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DISCURSO PROFERIDO PELO SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO NA SESSÃO DO DIA 04 DE MAIO DE 2006, QUE, RETIRADO PARA REVISÃO PELO ORADOR, ORA SE PUBLICA.

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O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Comunico aos Senadores inscritos que o encerramento da sessão se dará após a fala desses quatro oradores inscritos: Senadora Heloísa Helena, Senador Arthur Virgílio, Senador Eduardo Suplicy e Senador Gilvam Borges.

Vai inverter? Então, concedo a palavra ao Senador Arthur Virgílio. V. Exª dispõe de 5 minutos.

Prorrogo a sessão por mais 25 minutos.

            V. Exª tem a palavra, Senador Arthur Virgílio.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acabo de apresentar à Comissão de Relações Exteriores requerimento acrescentando o nome do Embaixador brasileiro em La Paz Antonino Mena Gonçalves*, para prestar esclarecimentos aos Senadores sobre o que viu nesse episódio do confisco de bens brasileiros em La Paz.

Vou procurar ser telegráfico, para obedecer à determinação da Mesa de falar em apenas 5 minutos. Registro o fim melancólico da Conferência de Iguazú. O Presidente Lula se ampara em Chávez e em Néstor Kirschner* - não sei para que os dois estarem lá -, e, ao contrário de endurecer o seu diálogo político com a Bolívia e defender o interesse brasileiro, o que é dever dele, diz que vai ajudar a Bolívia, pensando ele que ajudar a Bolívia é ajudar as trapalhadas do Presidente Evo Morales. Não é.

O Líder, hoje, da América do Sul, por mais que isso seja obscuro, é o Sr. Chávez. Quem reconhece isso é a revista Time, que coloca Lula fora dos 100 mais relevantes personagens do mundo.

Mas vejo, Sr. Presidente, uma grande contradição entre o que anuncia o Presidente da Petrobras, Dr. Gabrielli, que diz que vai endurecer, deixando de investir na Bolívia até isso se resolver, e, desautorizando a Petrobrás, Lula diz que não, que vamos continuar investindo.

Vou pedir a V. Exª que faça constar dos Anais da Casa matéria da revista Veja on-line, em que o venezuelano Chávez mostra apoio total à Bolívia, diz que é amigo de Lula, que pensa que existe amizade em política externa. Não existe. Friamente, o que existe é o interesse de cada nação. Cada um defenda o seu com tranqüilidade, com luta, com força, com fé! Chávez joga o tempo inteiro para enfraquecer a liderança de Lula, e Lula, tanto quanto no caso da corrupção, parece que não sabe de nada.

Do mesmo jeito, peço que seja incluída nos Anais matéria da Folha On-line, que diz: “Bolívia pede explicações ao Brasil sobre ingresso de policiais no país”. A situação está mais quente.

Solicito ainda que conste dos Anais o inteiro teor desse pronunciamento, Sr. Presidente, passo a resumir-lo para V. Exª.

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - V. Exª será atendido conforme o Regimento, para que essas matéria possam constar dos Anais.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado.

Quando o Presidente Lula fala em integração, é de se perguntar: que integração ele quer?

À la Chávez?

Á la Morales?

À la Lula? Que integração é essa? Ele está perdendo o Uruguai no Mercosul.

Morales está arrogante, diz que a nacionalização é uma decisão soberana, mas, se ele não pagar pelo que nacionalizou, aí é confisco, é expropriação. Todavia, se uma Corte como a de Haia for acionada, vai ficar bem patente algo simples: a Bolívia não tem dinheiro para pagar a dinheirama toda que a Petrobras investiu lá. Ele está excluindo a Bolívia do cenário internacional, marginalizando-a do mundo atual, porque não há quem tenha coragem de investir num país que mostra esse nível de insegurança em relação a cumprimento de contratos.

Vejo o Embaixador Rubens Ricupero, grande homem público, brasileiro, indignado, chamando tudo isso de despropósito. Mas não sei como o Presidente Lula, tão vaidoso, tão cioso de uma suposta liderança subcontinental, aceita esse papel subalterno em relação a Chávez.

Vejo que o correto é se trazer o Embaixador Antonino Mena Gonçalves para cá, deixando lá um encarregado de negócios ad interim. Não se mandaria para lá logo o novo Embaixador Frederico Araújo - os dois são competentíssimos -, para mostrar ao Governo boliviano a nossa insatisfação. Mais ainda: jogar duramente, ameaçar com sanções econômicas, ameaçar com a ida à Corte de Haia, a uma corte arbitral de Nova York, como sugerido pelo Presidente da Petrobras, Dr. Gabrielli.

            Sr. Presidente, eu gostaria de pedir ainda que a coluna, de hoje, de Miriam Leitão, intitulada “É o cúmulo”, seja também inserida nos Anais, juntamente com esse discurso e com a matéria do Caderno Econômico, de Jander Ramon e Tânia Monteiro, que diz: “Ao chegar ao encontro, Chávez fala sobre integração do continente”.

Encerro, dizendo que o noticiário on-line do jornal El Clarín, de Buenos Aires, dá uma idéia da submissão a que se prestou o Presidente Lula. Ele foi buscar lã e saiu tosquiado. Esperava que Chávez para ali fosse como tutor da Bolívia, mas nada disso aconteceu. Pensou que iria para aliviar tensões. Ao contrário, Lula levou uma verdadeira pancada na moleira, tendo sido obrigado a ouvir o venezuelano chamar a Petrobras de chantagista. Foi o que ouviu do Sr. Chaves: que a Petrobras era uma empresa chantagista.

            Há um noticiário no jornal argentino que não deixa dúvidas em relação a esse grande vexame internacional do Presidente Lula. E peço também que vá para os Anais da Casa. “No último momiento los presidentes interrompieram o debate em la cupula del gas.” Os presidentes interromperam o debate na cúpula do gás. Um fim melancólico para tratativas que revelam a falta de liderança e de comando de um Presidente que mostrou que tem canela de vidro e queixo de vidro - já que falávamos de Popó há pouco -, para enfrentar uma crise de grande monta. Amarelou, é a verdade. Não revelou a segurança de que o Brasil careceria para olhar em Sua Excelência a figura de um Presidente da República capaz de mostrar que defende os interesses dos brasileiros. Ele parece mais preocupado em, de maneira sindical, justificar a Bolívia, ao invés de firmemente defender o interesse do povo que o elegeu. É a poupança do povo brasileiro que está enfiada sem futuro na Bolívia.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

-“Venezuelano mostra ‘apoio total’ à Bolívia”, Veja on-line.

- Bolívia pede explicações ao Brasil sobre ingresso de policiais no país”, Folha Online.

- É o cúmulo”, da jornalista Miriam Leitão.

- Do noticiário El Clarín sobre a submissão a que se prestou o Presidente Lula”

-“Terminou a reunião dos Presidentes em Iguazú”

- “Ao chegar ao encontro, Chávez fala sobre a integração do continente”, do jornal Estadão.

- AGÊNCIA ESTADO:

“16:27 - Lula: Vamos trabalhar juntos para melhorar situação da Bolívia”

“16:25 - Lula: Abastecimento foi garantido; preços serão discutidos”

“16:24 - Lula: Brasil e Bolívia discutirão pendências bilateralmente”

“16:21 - Morales agradece solidariedade de Lula, Kirchner e Chávez”

“16:17 - Presidentes falam sobre reunião que discutiu gás boliviano”

“16:07 - Amorim: Conversa entre presidentes foi boa mas não está concluída”

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