Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A questão da crise ente o Brasil e a Bolívia. Apelo ao Governo no sentido do investimento nos gasodutos brasileiros.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • A questão da crise ente o Brasil e a Bolívia. Apelo ao Governo no sentido do investimento nos gasodutos brasileiros.
Aparteantes
Amir Lando.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2006 - Página 14657
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • ELOGIO, RESPOSTA, PRESIDENTE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), DECISÃO, GOVERNO ESTRANGEIRO, BOLIVIA, NACIONALIZAÇÃO, SETOR, GAS, PETROLEO, AUSENCIA, INVESTIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO.
  • COBRANÇA, GOVERNO, CONSTRUÇÃO, GASODUTO, ESTADO DE RONDONIA (RO), APROVEITAMENTO, PRODUTO NACIONAL, GAS, UTILIZAÇÃO, RECURSOS, AUSENCIA, INVESTIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA.
  • DEFESA, PRIORIDADE, CONSTRUÇÃO, GASODUTO, POSTERIORIDADE, IMPLEMENTAÇÃO, SISTEMA ELETRICO INTERLIGADO.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, embora já tenhamos falado bastante hoje sobre a questão do gás, o gás da Bolívia, o gás brasileiro, eu vou voltar, Sr. Presidente, ao assunto, pois se trata de um tema candente no momento.

            O Brasil se deparou recentemente com essa crise da Bolívia, afetando sobremaneira a economia brasileira. Eu quero parabenizar o Presidente da Petrobras que, embora tardio, deu uma resposta à altura ao governo boliviano, dizendo que a Petrobras não investirá mais US$1 bilhão, como estava previsto para os próximos meses ou próximos anos.

Eu aproveito esta oportunidade para, em cima da fala do Presidente da Petrobras, cobrar a construção dos nossos gasodutos, para o aproveitamento do gás brasileiro, já que o Governo brasileiro anterior e o Governo atual investiram na Bolívia, copiando, talvez, o governo americano quando investe em outros países na extração, na compra de petróleo preservando as suas reservas para o futuro.

Foi exatamente isso que o Brasil pensou: vamos investir na Bolívia, trazer o gás da Bolívia e vamos deixar o nosso gás para ser usado no futuro.

Bem pensado, não fosse a loucura de alguns presidentes, como é o caso do Presidente Evo Morales, da Bolívia, que, com as suas bravatas, joga por terra todos os contratos e os acordos bilaterais com o Brasil.

Aproveito esta oportunidade para pedir ao Presidente Lula, ao Presidente Gabrielli, da Petrobras, para que esse um bilhão de dólares, que, de uma certa forma, não vai ser mais investido na Bolívia, possa ser investido nos gasodutos brasileiros.

Recentemente, tivemos reuniões com o Gabrielli, Presidente da Petrobras, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que dizia à Bancada de Rondônia - toda a Bancada unida e reunida com o Presidente - que aceitaria construir o gasoduto Urucu-Porto Velho, para abastecer a nossa térmica de Porto Velho, que abastece Rondônia e Acre com energia elétrica cara, gerada a óleo diesel, gastando 1,250 mil litros de óleo diesel por dia, como já foi falado aqui pelo Senador Rodolpho Tourinho. Então, o Presidente Gabrielli nos falava que aceitaria gastar até U$400 milhões para construir esse gasoduto, não mais do que isso.

Entendo que, mesmo que venha a gastar um pouco mais de U$400 milhões, já que o gasoduto Coari-Manaus é importante para o Estado do Amazonas e o pólo industrial de Manaus merece esse gasoduto, mesmo assim eu digo que mesmo que gaste um pouco mais de U$400 milhões no gasoduto Urucu-Porto Velho, mesmo assim ainda compensa, porque vai economizar alguns milhões por mês - não por ano, mas por mês. Talvez em dois ou três anos, Sr. Presidente, o gasoduto Urucu-Porto Velho se pague. Ele se paga com dois anos de economia, na compensação de óleo diesel para o gás natural. Então, nós queremos o nosso gasoduto!

Tenho ouvido falar recentemente da interligação do sistema nacional com Rondônia e o Acre. Isso é muito bom e seria melhor ainda se tivesse ocorrido há dez anos. Isso porque hoje, Sr. Presidente, o Estado de Rondônia e o Estado do Acre não têm problemas de racionamento. Na época do apagão, aquela foi uma das poucas regiões do Brasil que não teve problema.

Vamos supor que se interligue o sistema nacional: Mato Grosso, Rondônia e Acre interligando-se com o sistema nacional. E, se daqui a três ou quatro anos não construirmos mais hidroelétricas, se não aumentarmos a nossa capacidade instalada de geração de energia elétrica, vir ocorrer novo apagão no Brasil? A térmica de Porto Velho, que gera energia por meio da queima de óleo diesel - dizem - será desativada com a interligação do sistema e a não-construção do gasoduto.

