Discurso durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o prejuízo que cidades de Santa Catarina estão sofrendo em razão da crise da Varig. (como Líder)

Autor
Leonel Pavan (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Leonel Arcangelo Pavan
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Considerações sobre o prejuízo que cidades de Santa Catarina estão sofrendo em razão da crise da Varig. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 12/05/2006 - Página 16190
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, A NOTICIA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), COMENTARIO, CRISE, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG), CANCELAMENTO, VOO, PREJUIZO, INDUSTRIA, EXPORTAÇÃO, MUNICIPIOS, PRODUÇÃO INDUSTRIAL, REGIÃO SUL.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Pela Liderança do PSDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, primeiramente quero abordar matéria do jornal A Notícia, que trata do problema da Varig, da falta de vôos na região.

Sr. Presidente, comecei agora. Não são dez minutos?

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - V. Exª tem até sete minutos.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Está bem!

Sr. Presidente, Joinville, Navegantes e Chapecó estão sendo duramente prejudicadas em função do cancelamento dos vôos da Varig. Isso está prejudicando demais Santa Catarina, as nossas indústrias, o nosso comércio, o nosso turismo.

Joinville é uma das cidades que mais produzem no Brasil e é a que mais produz em Santa Catarina. É uma cidade industrial. Para se pegar um avião da Varig naquela cidade é preciso percorrer quase 180 quilômetros.

Quero deixar registrada essa matéria, que foi publicada no jornal A Notícia, de Santa Catarina.

            Sr. Presidente, temos ouvido muitas pessoas falarem que o Brasil vai bem. Deveria ir bem.

            Lê-se em uma reportagem:

             

             Indústria

Empresas de Santa Catarina exportam 8% a menos no mês de abril

As exportações de Santa Catarina, no mês de abril, foram de US$457 milhões, com queda de 8% em relação a março, divulgou nesta quarta-feira a Federação das Indústrias (Fiesc). A queda é menor do que a nacional no mesmo período, que foi de 13,7%, Mas os dados acumulados de Santa Catarina mostram que o setor exportador do Estado está sentindo mais dificuldades na área internacional.

As dificuldades enfrentadas por importantes segmentos exportadores de Santa Catarina estão afetando os resultados da balança comercial do Estado. É o caso da indústria de carnes e do segmento de móveis, com importante participação na economia estadual.

Em função do embargo russo, as vendas de carne suína caíram 41,4%, passando de US$162 milhões, no primeiro quadrimestre de 2005, para apenas US$95 milhões entre janeiro e abril deste ano, trazendo sérias dificuldades às empresas e ao nosso Estado.

Os embarques de carne de frango ainda registram pequena alta (1,6%) nos dados acumulados, mas os problemas enfrentados no mercado internacional pelo segmento, em decorrência da chamada gripe das aves, já fez as vendas de abril (US$64,5 milhões) caírem 9,7% em relação a abril de 2005 (US$71,5 milhões). O cenário tem obrigado as agroindústrias a realizarem ajustes em seus níveis de produção, obrigando inclusive várias empresas a darem férias a funcionários.

O segmento de móveis também enfrenta crise. As exportações acumulam redução de 23,7%, com embarques de US$96,7 milhões entre janeiro e abril [uma queda de 24%].

Segundo outra matéria, as indústrias estão passando por inúmeras dificuldades, estão em um beco sem saída.

Diz a matéria:

 Indústria está em beco sem saída

Depois de investir milhões de dólares na conversão de suas fábricas para o gás natural, o setor industrial se vê num beco sem saída. Adotar outro tipo de insumo, como óleo combustível, significaria um retrocesso e exigiria outros milhões de dólares para converter o sistema. No setor de vidro, cuja participação do gás é de 95%, a substituição do combustível está praticamente afastada.

            Sr. Presidente, estou citando esses dados porque Santa Catarina depende 100% do gás. Esses dados mostram que o País em que vivemos não é aquele de que o Presidente Lula fala por aí. Todos os dias - todos os dias! -, há matérias nos jornais mostrando a queda de crescimento do Brasil. Todos os dias, os jornais - e nós, com base em pesquisas e em dados fornecidos pela Comissão Técnica do Senado - mostram que a exportação está caindo, que há um desespero total por parte das indústrias, que não tem qualquer perspectiva para o futuro.

Eu queria saber qual é o país que o Presidente Lula está governando, sobre o qual há outros números. Qual é o país que o Presidente Lula está governando, cujos dados mostram que o Brasil está crescendo, que há uma evolução social e econômica?

O desemprego está aumentando, as empresas estão falindo, e o Governo não apresenta nenhum programa, nenhuma proposta para solucionar toda essa crise que abala o nosso País.

O País tem baixa taxa de crescimento, uma das mais altas taxas de juros do mundo. Segundo um artigo, o Brasil está inclusive caindo de posição: passa da 51ª para a 52ª. O Brasil está retraindo-se cada vez mais. Ainda ontem eu falava que ele está crescendo como rabo de cavalo: para baixo!

Esses são os dados do nosso País, esses são dados que mostram que não há planejamento deste Governo e que não há transparência nas informações. Aquilo que aparece no “Café com o Presidente”, aquilo que o Presidente Lula fala para a imprensa nacional não condiz com a verdade.

Santa Catarina, o meu Estado, passa por uma crise jamais vista na sua história - e essa crise se estende por todo o País.

Tenho certeza absoluta de que esses dados, esses números vão deixar o Presidente em situação muito difícil nas próximas eleições. Qual é a proposta de governo que Lula vai apresentar à sociedade brasileira? Qual é a proposta de esperança para o País que o Presidente vai fazer nas próximas eleições, se tudo que prometeu não aconteceu? E, pior, encerrando o seu mandato, terminando o seu Governo, o Brasil vem pedindo socorro. São manifestações de toda ordem e em todo lugar: é a agricultura, são as indústrias, é o comércio, é o trabalhador, são os Municípios, são os Estados; todos estão procurando o Governo. São os Governos estaduais pedindo os recursos a que têm direito em função da Lei Kandir. São os Governos municipais que não levam os recursos aprovados com emendas e aprovados no Orçamento. São os trabalhadores e os agricultores que vêem toda essa falácia do Governo ao dizer que tem recursos para solucionar o problema da agricultura, e nada acontece. São as indústrias sendo prejudicadas em função das altas taxas de juros.

(Interrupção do som.)

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Sr. Presidente, peço um tempo para finalizar. (Pausa.)

Obrigado.

Em função da queda do dólar, as empresas têm de demitir e dar férias coletivas; o agronegócio está passando por dificuldades. Eu não sei se existe realmente uma assessoria que passa a verdade para o Presidente. Sua Excelência não deve estar percorrendo o Brasil onde há dificuldades, o Presidente está indo apenas a lugares em que existe uma claque para aplaudi-lo. Certamente, não estão deixando o Presidente ter contato com aqueles que estão realmente passando por dificuldades, que é a maioria do povo brasileiro. É preciso que o Presidente tenha informações mais claras; que o Presidente leia os jornais, os artigos; que o Presidente assista à televisão e que tenha contato com o povo para saber que Brasil Sua Excelência está governando. É um Brasil desesperado, pedindo clemência, para que sejam atendidas todas as áreas, todos os setores comerciais e industriais do nosso País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/05/2006 - Página 16190