Discurso durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A problemática da exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil .

Autor
Augusto Botelho (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. TURISMO.:
  • A problemática da exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil .
Publicação
Publicação no DSF de 12/05/2006 - Página 16187
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. TURISMO.
Indexação
  • APOIO, DISCURSO, SENADOR, ANALISE, SITUAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, RESTRIÇÃO, EXPLORAÇÃO, TERRITORIO, DESTINAÇÃO, RESERVA ECOLOGICA.
  • GRAVIDADE, SITUAÇÃO, EXPLORAÇÃO SEXUAL, CRIANÇA, ADOLESCENTE, REGIÃO NORDESTE, TURISTA, PAIS ESTRANGEIRO, EVOLUÇÃO, TECNOLOGIA, FACILITAÇÃO, ATUAÇÃO, CRIMINOSO, NACIONALIDADE ESTRANGEIRA, PARCERIA, AGENCIA DE TURISMO, HOTEL, RESTAURANTE, CASA NOTURNA, MOTORISTA, TAXI.
  • REGISTRO, CAMPANHA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), COMBATE, EXPLORAÇÃO SEXUAL, CRIANÇA, ADOLESCENTE, CARNAVAL, RESULTADO, DENUNCIA, SECRETARIA ESPECIAL, DIREITOS HUMANOS, PRESIDENCIA, ENCAMINHAMENTO, ENTIDADE, DEFESA, PROTEÇÃO, MENOR.
  • COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, BRASIL, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO (OMT), LIDER, COMBATE, EXPLORAÇÃO SEXUAL, CRIANÇA, ADOLESCENTE, AMERICA LATINA, REGISTRO, PARCERIA, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), SECRETARIA, ESTADOS, DIREITOS HUMANOS, DEPARTAMENTO, MENOR, ORGÃO PUBLICO, CRIAÇÃO, CODIGO, CONDUTA, TURISMO, IMPORTANCIA, LUTA, PROBLEMA.
  • NECESSIDADE, ASSISTENCIA PSICOLOGICA, MENOR, VITIMA, EXPLORAÇÃO SEXUAL, IMPORTANCIA, CUMPRIMENTO, ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, ELOGIO, ATUAÇÃO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, OBJETIVO, GARANTIA, DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS, CRIANÇA, ADOLESCENTE.
  • IMPORTANCIA, CONTINUAÇÃO, APARELHAMENTO, POLICIA FEDERAL, COMBATE, EXPLORAÇÃO SEXUAL, CRIANÇA, INTERNET, NECESSIDADE, ENGAJAMENTO, SOCIEDADE CIVIL, EXPECTATIVA, ORADOR, RECUPERAÇÃO, INFANCIA.

O SR. AUGUSTO BOTELHO (PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

Inicialmente, gostaria de fazer uma referência ao discurso do Senador Gilberto Mestrinho, que incita ao nacionalismo. Nós, da Amazônia, somos nacionalistas, queremos defender a nossa Pátria. Discordamos da forma como estão restringindo, cada vez mais, a presença do homem na Amazônia e seu trabalho. Como ficou claramente demonstrado pelo Senador, no Estado de S. Exª sobrarão apenas 10% para exploração comercial pelos habitantes da Amazônia. No meu Estado também, fizemos a conta e ficam sobrando apenas 6% para exploração. Mas com esses 6%, vamos ficar lá, não vamos sair e não vamos deixar que nos tomem a Amazônia, nos tomem Roraima.

Sr. Presidente Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, a exploração sexual de crianças e adolescentes figura entre os mais dramáticos problemas brasileiros do nosso tempo e deve sofrer o combate encarniçado e ininterrupto do Estado.

Mais do que em qualquer outro momento da história humana, o avanço da técnica tem facilitado a organização da criminalidade internacional, por conta do surgimento de ferramentas novas como a Internet, da profusão de telefones celulares e do barateamento do transporte internacional de turistas, entre outros motivos.

Em regiões como o Nordeste, o problema da prostituição infanto-juvenil tem preocupado sobremaneira as autoridades. Essa prática, embora abjeta e condenada socialmente, tem-se difundido por meio da ação de profissionais inescrupulosos de agências de viagens, de hotéis e resorts, de restaurantes e casas noturnas, bem como por taxistas e donos de pousadas - existe muita gente séria trabalhando nessa área.

