eu dizer a V. Exª o seguinte: primeiro, vamos mandar preparar o requerimento para que eu e V. Exª o subscrevamos.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Sim, sem problema.

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Segundo: quando V. Exª disse que eu tinha de mandar oficialmente...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu encaminharei...

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - ... a degravação para o Ministro da Justiça, permita-me dizer a V. Exª que não tenho obrigação nenhuma de enviá-la, até porque o próprio Ministro está citado. Não tenho que enviar a degravação oficialmente, até porque ela já está nas mãos de V. Exª e o depoimento está aberto para todo o Brasil.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Está bem.

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Devo dizer que se faz necessário, Senador, mostrar que o que aconteceu em Santo André é muito parecido com o que ocorreu em Campinas. Inclusive, muitas figuras que participaram do ocorrido em Santo André também participaram do que ocorreu em Campinas.

Preciso ressaltar que saio daqui com a consciência tranqüila de que estou fazendo o meu papel como Presidente, buscando a verdade, o fato verdadeiro. Saliento, outrossim, que aqueles que criticaram e continuam criticando a CPI dos Bingos, dizendo que a Comissão está fora do foco, estão mentindo, porque, a cada passo, se prova que não são verdadeiras as palavras daqueles que querem tentar desqualificar o caseiro, o garçom, o jardineiro, o motorista.

Senador, o fato é que estão com medo da verdade, e a prova disso é que desafio o Governo a aprovarmos os requerimentos de quebra de sigilo que lá estão, a trazermos Jorge Mattoso de volta. Por que o Governo não quer aprovar isso? Porque sabe que, na hora em que isso acontecer, se baterá na porta do Presidente da República. O grande medo que tem o Governo é que se bata na porta do Governo com a quebra do sigilo do Sr. Paulo Okamotto, seja por ele ser doador universal principalmente da família do Presidente, seja porque talvez não se encontre nada e então se pergunte de onde ele tirou dinheiro para pagar as contas do Presidente da República e de seus parentes. Aí a resposta vai ser fácil: do “valerioduto” ou então, talvez, de dinheiro dado pelos próprios empresários dos jogos.

Deixo claro que, entre tantos outros fatos ocorridos ontem, o Sr. Anderson reconheceu uma fotografia de um empresário angolano e disse que ele era uma das pessoas que se encontravam na casa de bingo. Um empresário de jogos, dono de vários bingos neste País. Está aí o fato determinado.

Espero que o Governo mude de discurso e não tente desqualificar a CPI dos Bingos, pois assim estarão, mais uma vez, mentindo para o povo brasileiro.


Modelo1 8/17/245:08



Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2006 - Página 14645