Discurso durante a 55ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A mobilização dos produtores em razão da crise por que passa a agricultura nacional.

Autor
Juvêncio da Fonseca (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Juvêncio Cesar da Fonseca
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA. POLITICA EXTERNA. REFORMA AGRARIA.:
  • A mobilização dos produtores em razão da crise por que passa a agricultura nacional.
Publicação
Publicação no DSF de 11/05/2006 - Página 15901
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA. POLITICA EXTERNA. REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, MELHORIA, SITUAÇÃO, AGRICULTURA, REGISTRO, MOBILIZAÇÃO, PRODUTOR, INTERESSE NACIONAL, PARALISAÇÃO, ATIVIDADE AGRICOLA, BLOQUEIO, RODOVIA, ADESÃO, COMERCIANTE, POPULAÇÃO, APREENSÃO, RISCOS, ECONOMIA NACIONAL.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, DIRETRIZ, IDEOLOGIA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, VENEZUELA, OMISSÃO, GOVERNO BRASILEIRO, DESAPROPRIAÇÃO, INSTALAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), QUESTIONAMENTO, PARCERIA, BRASIL.
  • PROTESTO, APOIO, GOVERNO FEDERAL, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, ADVERSARIO, AGRICULTURA, EXPORTAÇÃO, AMEAÇA, ECONOMIA NACIONAL.

O SR. JUVÊNCIO DA FONSECA (PSDB - MS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os minutos são poucos, mas necessários para dizer ao povo brasileiro que, quando o campo vai bem, a cidade vai bem. É um adágio popular. O povo assim se expressa na sua sabedoria.

Na verdade, quando o campo vai bem, a cidade vai bem e, quando o campo vai bem, vai bem o PIB, vai bem a balança comercial, vai bem o emprego, vai bem a renda, vai bem a Nação brasileira. No entanto, Senadora Iris de Araújo, passamos por um momento em que o campo vai mal, muito mal! E não cabe mais, desta tribuna, analisar todos os itens dessa dificuldade por que passam os homens do campo. Isso já foi sobejamente dito. O importante que está acontecendo é a mobilização nacional. Os produtores estão se mobilizando, inclusive fazendo aquilo que têm feito conosco para destruir o agronegócio, paralisando as estradas, como faz o MST: “Não fazemos saques, não cometemos delitos, mas paralisamos algumas atividades hoje, neste País, com a adesão da população, com a adesão dos comerciantes, com a adesão dos prestadores de serviço, com a adesão dos industriais, para que possamos chamar a atenção da Nação para o que vem acontecendo de grave nesse setor, que vai fazer com que a Nação entre em colapso rapidamente”.

Senadora Iris de Araújo, digo que não vamos apenas analisar as grandes dificuldades por que passa o campo. Não é apenas isso. Estou profundamente preocupado - profundamente preocupado! - com a amizade do Presidente Lula com Hugo Chávez, da Venezuela, e com Morales, da Bolívia. É um tripé com os mesmos propósitos ideológicos. Chávez já domina a América Latina, é a grande liderança. Faz-se presente, inclusive, na Bolívia, mostrando à América Latina que nosso Presidente Lula não desempenha liderança. E, na Bolívia, praticamente já perdemos a Petrobras; na Bolívia, já houve o ato de desapropriação das terras particulares. Ora, se chegou até à desapropriação de terras particulares, imaginem os senhores o caos que encontraremos no território brasileiro!

Pelo que observo, nosso Presidente é complacente, para não dizer que há uma omissão completa e total, uma omissão culposa, uma omissão propositada diante desses atos, o que demonstra que tanto Morales quanto Chávez não são verdadeiramente nossos parceiros. Temos simpatia pelo povo boliviano, temos simpatia pelo povo venezuelano, mas não temos simpatia pelas práticas políticas realizadas pelas lideranças desses dois países na América Latina.

Observem V. Exªs que, no Brasil, apesar de não termos um Presidente tresloucado como Hugo Chávez, há uma complacência. Stédile, o Líder do MST, Movimento que é a “menina dos olhos” do Presidente Lula, já disse: “O problema nosso não é mais a reforma agrária; o problema nosso é o agronegócio”.

O agronegócio é a alma econômica, a alma política, a alma democrática deste País. É o que nos sustenta, o que nos dá o pão de cada dia, o que nos dá emprego e o que nos dá a tranqüilidade de, cada vez mais, fazer crescer o resultado de nossa balança comercial internacional.

No entanto, as lideranças da terra, comandadas pelo MST, como o Sr. Stédile, não falam mais em reforma agrária, mas em destruição do agronegócio. Imaginem V. Exªs se essa doutrina ou se esse propósito cresce neste País! Se as lideranças assumem a doutrina do MST, veremos que o agronegócio destruído levará o País à pobreza, a mais desemprego, ao caos, porque, hoje, se há sustentação neste País, ela se deve ao agronegócio.

Independentemente de existir, por meio do Governo Federal, qualquer programa, qualquer política agrícola ou qualquer política de desenvolvimento para o País, são os empresários, do campo e da cidade, que, com seus investimentos corajosos e com suas apostas nos negócios, seja na indústria, seja no comércio, seja no campo, fazem com que esta Nação permaneça de pé e com que se dê esperança aos brasileiros. Destruindo-se o agronegócio, destrói-se a indústria, destrói-se o comércio, destrói-se o povo brasileiro com todas as suas esperanças.

Sr. Presidente, eu me preparei para falar por cinco minutos e vejo que V. Exª está sendo condescendente comigo. Agradeço-lhe essa condescendência.

Digo a V. Exª que eu gostaria que todo o tempo que me resta pudesse ser utilizado para ouvir a população falar em um microfone em nível nacional, de forma ampla, forte; para ouvir a voz do campo, essa voz que está desesperada, essa voz que não se conforma com o abandono do brasileiro por falta de uma política agrícola e de uma política de desenvolvimento; para ouvir essa voz que está angustiada, porque está vendo a pobreza bater à porta do brasileiro, aprofundando nossos problemas sociais, aprofundando a dor do brasileiro, que já vive sem recursos. Este microfone deveria estar à disposição de todo esse povo que labuta no campo, para dizer o quanto é difícil produzir o alimento do povo quando um Governo como este que aí está trabalha contra a produção desse mesmo alimento.

Sr. Presidente, agradeço-lhe a complacência.

Deus queira que, com a mobilização que o campo está promovendo em todo o País - no dia 16, haverá uma audiência, marcada com quase duas dezenas de Governadores e com o Presidente Lula -, o Presidente se sensibilize não só com o problema do homem do campo, mas com o problema do Brasil, da nossa economia, e faça com que se reverta esse quadro de tanta pobreza que estamos verificando na área dos produtores das nossas riquezas do campo!

Se o campo vai bem, a cidade vai bem. Que Deus nos dê esperança de fazer com que o campo levante nossa auto-estima e faça com o Brasil encontre seu devido lugar no Conselho das Nações Unidas!

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/05/2006 - Página 15901