Discurso durante a 54ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da adesão do Brasil ao Protocolo de Madri.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Defesa da adesão do Brasil ao Protocolo de Madri.
Publicação
Publicação no DSF de 10/05/2006 - Página 15666
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • APRESENTAÇÃO, DADOS, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), AUMENTO, EXPORTAÇÃO, PAIS, COMENTARIO, DIFICULDADE, EMPRESA, REGISTRO, MARCA DE COMERCIO, MERCADO EXTERNO, OCORRENCIA, DEMORA, BUROCRACIA, AMPLIAÇÃO, CUSTO, FIXAÇÃO, MARCA, EXTERIOR.
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO BRASILEIRO, ADESÃO, BRASIL, PROTOCOLO, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA, FACILITAÇÃO, EMPRESA, REGISTRO, MARCA DE COMERCIO, MERCADO EXTERNO, MERCADO INTERNO, COMBATE, FRAUDE, REDUÇÃO, CUSTO, EXPORTADOR, ELIMINAÇÃO, BUROCRACIA.
  • COMENTARIO, POSIÇÃO, FEDERAÇÃO DAS INDUSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP), AGENCIA NACIONAL, PROMOÇÃO, EXPORTAÇÃO, ESPECIALISTA, COMERCIO EXTERIOR, EMISSORA, TELEVISÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), EMPRESA, COSMETICOS, APOIO, ADESÃO, BRASIL, PROTOCOLO, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sªs e Srs. Senadores, em Tempos De Copa Do Mundo, Chamou-Me A Atenção Uma Propaganda Veiculada Na Televisão Que Mostra O Ídolo Argentino Do Futebol Diego Maradona Bebendo Uma Marca De Refrigerante Brasileiro. No Comercial, Maradona Parece Estar Tendo Um Pesadelo: O De Jogar Com A Camisa Do Brasil. Subitamente, O Argentino Desperta Do Sono E Justifica, Esbaforido: “Caramba, Estoy Tomando Mucho Guaraná Antarctica”.

À parte o bom humor e a criatividade da publicidade nacional, uma das melhores do mundo, Maradona não está sozinho. O mundo inteiro está tomando mucho guaraná. O sucesso do refrigerante 100% verde-amarelo é apenas um exemplo, entre muitos, da conquista de mercado no exterior pelos produtos brasileiros. Nossas exportações têm tido desempenho invejável e atingiram, ao final do ano passado, a cifra de 118 bilhões de dólares. Este ano, a estimativa do Ministério do Desenvolvimento é que alcancem o patamar de 132 bilhões de dólares.

São 16,5 mil empresas que levam produtos nacionais e suas marcas aos quatro cantos do mundo e representam 17% do Produto Interno Bruto. Contudo, esse considerável vigor esbarra em problemas de toda sorte. Um dos mais complicados, que me motiva a vir à tribuna no dia de hoje, é a dificuldade de registrar as marcas brasileiras nos mercados mundiais.

O empresário que tenta conquistar espaço no exterior sabe bem do que estou falando. Cada consumidor, cada mercado, é diferente e tem suas próprias características. A legislação varia bastante de país para país: é praticamente inviável fazer o registro de uma marca em determinadas regiões. Especialistas calculam que custa em média entre US$1 mil e US$2 mil para fixar uma marca no exterior. Em geral, a proteção deve ser feita para mais de uma marca, o que amplia essa conta em milhares de dólares. A burocracia é gigantesca e demorada: exige a apresentação de documentos em vários idiomas e procedimentos variados.

O resultado é que apenas as grandes empresas têm fôlego para registrar com segurança suas marcas no mercado externo. Os pequenos e médios empreendedores, que a duras penas conseguem desenvolver produtos com qualidade internacional, muitas vezes não conseguem transpassar essa barreira, o que inviabiliza seus negócios no exterior.

Para contornar esse problema, existe uma solução: a adesão do Brasil ao Protocolo de Madri. Esse documento é um acordo firmado entre 78 países do mundo que facilita sobejamente o registro de marcas em todas as nações signatárias. A cada dia, novos membros ingressam no Protocolo, que é um sistema muito mais eficiente e econômico de proteger marcas, patentes e a propriedade da inovação.

Pelo Protocolo de Madri, o processo de obtenção de uma marca é simplificado, feito em um único idioma e perante um único órgão de proteção à propriedade intelectual. Em poucos procedimentos burocráticos e com baixo custo, a marca está registrada automaticamente nos 78 países signatários, reduzindo em mais de dez vezes o custo de registro para o exportador.

Por esta razão já assinaram o Protocolo todos os Países da Europa, os Estados Unidos, a China, o Japão, África do Sul, Cuba e muitos outros. Em nosso País, entidades como a Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Agência Nacional de Promoção às Exportações (Apex) e especialistas em comércio exterior, como o ex-presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), José Graça Aranha, que hoje está na Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) manifestaram-se favoravelmente à adesão do Brasil ao Protocolo .

Os principais interessados, os empresários, defendem a adesão do Brasil ao Protocolo. A Rede Globo de Televisão e a rede de cosméticos O Boticário, que distribuem seus produtos em diversos países, já se manifestaram favoravelmente à proposta. Hoje, o desenhista Maurício de Souza gasta perto de 3% do faturamento de suas empresas na defesa de direitos autorais, marcas e patentes. Sua Turma da Mônica é lida em 30 países. Se o Brasil fosse signatário do Protocolo de Madri, outras crianças do mundo poderiam ter o privilégio de ler e se divertir com as aventuras da Mônica, do Cebolinha, da Magali e de outros personagens, o que levaria a cultura brasileira aos mais longíquos cantos do mundo.

A adesão ao Protocolo de Madri facilitaria a vida das empresas brasileiras até mesmo no território nacional. Atualmente, o INPI leva 40 meses para conceder um registro de marca no Brasil. É o mais lento serviço de proteção à propriedade intelectual da América Latina. No Peru, no Chile, no Paraguai e no México, uma marca é registrada em seis meses. Com a entrada do Brasil no acordo, teríamos de nos adequar aos padrões internacionais, poupando tempo e dinheiro de nossos empresários. Pelo sistema de Madri, o exame de mérito de uma marca não pode levar mais do que o prazo limite de 18 meses.

Srªs e Srs. Senadores, é chegada a hora de eliminar a burocracia não só aqui no Brasil, mas também no exterior. O desenvolvimento de nossos negócios exige que o País cumpra essa etapa. A assinatura do Protocolo de Madri também facilitaria o combate à pirataria, outra chaga que pulveriza lucros e empregos no Brasil e no mundo. Com o registro mais ágil de marcas, haverá menos espaço para oportunistas que, ao aferroar a propriedade intelectual, aproveitam-se do engenho e da inovação que tanto custaram aos verdadeiros criadores. O Governo brasileiro precisa estar ciente que este passo não exige muito custo para ser dado. O Brasil precisa aderir ao Protocolo de Madri já!

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/05/2006 - Página 15666