Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do início, ontem, das comemorações dos 30 anos da Rede Gazeta de Televisão, no Espírito Santo. Homenagem aos 52 anos da Universidade Federal do Estado do Espírito Santo. Manifestação de apoio à Varig. Homenagem ao pugilista baiano Acelino Popó de Freitas pela conquista do título mundial de boxe, na categoria "Leves".

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Registro do início, ontem, das comemorações dos 30 anos da Rede Gazeta de Televisão, no Espírito Santo. Homenagem aos 52 anos da Universidade Federal do Estado do Espírito Santo. Manifestação de apoio à Varig. Homenagem ao pugilista baiano Acelino Popó de Freitas pela conquista do título mundial de boxe, na categoria "Leves".
Aparteantes
Amir Lando, Arthur Virgílio, Eduardo Suplicy, Heloísa Helena.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2006 - Página 14659
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, INICIO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE DE TELECOMUNICAÇÕES, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO (UFES), SAUDAÇÃO, REITOR, CORPO DOCENTE, CORPO DISCENTE.
  • MANIFESTAÇÃO, APOIO, MANUTENÇÃO, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG), DEFESA, NECESSIDADE, GOVERNO, ADOÇÃO, PROVIDENCIA, SOLUÇÃO, CRISE, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO.
  • HOMENAGEM, ATLETA PROFISSIONAL, LUTA, ESTADO DA BAHIA (BA), VITORIA, CAMPEONATO MUNDIAL.
  • CRITICA, CONDUTA, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO ESPORTE, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CONCESSÃO, PATROCINIO, ATLETA PROFISSIONAL, LUTA, ESTADO DA BAHIA (BA).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Srª Senadora Heloísa Helena, candidata à Presidência da República pelo P-SOL, alagoana da gema, a Rede Gazeta de Televisão, o conglomerado de comunicações dirigido pelo empresário Carlos Fernando Lindenberg, o jovem conhecido como “Café” - por isso eu gosto tanto dele -, em 2006, comemora trinta anos. E ontem as comemorações começaram, quando a TV Gazeta mostrou a sua nova logomarca, começando, assim, as suas comemorações para 2006.

A TV Gazeta e o jornal A Gazeta têm uma importância muito grande na vida do Estado do Espírito Santo. Nos últimos doze anos, o Espírito Santo esteve dominado pelo crime organizado, e o jornal A Gazeta e a TV Gazeta prestaram um grande serviço ao nosso Estado, porque, em nenhum momento, essa televisão, esse jornal, as rádios se curvaram à força imposta, aos desmandos e ao instinto criminoso do crime organizado no Espírito Santo. Por isso, de certa forma, Sr. Presidente, sou compungido a fazer este registro nesta sessão, parabenizando a Rede Gazeta pela nova logomarca e pelos trinta anos. As comemorações acontecerão no ano de 2006. Parabéns ao Café, a toda a sua família, ao Lindenberg, aos profissionais de rádio, televisão e jornal, do motorista ao jornalista; do principiante ao mais antigo, que fazem parte desse conglomerado que presta um grande serviço, dos mais importantes, à sociedade capixaba.

Sr. Presidente, a Universidade Federal do meu Estado, a Ufes, na próxima sexta-feira, completa 52 anos. Quero abraçar o corpo docente e o corpo discente, parabenizando, assim, àqueles que têm prestigiado o Estado do Espírito Santo e o Brasil, porque muitos são os alunos que para lá migram para disputarem uma vaga na universidade e serem contemplados com a capacidade e a qualidade da Universidade Federal do Espírito Santo.

Meu abraço a todos e meus parabéns à Ufes, tão bem dirigida pelo Reitor Dr. Rubens Rasseli, nosso querido Rubinho.

Sr. Presidente, eu gostaria, ainda, de usar o meu tempo para falar um pouco da Varig.

Senadora Heloísa Helena, eu faço coro com aqueles que estão formando um anel em volta dessa companhia, Senadores e Deputados Federais, no sentido de ajudar o Governo a refletir sobre a necessidade de salvar essa empresa.

O Presidente Fernando Henrique Cardoso fez o Proer para salvar os bancos. Houve muita crítica naqueles dias, mas S. Exª entendeu ser necessário oxigenar os bancos porque fazem parte da sociedade de um país, e no nosso não é diferente.

A Lufthansa, a TAP, a Iberia, Sr. Presidente, são bandeiras de países. O Brasil não tem uma bandeira.

