Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A violência praticada na cidade de Londrina, que fez uma vítima em cada cinco londrinenses nos últimos doze meses, segundo dados do Instituto Londrinense de Pesquisas. (como Líder)

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • A violência praticada na cidade de Londrina, que fez uma vítima em cada cinco londrinenses nos últimos doze meses, segundo dados do Instituto Londrinense de Pesquisas. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 18/05/2006 - Página 17039
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, PESQUISA, AUMENTO, CRIME, MUNICIPIO, LONDRINA (PR), ESTADO DO PARANA (PR), SIMULTANEIDADE, OCORRENCIA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), TERRITORIO NACIONAL, REGISTRO, APREENSÃO, POPULAÇÃO, ATUAÇÃO, CRIME ORGANIZADO, CRITICA, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, IMPUTAÇÃO, PODER PUBLICO, RESPONSABILIDADE, SITUAÇÃO, IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, SOLUÇÃO, PROBLEMA.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Pela Liderança do PDT. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, outro dia, ouvi, por parte do Prefeito de Londrina, Prefeito do PT, que ele não se preocupava muito com a minha candidatura ao governo porque eu tinha um discurso muito centrado na agricultura e não abordava outros temas.

Mas não é por isso que vou abordar um tema sobre Londrina hoje: a violência que se pratica na cidade de Londrina e que faz uma vítima em cada cinco londrinenses - isso, nos últimos doze meses.

Uma pesquisa feita pelo Instituto Paraná Pesquisas revela que, de cada cinco pessoas, uma foi assaltada nos últimos doze meses ou dentro de casa, ou nas ruas. E pior: houve 125 homicídios. Numa cidade de 468 mil habitantes, 88 mil pessoas foram assaltadas nos últimos doze meses. Como encarar esses números sem se estarrecer? Não há uma pessoa que consiga ver normalidade nesses números.

Nos últimos dias, o País foi sacudido pelas notícias do banditismo que se espalhou pelo País, principalmente em São Paulo, onde o crime organizado fez operações que só se via em filmes de terror. Aqui, muitos Senadores já abordaram o assunto - o Senador que acabou de falar estava abordando exatamente este assunto.

Há uma onda de violência, de criminalidade que se espalha pelo País todos os dias, não somente quando o crime organizado agride a sociedade, como fez em São Paulo e em alguns outros Estados, mas, repito, todos os dias.

Uma cidade como Londrina não pode carregar essa estatística absurda, em que uma pessoa é assaltada em cada cinco pessoas. Principalmente no que concerne às mortes: são 11 pessoas assassinadas todos os meses numa cidade, repito, de 468 mil habitantes. É muita coisa, Sr. Presidente, muita coisa!

O pior é que 18% dessas pessoas já foram assaltadas duas vezes; e 20%, três vezes ou mais. Então, se somarmos, 38% das pessoas já foram assaltadas duas, três ou mais vezes. Essa é uma estatística, repito, da cidade de Londrina, no Paraná.

E quando se liga a televisão, ouve-se na propaganda do Governo que se está cuidando da segurança da população, que tudo vai bem, que tudo caminha como se o Paraná fosse o Estado mais seguro do País. Isso até em Londrina, porque eu ouvi, durante a campanha eleitoral, a proposta e a promessa de uma combinação de forças do Governo do Estado com o Governo Municipal. Isso só poderia acontecer se aqueles que ganharam as eleições ganhassem efetivamente a eleição pela conjunção de forças políticas que havia entre PT, entre PMDB; enfim, a soma de esforços seria no sentido de oferecer segurança à população. Mas observamos que isso não aconteceu, Sr. Presidente.

A violência cresce, as pessoas estão amedrontadas, e só 3,5% da população responde que não tem medo de ser assaltada, responde que não tem medo da violência. Não estou falando de nenhuma cidade onde, historicamente, a violência já tomou conta, onde o crime organizado se assentou para fazer um centro de distribuição de drogas etc. Não é isso. Estou falando de Londrina, a capital do café do Paraná, outrora uma cidade muito pacata, que vivia em paz. Hoje, apenas 3,5% das pessoas vivem sem medo de serem assaltadas. Assim, são 96,5% das pessoas que, dentro de casa ou nas ruas, estão amedrontadas.

Exatamente hoje, o Presidente Lula fez um discurso em que disse o seguinte: “O que faltou para o País foi educação”. Mas, se falta ao País educação, ele, que é o Presidente e está tentando sê-lo por mais quatro anos, tem sua parcela de responsabilidade, assim como outros que também o foram no passado.

Concordo com aquela tese que V. Exª já conhece, Senador Roberto Saturnino, da educação integral. Ela tem um efeito muito forte na formação dos conceitos de cidadania e de família. V. Exª já foi do nosso Partido e sabe que, no PDT, a educação em tempo integral é tratada como bandeira.

Pois bem, o Presidente de República reconhece que falta educação para a população e que, por isso, a violência está crescendo. Então, se ele tem responsabilidade, que cumpra sua parte ou, pelo menos, cumpra o que está disposto na Constituição no que se refere à liberação de recursos. E que nós, Senadores, Parlamentares em geral, façamos nossa parte, fiscalizando os Estados que representamos para verificar se estão aplicando o índice, o percentual determinado pela Constituição. No meu Estado, levantamentos indicam que não; nem nos Municípios há o cumprimento do mínimo constitucional.

A responsabilidade é de todos, principalmente dos agentes públicos, principalmente daqueles que ocupam cargos públicos, porque foram eleitos pela população. A população escolheu o Prefeito, o Vereador, o Deputado, o Senador, o Presidente da República, o Governador, para que eles cuidem principalmente da sua segurança, porque essa é, sem nenhuma dúvida, a maior preocupação dos brasileiros.

Citei Londrina como exemplo, mas poderia ter citado qualquer cidade do interior do País ou qualquer capital. Se citasse Curitiba, tenho certeza de que os dados seriam ainda mais alarmantes; se citasse São Paulo, os dados seriam mais espetaculares no sentido negativo, assim como o Rio de Janeiro.

V. Exª conhece muito bem o assunto de que estou falando porque é do Rio de Janeiro e sabe que se todos nós, agentes públicos, cumprirmos a nossa obrigação, do Vereador ao Presidente da República, investindo e exigindo que em cada cidade seja feito o mínimo para que as crianças possam permanecer na sala de aula durante todo o dia, com orientação decente e adequada, recebendo ali os conceitos de cidadania, reduziremos, sim, a criminalidade em nosso País. O exemplo de Londrina poderia ser o de qualquer cidade deste País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/05/2006 - Página 17039