Nesse caso, o que seria de Rondônia, o que será do Acre, se tivermos um apagão no Brasil e o sistema estiver interligado? Vamos sofrer as conseqüências como já ocorreu no passado.

Eu teria coragem de dizer desta tribuna hoje que é muito mais importante para Rondônia e para o Estado do Acre a construção do gasoduto do que a interligação do sistema nacional Mato Grosso-Rondônia, porque o gás é uma energia barata, é uma energia segura. Já temos a térmica construída. Foram investidos mais de US$300 milhões para construir a Termonorte, essa térmica que abastece Rondônia e o Acre. E agora, depois de tantas delongas, de tanto trabalho, de tanto esforço para se conseguir a licença ambiental, depois de mais de cinco anos de luta, de idas e vindas para se conseguir a licença ambiental, a Petrobras diz que não, que o gasoduto vai ficar muito caro e, por isso, será difícil construir o gasoduto Urucu-Porto Velho.

Então, faço aqui este apelo para que esse US$1 bilhão, que não será mais investido na Bolívia, por falta de confiabilidade daquele país, seja investido no gasoduto Urucu-Porto Velho e no gasoduto Coari-Manaus, ou talvez em outros gasodutos do País.

E fico admirado quando o Presidente da Venezuela propõe, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em conjunto com os Presidentes do Brasil, da Argentina e do Uruguai, a construção de um gasoduto de 8 mil quilômetros, que vai cortar o Brasil de ponta a ponta e no qual serão gastos US$20 bilhões. Por que não construir o nosso, que são pouco mais de 400 quilômetros, que já esperamos há mais de cinco anos?

Concedo um aparte, com muito prazer, ao nobre Senador Amir Lando, nosso pré-candidato ao Governo do Estado de Rondônia.

O Sr. Amir Lando (PMDB - RO) - Nobre Senador Valdir Raupp, V. Exª aborda, mais uma vez, um tema que devemos reviver por dever de ofício. Em verdade, nobre Senador, é uma questão inconcebível o que está acontecendo. É algo inacreditável, inexplicável, alguma coisa beirando os meandros do absurdo. Não há razão alguma para que esse gasoduto não seja construído com celeridade. É evidente que podemos até aumentar a bitola da tubulação, porque amanhã esse gás poderá servir a um pólo industrial no Estado de Rondônia. E o que se percebe? Primeiro, a morosidade extrema, incompreensível, também na liberação da autorização ambiental; e agora, uma vez concedida a licença ambiental, a inviabilidade econômica. E V. Exª diz muito bem que estivemos juntos com o Presidente da Petrobras e da empresa que tem a concessão para a construção desse gasoduto. É lastimável, mais uma vez, que a racionalidade não impere. V. Exª disse bem que o se gasta só com a conta CCC na Amazônia é algo em torno de 4,6 bilhões. Ora, isso daria para fazer vários gasodutos, mas prefere-se gastar isso num ano e não construir o gasoduto. A irracionalidade, a incompreensão ou alguma força maior, que não podemos identificar neste momento, opera contra os interesses nacionais. Quero parabenizar V. Exª e dar o testemunho da luta de V. Exª e da nossa luta conjunta com relação a esse tema. E vamos continuar lutando, vamos continuar reivindicando, porque, como diz o velho ditado, “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Então, só pela repetição, pela insistência, pela perseverança, vamos vencer. Parabenizo V. Exª.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO) - Obrigado, nobre Senador Amir Lando. Incorporo o seu aparte ao meu pronunciamento.

Para concluir, Sr. Presidente, queremos a construção do gasoduto. Queremos também a interligação do sistema. Mas tenho ouvido falar que, se se interligar o sistema, não sai o gasoduto. Se for para interligar o sistema e não sair o gasoduto, nós queremos o gasoduto primeiro e depois vamos interligar o sistema. Queremos a construção das usinas do Madeira, que vão gerar 7 mil megawatts de energia para o Brasil. Não é só para o Norte, não é só para Rondônia, não é só para o Acre: é para o Brasil. De forma, Sr. Presidente, que queremos essa compensação para o Estado de Rondônia.

Dizem que a industrialização, o desenvolvimento pode depredar o meio ambiente. Ora, o pólo industrial de Manaus tem mais de 400 indústrias, gerando mais de 350 mil empregos, e o Amazonas é o Estado mais conservado do Brasil: possui 98% ainda das florestas preservadas.

Se levarmos o gasoduto para Porto Velho, vamos industrializar Porto Velho como foi industrializada Manaus e vamos preservar o meio ambiente. A previsão do Estado de Rondônia é preservar 70% do meio ambiente. Não são as obras de grande porte que vão agredir o meio ambiente em Rondônia e no Estado do Acre. Nós queremos as grandes obras para gerar empregos na cidade, para que não haja a corrida da cidade para o campo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2006 - Página 14657