A defesa que estou fazendo aqui seria a mesma para qualquer outra companhia importante para este País. Para tanto, há um coro que tem se multiplicado todos os dias no sentido de que haja uma solução a partir do Governo Federal. E parece que a sociedade brasileira começa a entender e vem tendo uma reação diferenciada.

Sr. Presidente, tenho conversado com funcionários da Varig. Esta semana, conversei com funcionários que têm 25 anos, 30 anos de empresa, Senadora Heloísa Helena. Se essa empresa de fato quebrar, essas pessoas não têm nem como receber os seus direitos. Se bem que existe uma proposta - a melhor que existe - de os próprios funcionários assumirem a companhia, Senador João Batista Motta. É importante que haja sensibilidade do Governo para este momento. Os pilotos qualificados que fazem vôo internacional certamente terão mercado de trabalho rapidamente. Mas, para quem ficará essa fatia de mercado, principalmente de mercado internacional?

Nos Estados Unidos, há entre 10 e 15 companhias aéreas. Se desaparecer uma, Senador João Batista Motta, não fará falta. Com o desaparecimento da Varig, deixarão de existir milhares de empregos, desde aqueles da limpeza até os de carregadores de mala, de motoristas de tratores, do pessoal da sinalização ou da comissaria. Haverá demissão em massa. Jogaremos essas pessoas, na sua grande maioria acima de 40 anos, fora do mercado de trabalho, e sem inserção no mercado de trabalho.

Por isso, faço um pronunciamento no sentido de que nos juntemos não somente em uma fala da tribuna, Senador Mozarildo Cavalcanti, que assume a Presidência deste Senado nesta tarde.

Esperamos, de fato, que o Presidente Lula, em sua volta, traga-nos na bagagem uma solução, Senador João Batista Motta, com relação à bravata do Sr. Evo Morales. Esse rapaz está brincando com fogo. A bravata do Hugo Chávez ainda tem sustentação porque ele tem petróleo, uma grande empresa estatal, mas o outro não tem nada para sustentar suas bravatas. No momento em que essas pessoas que hoje batem palmas começarem a experimentar a demissão, irão para as ruas e pedirão a cabeça dele.

Faz sentido a fala do Presidente da Petrobras. Se temos como resolver o nosso problema em quatro anos, investindo na Bacia de Santos, por exemplo, para sermos auto-suficientes em gás, devemos realmente fazer uma negociação civilizada neste momento, investir esse dinheiro aqui no Brasil, para que, daqui a quatro anos, deixemos o Sr. Evo Morales resolver o seu problema a partir do tom da bravata que fez com o Brasil.

Acho que tudo que é combinado não é caro. Ele veio aqui e fez duas conversas diferentes. Se ele fez essa conversa lá, em discurso, e prometeu na sua campanha, ele tem de cumprir. Agora, a conversa que ele fez aqui foi diferente, Senador Motta. A conversa do Evo Morales aqui foi diferente. E aí, Senador Amir Lando, depois da auto-suficiência - segundo a Petrobras, isso ocorrerá em quatro ou cinco anos, fazendo-se esses investimentos -, vamos ver que um país tão pobre, com uma bravata dessa natureza, não tem condição de atrair o capital estrangeiro. Os empresários não querem, os que estão lá morrem de medo, e eu não sei aonde o Presidente Evo Morales quer chegar.

Ouço o Senador Amir Lando.

