O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, fiz questão de usar a palavra no dia de hoje para fazer uma homenagem a quatro lutadores dos trabalhadores que faleceram no Rio Grande, em acidente de carro.

Sr. Presidente, o movimento sindical gaúcho ainda está abalado pela trágica morte de três dirigentes sindicais e um advogado do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas de Alimentação de Santa Maria e região, ocorrido no último dia 11 de maio.

Cipriano da Rocha, Presidente do Sindicato; Clarice Cárdias Rosa, diretora; Reinaldo Quagliato, integrante do conselho fiscal; e Luciano Maia, assessor jurídico, faleceram em acidente automobilístico ocorrido entre os Municípios de Santa Cruz e Venâncio Aires, quando se dirigiam a Porto Alegre para participar, mais uma vez, de uma reunião de negociação de dissídio coletivo de interesse de todos os trabalhadores.

Os dirigentes da Alimentação foram sepultados no dia 12 último em Santa Maria. Lá, foram se despedir centenas de pessoas, entre familiares, sindicalistas do Rio Grande e de outros Estados, trabalhadores da alimentação, de outras categorias, Vereadores, Deputados Estaduais e Federais e o próprio Prefeito de Santa Maria, Valdeci de Oliveira, que decretou luto oficial de três dias na cidade.

Sr. Presidente, a morte desses sindicalistas causou grande comoção no meio sindical e nos movimentos populares do nosso Estado.

Cipriano da Rocha iniciou-se na luta sindical no início da década de 90 como Diretor do Sindicato da Alimentação de Tupanciretã e de Júlio de Castilhos. Em 1995, já trabalhando no Frigorífico Silva, em Santa Maria, integra pela primeira vez a direção do Sindicato da Alimentação de Santa Maria. Posteriormente, na gestão seguinte, atua como diretor de patrimônio da mesma entidade. Em 2002, é eleito presidente do sindicato.

O reconhecimento de sua atuação entre amigos e companheiros de luta vem de um mandato que permitiu ao Sindicato da Alimentação de Santa Maria construir uma relação ampla e profunda com os demais sindicatos e com todos os movimentos sociais, estando sempre junto aos trabalhadores, impulsionando as lutas ampliadas pela unidade da própria classe trabalhadora. Essa atuação deixou marcas nas várias entidades de que participou, como a Coordenação da CUT Regional Centro, o Conselho da Cidadania de Santa Maria, a Comissão Municipal de Emprego, o Banco do Povo e a Coordenação dos Movimentos Sociais. Essas e outras atividades muito orgulharam a caminhada desse lutador, sua família e, com certeza, todo o povo do Rio Grande.

À Srª Kátia da Rocha e ao menino Felipe Martins, filhos queridos do companheiro Cipriano da Rocha, lembro uma frase do grande Carlos Drummond de Andrade: “Não é a morte que chega, mas, sim, o sol”.

Reinaldo Quagliato, 39 anos, participava da Diretoria do Sindicato da Alimentação desde 1998 e, desde aquela época, era funcionário da Raízes/Colônia. Reinaldo foi coordenador da CUT Regional Centro. Era uma referência sindical para os trabalhadores não só em nível regional, mas nacional e internacional, mediante participação ativa nas lutas da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Rio Grande do Sul e da Confederação Nacional da Alimentação Cutista. Em processos de intercâmbio, destacou-se sempre em organizações de trabalhadores da América Latina.

À esposa, Maria do Carmo Quagliato, ao filho Wagner Quagliato, 14 anos, e à filha, Stella Quagliato, 13 anos, também lembro a mesma frase de Carlos Drummond de Andrade. Lembrem sempre: “Não é a morte que chega, mas sim, o sol”.

Sr. Presidente, Clarice Cárdias Rosa era a atual Secretária de Saúde do Sindicato da Alimentação e também atuava no Coletivo de Mulheres e no Coletivo de Formação, ambos da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Rio Grande do Sul. Clarice foi diretora do Sindicato dos Comerciários de Livramento e atualmente funcionária da Pádua/Parati, em Santa Maria.

Ao esposo Vanderlei Rosa, à filha Letícia Cárdias Rosa, 23 anos, e ao filho Lucas Cárdias Rosa, 11 anos, lembro também a frase de Drummond: “Não é a morte que chega, mas sim, o sol”.

            Refiro-me, agora, Sr. Presidente, concluindo, ao advogado Luciano de Barcellos Maia, assessor jurídico do Sindicato há dois anos. Maia se preparava para terminar a pós-graduação na Faculdade de Direito de Santa Maria. Quando não estava estudando, procurava dividir seus horários entre o trabalho no escritório e a ajuda aos projetos da OAB, de forma gratuita. Os projetos que mais o atraíam eram aqueles que buscavam aproximar os advogados da comunidade. Integrava a Ronda da Cidadania, projeto do Judiciário que presta serviços básicos às comunidades carentes.

À sua filha de 9 anos, Juliana Celeprim Maia, lembro também - e que não esqueça - a frase do grande Carlos Drummond de Andrade: “Não é a morte que chega, mas sim, o sol”.

Com esta manifestação, Sr. Presidente, rendo a minha homenagem a esses heróis lutadores que faleceram na luta permanente em defesa dos trabalhadores do campo e da cidade. Marcaram a sua atuação em defesa de todos os assalariados e não somente da sua categoria.

Repito: não foi a morte que chegou, mas o sol. Solidariedade à família e a todos os trabalhadores da alimentação e assalariados do Rio Grande do Sul, pela perda que tivemos.

Era isso, Sr. Presidente.

Muito obrigado.