Por isso, o Governo brasileiro tem-se empenhado em fomentar a responsabilidade social corporativa, estimulando empresas e empresários a colaborar na luta contra o turismo sexual, impedindo, por exemplo, o ingresso de crianças e de adolescentes, acompanhados por adultos, em quartos da rede hoteleira, exceto mediante prova de parentesco.

Sr. Presidente Tião Viana, no Carnaval de 2006, o Ministério do Turismo lançou a campanha “Unidos contra a exploração sexual de crianças e adolescentes - entre para esse bloco.” em cidades como Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e Florianópolis, para minorar o problema pela conscientização dos cidadãos. Ainda no ano corrente, o disque-denúncia da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República recebeu quase 25 mil atendimentos, dos quais 317 denúncias de abuso diárias, entre 21 e 28 de fevereiro. Após cuidadosa análise, as denúncias de violência sexual contra menores são encaminhadas aos órgãos de defesa e proteção dos menores.

O Brasil integra, atualmente, um comitê executivo da Organização Mundial do Turismo (OMT) e vem liderando as iniciativas de repressão à exploração sexual de crianças e adolescentes na América Latina.

Em 2001, o Ministério da Justiça, a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e o Departamento da Criança e do Adolescente estabeleceram, com o auxílio de inúmeros outros atores públicos e não-governamentais, o Código de Conduta do Turismo contra a Exploração Infanto-Juvenil, uma útil ferramenta para conscientizar a sociedade civil e o empresariado da importância e da grandeza moral do combate a esse grave problema.

Senador Geraldo Mesquita Júnior, como é do conhecimento de todos, em face da violência e da covardia ínsita à exploração sexual de menores, as vítimas passam a sofrer de baixa auto-estima que, não raramente, degenera em quadros depressivos, com traumas e seqüelas psicológicas que, se não forem tratados de modo adequado, acabam perdurando vida afora.

Daí a importância de se apoiar os menores, nos marcos do Estatuto da Criança e do Adolescente, por meio de iniciativas como o “Programa Sentinela”, um conjunto de ações sociais especializadas e multiprofissionais em favor das vítimas da exploração sexual e das suas famílias, tudo com vistas a dar garantias aos direitos fundamentais de crianças e adolescentes, além da elevação de sua auto-estima e do restabelecimento da sua vida familiar e comunitária.

Sr. Presidente Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, o Programa Sentinela contava, em 2004, com 336 centros de referência, em 315 Municípios, período em que lhe foi destinado um orçamento de R$24,3 milhões.

Todas essas medidas governamentais são louváveis, porém é preciso aprofundar as políticas públicas de combate à violência sexual infanto-juvenil, inclusive pelo aparelhamento contínuo da Polícia Federal, que vem exercendo um papel importante na repressão às redes de pedofilia na Internet, organizadas por criminosos que merecem - e que serão - ser alcançados pela longa manus do Estado brasileiro, para pagar pelo abominável crime que cometem.

A sociedade e as autoridades públicas, bem como os profissionais do turismo, Senador Leonel Pavan, devem lutar pela máxima abrangência nas ações coercitivas e também pela causa da conscientização, uma vez que a exploração comercial de menores já se faz presente em quase mil cidades brasileiras, segundo pesquisa recentemente divulgada pela Secretaria de Direitos Humanos.

Sr. Presidente Tião Viana, a honra e a grandeza de uma nação são também resultantes da qualidade de vida que seus líderes e seu povo oferecem aos cidadãos do amanhã, por meio da proteção resoluta à incolumidade física e psicológica de crianças e adolescentes.

Por isso, eu gostaria de exortar o Plenário desta Casa a se engajar nessa causa suprapartidária, encampando, em todos os Estados federativos, a luta contra a exploração sexual de menores, que é de todos e de cada um entre milhões de seres humanos de bem, que formam o tecido social de nossa Pátria.

Termino minha fala com a expressão de um desejo, a refletir os sonhos e a ingenuidade das crianças que também fomos um dia.

Que as nossas crianças e adolescentes contem sempre com o respeito e a proteção dos adultos e do Estado; que tenham um teto, recursos materiais, escola, merenda, tempo livre e conforto espiritual para viver a plenitude das suas infâncias. Que brinquem, como é próprio dessa etapa primaveril; que corram, joguem e pulem, como é natural dos pequenos. Rogo, porém, que sejam poupados de toda violência contra seus corpos e mentes, para que não se apague nunca a pureza dos sonhos que plantam e das esperanças que cultivam.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/05/2006 - Página 16187