O Sr. Amir Lando (PMDB - RO) - Nobre Senador, parabenizo V. Exª sobretudo quando se refere à questão da Varig, que é um símbolo nacional. Quero dizer, neste momento em que V. Exª se refere à questão do gás, que não há planejamento no País. Essa era uma questão para ser equacionada desde muito tempo. V. Exª tem toda a razão. Quanto às bravatas, a esses momentos de ousadia política, não vou entrar no mérito, porque é uma questão soberana, mas quero dizer que essa questão do gasoduto foi um investimento de risco realmente, porque a instabilidade política da Bolívia é conhecida. Há uma história. Eu tinha, inclusive, o número de presidentes ao longo da história da independência da Bolívia. É realmente uma instabilidade permanente. É importante dizer que esses investimentos já foram feitos há certo tempo, há alguns anos, não foram investimentos recentes. Então, o País assumiu esse risco, e agora temos que buscar uma solução negociada. Entendo, como diz V. Exª, que o que é acertado não é caro. Chegou o momento de se buscar uma solução negociada, de bom senso. É preciso tirar um pouco uma certa emoção que domina essa questão. Não foi um erro momentâneo, atual, é um erro que, há alguns anos, o País cometeu, mas ninguém comete um erro porque quer; imaginava-se que haveria uma estabilidade. Por isso, quero dizer a V. Exª que chegou a hora de entrar o diálogo, o esforço imenso do Itamaraty. Entendo que também este país vizinho saberá compreender que a negociação é a melhor saída. Não será uma atitude unilateral que vai resolver, nem para o lado brasileiro nem para o lado boliviano. V. Exª tem razão quando diz que o importante é buscar esse entendimento, o consenso, porque só assim se resolvem os problemas entre as nações. Espero que haja a racionalidade necessária, e vamos extrair um pouco a emoção desse caso para se buscar uma política de resultados, uma política prática que, com absoluta certeza, será boa para a Bolívia e para o Brasil.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Incorporo o aparte de V. Exª ao meu pronunciamento. Certamente V. Exª o enriquece com sua fala sempre abalizada, Senador Amir Lando. Muito obrigado.

Senadora Heloísa Helena, que é candidata à Presidência da República, Senador Gilvam, no dia 29, fui aos Estados Unidos para assistir à luta do meu amigo Popó. Senador Suplicy, digo a V. Exª, que foi lutador de boxe na juventude, que não fui em missão oficial, não fui como Senador. Comuniquei à Casa que estava saindo do País. Fui à luta - o cidadão Magno Malta -, como amigo de Popó, com minhas próprias posses. Tenho feito isso todas as vezes em que Popó faz essas lutas.

Senador Gilvam Borges, não somos o México, nem Cuba, nem os Estados Unidos, que têm tradição. O boxe, para eles, é como o futebol para nós. Somos o País do futebol, Senador Heloísa Helena. Romário ser o primeiro do mundo, assim como Rivaldo, não é novidade nenhuma para nós. Roberto Carlos foi o segundo do mundo. Ronaldinho Gaúcho foi duas vezes e será três ou quatro. Daqui a pouco serão Robinho, Diego. Vão nascer Ronaldinhos a rodo. Somos o País do futebol. No entanto, temos no Brasil, um país sem tradição nenhuma no boxe, o tetracampeão de boxe do mundo: Acelino Popó de Freitas.

Popó foi um menino pobre, da Baixa de Quintas. Está com 29 anos. Até os 23 anos dormia no chão. Foi bem criado pela Dona Zuleica. Tinha tudo para ser bandido, mas aquela mãe pobre soube criar aqueles meninos, tornando-se referência para todos, para Cláudio, para Paulinho, para Teem, Tintim.

Senadora Heloísa Helena, o que mais me intriga é que temos o tetracampeão de boxe do mundo. É considerado o pugilista mais carismático. Nessa luta, Senador João Batista Motta, o Zahir, que lutou com Popó, é considerado rei. Entrou de coroa no ringue, com bata de rei, com todo o aparato de rei, porque o mundo do boxe, nos Estados Unidos, queria construir um novo ídolo, o que não tem conseguido depois de Mike Tyson. Um rapaz de 26 anos - Popó tem 29 -, com 17 lutas, 17 nocautes. Popó entrou vestido com um calção com um desenho da bandeira brasileira e uma blusa com desenho da bandeira brasileira.

Como o pugilista brasileiro não era o dono da casa, os comentaristas - eu assistia à transmissão da HBO, antes da luta - mostravam a história do Zahir, desde a infância, mas de Popó eles só mostravam, Senador Gilvam, a última luta com Corrales, quando Popó caiu. Apenas aquelas imagens. Discriminação e desrespeito há no mundo inteiro. Era para mostrarem a mesma imagem, a do menino pobre, da Baixa de Quintas, do Brasil, um país sem tradição, que veio para os Estados Unidos e conquistou títulos.

Senadora Heloísa Helena, eu estava no apartamento com Popó antes da luta. Lemos a Bíblia, oramos, falamos com Deus, todos nós ali: o Oscar, seu treinador; o Ulysses, que é do Pará; e toda a equipe de Popó. Fui para lá como torcedor, com a minha bandeira. Algumas pessoas mandaram e-mail dizendo que viram alguém parecido comigo lá na torcida. Era eu mesmo, com a bandeira, de blusa amarela, gritando eufórico, porque o sentimento nativista que existe dentro de mim é muito grande, o sentimento de amor à minha Pátria é grande.

Porém, eu gostaria de ter visto Popó subir ao ringue com o patrocínio do Brasil, Senador Gilvam Borges. Os rapazes que jogam futebol de areia aqui têm patrocínio - tenho todo o respeito por eles, este é o país do futebol -, os jogadores de vôlei o têm, todos o têm, menos o tetracampeão mundial de boxe.

Senadora Heloísa Helena, a torcida do americano eram os seus promotores, a imprensa, o pessoal do mundo do boxe, mas o povo inteiro gritava, quando Popó entrou, “Popô, Popô, Popô” - os americanos não falam Popó, falam Popô. Foi uma cena de fazer chorar qualquer brasileiro.

Alguns diziam que ele era o azarão, sendo que ele era o tricampeão mundial. Vejam o que Popó viveu nesses dias nos Estados Unidos.

Senador Gilvam Borges, a luta durou doze rounds. O outro lutador era duro e boxeou sujo. Senador Eduardo Suplicy - V. Exª agora conhece a linguagem do boxe -, ele fez clinch até nas pernas do Popó. Ele agarrou Popó e o jogou no chão, como se fosse luta livre. Fez isso três ou quatro vezes. E Popó terminou o décimo segundo round em pé, sem nem sentar.

Quando se está sentado no meio do povo, não se ouve nada, porque os lutadores estão em cima. No entanto, a televisão também fica em cima. Então, hoje, alguém me falou que viu, pela RedeTV!, que foi a emissora que retransmitiu a luta no Brasil - aliás, parabéns ao pessoal da RedeTV! pela retransmissão -, que, quando Popó sentava no ringue e o Oscar falava com ele, dando-lhe forças, porque a luta estava muito suja e Popó tomou uma cabeçada no primeiro round, Popó batia no peito e dizia assim: “Me deixa. Sou brasileiro e sou homem”. Foi, então, para os doze rounds. E Popó, ao final daquela luta, sagrou-se tetracampeão mundial de Boxe.

Neste ano, há dois eventos importantes mundiais: o título do Popó e a Seleção Brasileira na Copa. O tetra de Popó já veio.

Concedo um aparte, consecutivamente, aos Senadores Eduardo Suplicy, Arthur Virgílio e Heloísa Helena.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Magno Malta, em primeiro lugar, sou testemunha de que, de há muito, V. Exª tem procurado dar força ao pugilista Popó. Inclusive, no ano passado, o pugilista participou de uma luta na Bahia e V. Exª muito insistiu que eu pudesse também assistir à luta. Tive muita vontade de fazê-lo, mas não me foi possível em face de outro compromisso que tive naquele dia. V. Exª até me convidou para irmos aos Estados Unidos, mas tive um compromisso em um local bem mais longe, em Colombo, no Sri Lanka. Como viajei, não pude acompanhar o evento nem mesmo pela RedeTV! - que cumprimento por ter exibido essa extraordinária vitória. Ainda bem que V. Exª estava ali para testemunhar a luta e relatar a nós, Senadores, quão belo foi o desempenho do Popó, com essa energia, essa vontade, essa determinação incrível, diante da diversidade e dos clinches, nem sempre legais, que o adversário usou para enfrentá-lo. V. Exª aqui dá um testemunho dessa garra extraordinária de um brasileiro que merece a nossa homenagem. Apoio integralmente o apelo de V. Exª...

(Interrupção do som.)

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ...para que empresas privadas e públicas possam patrociná-lo - talvez a Petrobras ou o Banco do Brasil. Obviamente, tal patrocínio teria o apoio do povo brasileiro na hora em que seguirem a sugestão de V. Exª, a qual aqui abraço e apoio. Meus parabéns também ao Popó. Senador Magno Malta, quem sabe na próxima estejamos juntos ali? Mas falta também completarmos um compromisso que o Popó disse que terá com V. Exª, a Senadora Heloísa Helena e eu próprio para fazermos um dia luvas com o Popó. A Senadora Heloísa Helena, que sabe de muitas lutas, também disse que quer participar.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Aliás, filho de pobre já nasce lutando.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Esse compromisso tenho com V. Exª, o Popó e a Senadora Heloísa Helena. Nós quatro estaremos fazendo luvas um dia desses - quem sabe na primeira visita do Popó a Brasília?

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Quero fazer luvas com V. Exª. Estou preparado. E o Senador Arthur Virgílio, que é faixa preta de jiu-jítsu, também vai estar conosco.

Obrigado pelo seu aparte, Senador Suplicy.

            Quero ainda dizer que o Presidente Lula - neste ponto, temos que louvá-lo - não tinha conhecimento de que Popó não tinha patrocínio e determinou providências ao Ministro do Esporte, Agnelo Queiroz - que é do interior da Bahia, da mesma cidade, como eu. Mas quero fazer um protesto, Senador Gilvam: 90% das verbas do Ministério do Esporte, com Agnelo, ficaram em Brasília - nada contra o povo de Brasília - e 10% ele dividiu com o Brasil. Ele não tomou conhecimento...

(Interrupção do som.)

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - ... ele usou a imagem de Popó, por três vezes, para fazer coletiva, prometendo a Popó patrocínio, o qual nunca se deu. E presenciei uma fala do Presidente Lula com ele, determinando - ele não sabia -, não tão-somente para Popó, mas também para Sertão, que é um outro brasileiro, de Cruz das Almas, na Bahia, campeão mundial dos penas - é que baiano não nasce; estréia! O Brasil tem dois campeões mundiais de boxe. E Sertão luta dia 13, agora, Senador Arthur Virgílio, fazendo a defesa do seu título, em Boston, nos Estados Unidos.

Fico impressionado, porque foi criado um centro de treinamento de boxe em Manaus, e o Ministro Agnelo trouxe professores cubanos para cá. Com tantos professores aqui... Os irmãos de Popó mesmo são todos professores. E eles nem sabem disso! Cito também o Sevílio, ali em São Caetano, no Estado de São Paulo, que é amigo do Senador Suplicy. Estamos cheios de professores, e ninguém sabe disso. O Ministro foi buscar professores em Cuba, não sei com que interesse. Nós respeitamos os técnicos cubanos, respeitamos a influência de Cuba no boxe brasileiro, mas, infelizmente, o Agnelo não está mais no Ministério para poder se defender. Eu precisava falar isso porque presenciei uma fala do Presidente dando ordens a ele, que foi se embora como se nada acontecesse, como se não tivesse interesse.

Foi montado aqui em Brasília um centro de treinamento de boxe. Eu soube que esse ele ajudou, porque está em Brasília. Tenho todo o respeito pelo povo de Brasília, mas estou falando de uma questão nacional.

O Sertão não tem patrocínio, Senador. Peço a V. Exª, que é de São Paulo, que ajude a conseguir um patrocínio para o Sertão. Ele é campeão mundial dos...

O SR. PRESIDENTE (João Batista Motta. PSDB - ES) - Senador Magno Malta, eu gostaria de contar com sua colaboração, pois já prorroguei por cinco vezes e está aqui querendo falar o Senador Amir Lando, que está inscrito e pode perder o avião.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mas também apóio...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Já encerro.

Com a palavra o Senador Arthur Virgílio e depois a Senadora Heloísa Helena.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Serei muito breve, Senador Magno Malta. Eu até gostaria de ter ido com V. Exª para assistir à luta do nosso Popó, mas eu tinha um evento, que é o Jungle Fight, organizado pelo Wallid Ismail, na minha terra. É um evento de artes marciais misturadas, o mixed martial arts, que já ganha renome internacional, pois é transmitido para 65 países. Sou também amigo e admirador do Popó. Vejo nele um dos maiores pugilistas, ressalvada a diferença de peso, da atualidade. É pegador - tem uma pegada acima do peso dele - e, ao mesmo tempo, alguém experiente, que não joga tudo mais no ímpeto, como antigamente. Para alguns dá a impressão até de decadência; para outros, mais enfronhados na arte do boxe, dá exatamente a idéia do homem maduro, que não gasta a energia à toa, que sabe exatamente a hora de tentar o nocaute, embora tente o tempo todo, e sabe quando é que luta para conquistar aqueles pontos essenciais para lhe garantirem os sucessivos títulos que tem obtido. Ele é um campeão. E V. Exª lembrou a tempo do Sertão, de quem eu iria falar. Teve uma vida difícil como a de Popó, menino pobre, menino lutador, que tem toda aquela fibra do brasileiro. E o Brasil não é uma escola de boxe; Cuba é uma escola de boxe, assim como a Argentina e o México, escolas fantásticas. Trinidad e Tobago, aquele pequeno país, é uma escola de boxe fantástica; o Brasil, não. O Brasil tem uma tradição no jiu-jitsu, o melhor do mundo, e é uma potência em judô. O Brasil é, enfim, imbatível nas artes marciais misturadas. Agora é que ele começa a se destacar, depois de Éder Jofre, depois de...

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Servílio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Mas tem um outro campeão. Hoje ele é treinador... Meu Deus, é um pecado não me lembrar do seu nome. Mas o Brasil me parece agora estar realmente começando a forjar campeões, incentivando de baixo para cima. Devo dizer até que estou com saudade da coluna do Eduardo Ohata, da Folha de S.Paulo.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - O Ohata estava lá.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Parou de escrever... Não sei onde ele está escrevendo... Eu sinto muita falta dele.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Não, ele está na Folha. Ele estava na luta de Popó.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Não está na Folha, porque ele escrevia às sextas...

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - As matérias foram feitas por ele.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Deve estar com algum site, alguma coisa. Eu gostaria até de saber...

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Quero parabenizar também o Estadão e a Folha. Os dois jornais estavam lá.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Estavam lá. Está bem! Muito obrigado e parabéns por lembrar esse herói brasileiro.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Um aparte à Senadora Heloísa Helena, bem rapidinho. Para eu encerrar, Senador Motta.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Não entendo de luta o suficiente. Para mim, fica difícil fazer um aparte quando ficam vocês três dialogando sobre ganchos e outras coisas mais. Apenas quero saudar o menino do povo chamado Popó. Eu sei que ele chegou aonde chegou por bênção de Deus e também porque a vida, enigmática, acabou abrindo uma brecha para que ele passasse, até porque Deus ama poderosa e igualmente todas as suas crianças e seus jovens e, portanto, não escolheria apenas uma ou outra. Mas eu espero que ele possa fazer o melhor com o que Deus e a resistência pessoal lhe deram. Há um livro muito bonito que eu acho que todas as pessoas deveriam ler: Menina de Ouro. Uma das histórias do livro virou o filme Menina de Ouro. Esse livro traz histórias melancólicas, tristes, do mundo do boxe. O autor, F. X. Toole, um senhor com setenta e dois anos, até resistiu ao filme, porque não queria que Hollywood o fizesse. Ele não queria autorizar Hollywood, com todo show e espetáculo, a usar uma de suas histórias, tão tristes, melancólicas, de tantas vitórias e derrotas, sobre o mundo do boxe. Esse livro, Menina de Ouro, que traz a história que inspirou o filme, tem uma passagem em que uma das pessoas dizia que cada ser humano tem um número de lutas dentro de si e que, como nunca sabemos qual foi a primeira e nem qual será a última, por via das dúvidas, devemos nos proteger sempre. Então, espero que se proteja sempre o nosso querido Popó, o menino do povo, um guerreiro, um lutador, abençoado por Deus. Queríamos nós que todas as crianças pudessem ter a chance de ser um boxeador, como o Sertão e como o Popó. Imaginem se os filhos do povo pudessem escolher entre ser um cientista ou um campeão mundial, se a vida possibilitasse que nossas crianças e nossos jovens, ao invés de estarem vendendo o corpinho por R$1,99 ou sendo arrastados para o narcotráfico e para a marginalidade como último refúgio, pudessem ser os campões mundiais do boxe do futuro, um cientista brilhante ou tudo aquilo que todas as crianças e jovens podem ser. Portanto, quero parabenizar o pronunciamento de V. Exª, abraçar carinhosamente o nosso querido Popó e desejar que ele se proteja sempre.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado.

Senador João Batista Motta, incorporo todos os apartes ao meu pronunciamento.

Aquela foi uma noite do Brasil. Naquela noite lutou Luciano Olho de Tigre, de Salvador, um menino da Assembléia de Deus, que venceu o americano por nocaute. Depois lutou Binho de Jesus, um capixaba, menino da minha instituição, Senador Motta. Ele tem 47 lutas como amador e 7 como profissional. Na sua primeira luta nos Estados Unidos, venceu por nocaute no segundo round.

Na minha instituição, tenho a Academia Popó Mão de Pedra, cheia de crianças treinando para o futuro, de pequenos campeões, que em breve estarão dando muitas alegrias para todos nós.

Popó, um beijo para você, para a Eliana, para a Dona Zuleica, para toda a família. Você é o nosso orgulho, campeão!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2006 - Página 14659